A CASA DE JACÓ [traduzido do Alemão]

“(*) Esse conto é um dos mais populares nas creches, conhecido em Inglês como <The House that Jack Built> (A casa que José construiu), presente no folclore de inúmeros povos. Na Alemanha, circula esse lenga-lenga, variação condensada: as pêras se recusando a cair de determinado pé, o proprietário mandou chamar, sucessivamente, um menino, um cachorro, um graveto, o fogo, a água, um bezerro, um matador e um carrasco para fazerem o serviço. Todos se recusando, o proprietário decide chamar o demônio. O demônio se prepara para levar o carrasco, que se prepara para enforcar o matador. O matador se voluntaria para matar o bezerro, que agora está resolvido a sorver a água. A água pretende apagar o fogo, o fogo queimar o graveto, o graveto espancar o cachorro, o cachorro morder o menino, o menino sacudir a árvore; quando cada um resolve fazer o seu, as pêras consentem em cair.”

“Era uma vez um homem, o homem era bom, o homem se chamava Jacó. O homem Jacó falou: <Eu preciso de uma casa. Eu preciso de uma boa casa. É, eu preciso de uma nova e boa casa.> O homem Jacó construiu uma casa. A nova casa era grande. A nova casa era, também, bonita. Então disse Jacó: <Eu tenho uma nova e boa casa. Minha casa é também bonita. Mas minha linda casa está vazia. Eu preciso de milho.> Jacó compra milho. Ele (Jacó) compra muito milho. O milho estava na casa, que Jacó havia construído. Jacó disse: <Isso é ótimo! Tenho muito milho, um ótimo milho, na minha casa!>

              Era uma vez um rato, o rato era pequeno, mas o rato estava faminto, muito faminto. O pequeno rato disse: <Estou faminto, ah, estou tão faminto! Jacó tem milho em sua nova casa. Eu irei para lá. Eu comerei milho!>.

              O rato foi à casa de Jacó. O rato encontrou o milho. <Bom!>, disse o rato. <Aqui temos milho do bom. Aqui posso comer, então comerei muito. Ah, está uma delícia, muito, muito bom!>.

              O rato estava muito faminto, e comeu muito milho.

              Jacó tinha um gato. O gato era enorme. O gato também estava faminto. O gato disse: <Estou tão faminto, onde tem um ratinho? Comerei um ratinho!>.

              O gato viu o ratinho, aquele que comeu milho na casa de Jacó, e disse: <Ah! ali está um belo dum ratinho. Comerei o rato.> O gato capturou o rato, e o rato disse: <Oh, querido gato, eu sou tão pequenino, deixe-me viver, deixe-me viver!>.

              <Não!>, disse o gato. <Não! você comeu o milho da casa de Jacó, você deve morrer, ratinho, você deve morrer!>

              <Ai!>, disse o ratinho. <Eu estava tão faminto, querido gato! Eu nem comi muito milho. Eu não quero morrer!>

              <Você deve morrer!>, disse o gato. E o gato mau comeu o ratinho.

              Jacó tinha um jardim. O jardim era belo. O gato disse: <Vou ao jardim!> O gato foi ao jardim e se estirou ao sol quente. <Ah!>, disse o gato. <O sol está tão bom e quente!>

              Mas aí veio um cão, um grande cão. Era o cão de Jacó. <Ah!>, disse o cão, <ali está um gato. O gato descansa no sol quente. Isso é bom! Vou infernizar o gato!>.

              O cachorro veio silenciosamente e disse: <Gato, gato, cá estou eu! Vou te infernizar, querido gato!>.

              O gato trepou numa árvore, e o cão ficou ao pé d’árvore a latir. Ele latia tão alto que o pobre gato se amedrontou.

              <Ai!>, disse o pobre gato, <o cão é tão grande! o cão late tão alto! Eu tenho medo, eu tenho muito medo!>.

              Aí veio a vaca de Jacó. A vaca tinha longos cornos. A vaca viu o cão no jardim. A vaca viu o gato também. A vaca disse: <Ah! ali está o cão malvado. O cão aterroriza o gato. O gato comeu o rato. O rato comeu o milho, o milho que tinha na nova casa de Jacó.>

              Então continuou a vaca: <Irei ao jardim. Aterrorizarei o cão malvado, ele que aterrorizou o gato, eu irei aterrorizá-lo!>.

              A vaca veio ao jardim e correu atrás do pobre cachorro, e o gato pulou da árvore para dentro da casa, da nova e bela casa, que Jacó construiu.

              Aí veio uma donzela. Era uma moça bonita, muito bonita, mas a moça estava triste, muito triste, e chorava muito, muito mesmo.

              <Oh!>, disse a donzela. <Eu estou triste, muito triste. Eu preciso chorar, chorar muito! Não tenho pai. Não tenho mãe. Não tenho irmão. Não tenho irmã nem amigo. Ai! Eu estou triste!>

              A donzela disse: <Onde está minha vaca, minha bela vaca marrom? Preciso ordenhar a vaca. Jacó quer leite!>.

              A donzela veio ao jardim. A donzela viu a vaca.

              <Ah!>, disse, <cá está minha bela vaca marrom. Minha vaca infernizou o cachorro. O cachorro infernizou o gato. O gato comeu o rato. O rato comeu o milho de Jacó. Jacó comprou o milho. O milho estava na casa, na nova e bela casa, que Jacó construiu>.

               A donzela veio até a vaca. A vaca ficou parada. O cão saltou para dentro de casa, da nova casa de Jacó.

                A triste senhorita disse: <Boa vaca, tenho que ordenhá-la. Jacó quer leite, o bom e delicioso leite. Você deve ficar quietinha, boa vaca.>

                A vaca ficou parada. A donzela ordenhou a vaca. Lá vinha um homem jovem. O homem era jovem e belo, mas o homem era pobre, muito pobre. Ele veio ao jardim e viu a senhorita.

                <Ah!>, disse o pobre e jovem homem, <eis uma bela mulher. Mas a moça está triste, ela precisa chorar, chorar muito. Ela não tem pai nem mãe, irmão nem irmã, amigo nem casa. Ela tem de ordenhar a vaca com longos cornos, a vaca má, que infernizou o cão. O cão infernizou o gato, mas o gato comeu o rato. O gato comeu o milho, o bom milho, que Jacó comprou e estava em sua nova casa>.

                Então veio o pobre homem e disse à donzela: <Bela senhorita, você está triste, você chora, porque você tem de ordenhar a vaca. Você não tem pai nem mãe, irmão ou irmã, amigo ou casa. Venha comigo. Eu sou pobre, mas amo-a. Quer ser minha mulher, minha querida?>.

              <Oh, sim!>, disse a senhorita, e ela já não estava triste nem chorava, pois amava um bom homem.

                O homem disse: <Venha, minha querida, vamos ao padre. O padre é bom, muito bom. O padre tem um livro, um livrinho. Ele (o livro) é um livro de orações, e o padre irá nos casar o quanto antes. Venha, minha querida, venha.>

                A senhorita disse: <Sim,> e foi com o pobre homem ver o padre.

                O padre estava em sua casa. A casa era pequena, bem pequena. O padre estava na cama. O padre dormia. O padre tinha um galo. O galo estava no jardim, e o galo cantou alto, bem alto. O galo cantava todas as manhãs, e toda manhã despertava o padre com seu canto alto.

                O galo cantou alto esta manhã, e o padre despertou. E despertou cedo, bem cedinho.

                O padre pegou seu livrinho, seu livro de orações, e foi à igreja (a casa de deus). A igreja era bela e pequena. Na igreja estavam o homem jovem e belo e a bela moça.

                Disse o homem jovem ao padre: <Bom padre, abra seu livro de orações. Cá está esta bela jovem, e aqui estou eu. Nós queremos ser marido e mulher. Case-nos, ó bom padre, case-nos.>

                <Bom>, disse o padre, <eu os casarei!>, e o bom padre abriu seu pequeno livro de orações e casou o pobre e jovem homem e a bela senhorita. Eles eram marido e mulher.

                Em seguida falou o padre: <Ah, que bom, muito bom mesmo, que meu galo cantou tão alto e me despertou tão cedo!>

                <Pois é>, respondeu o jovem homem, <que bom mesmo. O senhor despertou, e o senhor veio à igreja, e me casou com a triste rapariga. A moça chorava e ordenhava a vaca marrom. A vaca marrom infernizava o cachorro mau. O cachorro mau infernizava o gato. O gato comeu o ratinho. O rato comeu o bom milho, o milho que Jacó comprou. O milho estava na casa, na nova e bela casa, que Jacó havia construído.>

                O jovem marido e a bela senhora foram para casa. O padre também foi para sua casa e disse: <Final feliz, todos felizes!>.

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