NOVÍSSIMO (hoje VELHÍSSIMO) DICIONÁRIO DE ECONOMIA

Org. Paulo Sandroni, 1999. (e não obstante, desatualizado sobre vários acontecimentos da 1° metade dos anos 90!)

ACHTEL. Antiga unidade de medida utilizada na Alemanha, que significa a oitava parte de um todo e que admitia grande variabilidade. Por exemplo, como medida de volume de vinhos, um achtel equivalia a 0,1785 litro.”

ACORDO INTERNACIONAL DO CAFÉ. Convênio firmado em Nova York, em 1962, entre os países produtores de café e os principais países consumidores do produto, com [o] objetivo de criar mecanismos internacionais de controle da produção e comercialização do café. Isso decorreu dos problemas causados pela superprodução cafeeira [pelo visto, eis o produto anti-malthusiano por excelência!], que se verificou em 1957 e que provocou uma catastrófica desvalorização do produto no mercado internacional. Entrou em vigor em 1964. Em 1965, os signatários do acordo estabeleceram um sistema de cotas de exportação para cada país produtor, bem como uma escala de preços. Para manter o equilíbrio entre a oferta e a demanda, a Organização Internacional do Café (OIC) ficava autorizada a retirar do mercado certa quantidade do produto sempre que, durante 15 dias consecutivos, se verificasse uma queda nas cotações. O mesmo deveria ocorrer no caso de um movimento de elevação dos preços, quando o equilíbrio seria restabelecido com a colocação, no mercado, de certa quantidade de café. O acordo é renovado periodicamente, e, sempre que se estabelecem negociações para a sua renovação, estas são acompanhadas de uma série de divergências entre os países produtores — que buscam mais vantagens na comercialização do produto — e os países consumidores. Essas divergências ocorrem também entre os próprios países produtores (disputa pelo aumento das cotas individuais) e entre os países consumidores, sobre os preços que devem ser pagos aos exportadores.”

ACORDO SMITHSONIANO. Acordo estabelecido pelo Grupo dos Dez [“Dons” Invisíveis], em dezembro de 1971, para adotar taxas de câmbio flutuantes. A conferência, realizada no Smithsonian Institute, em Washington, foi convocada para resolver o problema do colapso das taxas fixas de câmbio (adjustable peg), que existiam desde a Conferência de Bretton Woods, em 1944, e indiretamente pela decisão dos Estados Unidos de abandonar o padrão câmbio-ouro. A conferência levou a um acordo em 1972, com a Comunidade Econômica Européia, para limitar os movimentos monetários e cambiais numa faixa estreita de flutuação na CEE, chamada snake, fixando as taxas de câmbio à moeda mais forte da Comunidade, o marco alemão.”

ACRE. “A área de um acre foi estabelecida — e permanece até hoje — em 160 varas quadradas ou 4840 jardas quadradas, o que equivale a 4046,873m². Um Acre Foot é medida de volume correspondente à capacidade de uma área de um acre por um pé de profundidade, ou o equivalente a 43.560 pés cúbicos ou o equivalente a 325.851 galões (do sistema consuetudinário norte-americano) de água.”

ADMINISTRAÇÃO. “Frederick Taylor e Henri Fayol foram os primeiros clássicos da administração.”

AFFIDAVIT. Expressão latina que, na prática bancária, significa uma declaração escrita, juramentada por intermédio do testemunho de um tabelião. Os affidavits são geralmente exigidos dos tomadores de empréstimos para que postulem a obtenção de uma hipoteca. Este instrumento pode ser utilizado também quando, por alguma razão (incêndios, guerras etc.), os registros civis de uma comunidade foram destruídos e uma pessoa deseja provar, por exemplo, sua idade, ou como uma declaração imposta por um governo a estrangeiros portadores de valores mobiliários que, para receber determinadas isenções ou vantagens no pagamento de impostos, devem provar e assegurar sua condição de estrangeiros.”

AFTALION. Economista francês (1874-1956). Les crises périodiques de surproduction, 1913.

AGER PUBLICUS. Expressão latina que designa as terras de uso comunitário existentes na Europa até o advento do capitalismo.”

ÁGIO. Termo de origem italiana usado antigamente em Veneza para designar a diferença na troca entre moedas depreciadas e o metal do qual eram constituídas. Essas trocas eram efetuadas pelos bancos de Veneza, Hamburgo, Gênova, Amsterdã e de outras cidades comerciais e financeiras, os quais fixavam o ágio em cada caso. De forma genérica, o ágio significa um prêmio resultante da troca de um valor (moedas, ações, títulos, etc.) por outro. No comércio internacional de moedas, é a diferença entre o valor nominal e o real da moeda negociada. Ocasionalmente, o termo é utilizado para indicar um prêmio pago por uma letra de câmbio estrangeira. O ágio pode surgir também quando o preço oficial de um produto (ou preço de tabela) está fixado num nível muito baixo e sua compra só se concretiza se o interessado estiver disposto a pagar mais por essa transação. A diferença entre o preço oficial e o que o comprador realmente paga é considerada o ágio daquela transação. Esse tipo de fenômeno ocorre quando há tabelamento ou congelamento de preços, como aconteceu durante os planos econômicos de estabilização no Brasil durante os anos 80 — especialmente em ocasião do Plano Cruzado, em 1986 — e no início dos anos 90 com o Plano Collor. O ágio pode aparecer nesse contexto também se, embora não haja congelamento, existir uma forte descompensação entre oferta e demanda, como aconteceu, durante os primeiros meses do Plano Real, com a aquisição de automóveis populares. [?] Quando em lugar de um preço maior paga-se um preço menor por um título, uma ação ou uma moeda, ocorre um <deságio>.”

ALVES BRANCO, Manuel (1797-1855). Nasceu em Salvador (Bahia), foi o segundo Visconde de Caravelas, jurista e estadista, foi ministro da Fazenda, da Justiça, e presidente do Conselho de Ministros do Império. Durante seu mandato como ministro da Fazenda, decretou as primeiras tarifas alfandegárias do Brasil, em 1844, que passaram a ser conhecidas como Tarifas Alves Branco. Modificou as tarifas alfandegárias de quase 3 mil produtos importados aumentando os impostos em 30, 40, 50 e até 60%. O valor da majoração dependia de o produto poder ou não ser produzido no Brasil, bem como de sua

importância para o mercado interno. Até a promulgação das Tarifas Alves Branco, os produtos importados eram taxados em apenas 15%. As mercadorias inglesas gozavam desse privilégio desde 1810 (tratados de 1810 de comércio e navegação). Com o tempo, essa tarifa foi estendida às demais nações que comerciavam com o Brasil. Além de amenizar os problemas orçamentários do Segundo Reinado, a tarifa favoreceu alguns setores da economia brasileira, embora tenha sido alvo de violentos protestos dos países exportadores, sobretudo da Inglaterra e dos comerciantes ligados ao setor de importação.”

AMBUSH MARKETING. Expressão em inglês que significa literalmente <marketing de emboscada>, isto é, quando uma empresa consegue fazer aparecer de alguma forma sua marca em evento patrocinado por outra. Por exemplo, durante a Copa do Mundo de 1994, em alguns jogos da seleção brasileira de futebol cuja transmissão era patrocinada por uma marca de cerveja, sua principal concorrente colocou placas nas laterais do gramado e contratou espectadores uniformizados com sua marca, que acabaram aparecendo mais tempo durante a transmissão dos jogos do que a própria marca do patrocinador.”

AMERICAN STOCK EXCHANGE (Ase ou Amex). A segunda maior Bolsa de Valores dos Estados Unidos, transacionando cerca de 10% de todas as ações negociadas no país. A Bolsa proporciona um lugar físico para as transações com ações, as quais têm de pertencer a uma empresa registrada, ou seja, uma empresa que preencha os requisitos estabelecidos pela junta de diretores da Bolsa. As exigências para registro na American Stock Exchange são menores do que as existentes na Bolsa de Valores de Nova York (New York Stock Exchange). As companhias registradas devem apresentar relatórios financeiros anuais e informes quinzenais de suas movimentações e ganhos, além de impedir a ação de insiders. Se o interesse do público diminuir muito por um título ou ação, a empresa correspondente poderá perder seu registro. A American Stock Exchange é muito antiga e teve início quando os corretores se encontravam na rua para transacionar lotes de ações. Só no início do século XX essa Bolsa de Valores passou a ocupar um lugar coberto, saindo portanto da rua.”

AMIN, Samir (1931-[2018]). Economista egípcio estudioso dos problemas dos países em desenvolvimento. Formado pela Universidade de Paris, trabalhou como assessor da Organização para o Desenvolvimento Econômico, no Cairo, de 1957 a 1960; foi conselheiro técnico para o setor de planejamento do governo do Mali, de 1960 a 1963; é diretor do Instituto Africano para Desenvolvimento Econômico e Planejamento desde 1970. Professor de economia nas universidades de Poitiers, Paris e Dakar, publicou vários livros, que tratam principalmente dos problemas econômicos dos países do Terceiro Mundo: Três Experiências Africanas de Desenvolvimento: Mali, Guiné e Gana (1965); A Economia do Maghreb (1967); O Mundo dos Negócios Senegaleses (1968); O Maghreb no Mundo Moderno (1970); A Acumulação em Escala Mundial (1970); A África do Oeste Bloqueada (1971); O Desenvolvimento Desigual (1973); A Nação Árabe (1978).”

AMORTIZAÇÃO NEGATIVA. “É o que tem acontecido no Brasil com muitos contratos de aquisição da casa própria posteriores a 1988, nos quais as prestações não cobrem os juros que incidem sobre o saldo remanescente, o que tem causado crescente inadimplência entre os mutuários.”

ANARCO-SINDICALISMO. Variante do anarquismo que se desenvolveu na Europa no final do século XIX e início do século XX. Considerava que o sindicato era o principal órgão de luta e de organização dos trabalhadores e núcleo da futura sociedade anarquista. Somente a ação direta nas fábricas e a greve geral espontânea e revolucionária poderiam transformar radicalmente a sociedade capitalista. O principal teórico do anarco-sindicalismo foi o francês Georges Sorel. Sua doutrina teve grande aceitação nos círculos operários e sindicais da França, da Itália e da Espanha, sendo divulgada nos Estados Unidos, no Brasil e em outros países latino-americanos por emigrantes europeus. No Brasil, o anarco-sindicalismo foi no início do século a principal corrente política que orientou a prática do movimento sindical mais combativo; dele surgiram os primeiros agrupamentos marxistas que fundariam o Partido Comunista Brasileiro, em 1922.”

ANARQUISMO. “De inspiração socialista, propõe a abolição da propriedade privada capitalista, o fim da exploração do homem pelo homem, a coletivização dos meios de produção e a solidariedade entre os produtores (trabalhadores).” “No século XIX, o anarquismo foi uma das tendências mais expressivas no movimento operário europeu. Embora tenha vários precursores, foi o francês Pierre Joseph Proudhon o primeiro a considerar-se anarquista. Para ele, no entanto, a abolição do Estado e da propriedade capitalista viriam gradualmente, como resultado de um processo de organização dos trabalhadores e pequenos proprietários em cooperativas de produção e colaboração mútua. Já para o anarquista russo Mikhail Bakunin, discípulo de Proudhon, o fim do capitalismo e o advento de uma sociedade anarquista só seriam possíveis por meio da ação revolucionária das massas. Concordava nisso com os marxistas, chamados, entretanto, por Bakunin de <socialistas autoritários>, por defenderem a organização política dos trabalhadores em partidos e advogarem a manutenção do Estado como instrumento de construção da nova ordem econômica. O anarquismo teve grande influência na Espanha, na França, na Itália, na Suíça e em Portugal.”

ANATOCISMO. Termo que designa o pagamento de juros sobre juros, isto é, a capitalização de juros que foram acumulados por não ter sido liquidados nos respectivos vencimentos.”

ÂNCORA CAMBIAL. Instrumento de política econômica utilizado para estabilizar o valor de uma moeda fixando-se seu valor na taxa cambial. O instrumento é empregado nos casos de inflação acelerada ou de hiperinflação, em conjunto com outras políticas (congelamento de preços, p.e.), para estabilizar os preços e as desvalorizações da moeda. A âncora cambial pode ser acompanhada por uma política de conversibilidade total ou parcial. A adoção desse mecanismo exige, no entanto, que o país disponha de reservas suficientes e de um balanço de pagamentos sob controle para evitar o jogo especulativo em torno de uma futura desvalorização do câmbio.”

ÂNCORA MONETÁRIA. Instrumento de política monetária utilizado para estabilizar o valor de uma moeda numa conjuntura de grande elevação de preços e que consiste fundamentalmente no compromisso (legal ou não) de que as autoridades monetárias não emitirão moeda para cobrir eventuais déficits governamentais, tornando o Banco Central independente do Tesouro Nacional. Novas emissões só teriam lugar se houvesse correspondente aumento das reservas internacionais.”

ANIMUS LUCRANDI. Expressão em latim que significa <intenção de lucrar ou de tirar proveito> de alguém ou de alguma situação.”

APÓLICE. O termo tem origem no italiano polizza, que significa promessa, isto é, promessa de pagamento se cumpridas determinadas condições. Entre as principais apólices estão as apólices da dívida pública e as apólices de seguro. As

primeiras referem-se a um empréstimo feito por seu possuidor ao governo do município do Estado ou da União. As apólices de seguro são documentos nos quais a empresa emitente se compromete a pagar a pessoas ou firmas (nomeadas no próprio documento) certa importância, no caso de ocorrerem certos fatos, tais como a morte do segurado ou a perda de determinado bem.”

APOSENTADORIA. Éramos felizes e não sabíamos: “No início de 1998, foram aprovadas novas e importantes regras para o sistema previdenciário brasileiro. As modificações mais importantes são as seguintes: a idade para aposentadoria

passa a ser de 60 anos para as mulheres (antes era 55) e de 65 anos para os homens (antes era 60). A idade mínima passa a ser 53 anos para os homens e 48 para as mulheres, para aqueles que, estando trabalhando, ainda não cumpriram 30 anos (mulheres) e 35 anos (homens) de contribuição; aqueles que já cumpriram esses prazos poderão se aposentar a qualquer tempo. A aposentadoria proporcional será mantida para quem já está trabalhando: o trabalhador que já cumpriu o prazo mínimo (30 anos para os homens e 25 para as mulheres) poderá solicitar a aposentadoria proporcional; caso não tenha completado o prazo mínimo, terá de trabalhar 40% a mais do que o tempo que está faltando para solicitar a aposentadoria proporcional. Quem ingressar no mercado de trabalho depois de sancionada a reforma previdenciária não terá direito à aposentadoria proporcional e não poderá se aposentar com menos de 60 anos (homens) e 55 anos (mulheres), tendo de trabalhar no mínimo 35 anos (homens) e 30 anos (mulheres) para solicitar a aposentadoria.”

APOTHECARY SYSTEM. “Os farmacêuticos (apothecaries em inglês) conseguiram do rei uma autorização de exclusividade na venda de remédios e drogas e os comerciantes foram proibidos de vender tais produtos. Mas havia o problema de como os farmacêuticos aviavam as receitas dos médicos. Em 1618, os farmacêuticos organizaram um livro de receitas chamado Farmacopéia, onde se estabeleciam as formas de compor cada remédio, e para as dosagens era utilizada uma combinação das medidas do sistema troy e das antigas medidas para vinho. A partir de 1825, esta atividade passou a ter um sistema padronizado de pesos, e, atualmente, o sistema apothecary utiliza, além dos elementos do seu próprio sistema, aqueles do sistema métrico e ainda, eventualmente, dos sistemas troy e avoir-du-pois. A unidade básica deste sistema, como no caso dos sistemas troy e avoir-du-pois, é o grão, que equivale em todos os sistemas a 64,8mg. Vinte grãos são equivalentes a um escrópolo ou 1,295978g. O escrópolo era o nome que se dava antigamente a uma pequena pedra utilizada como medida de peso para quantidades muito pequenas. Três escrópolos equivalem a uma dracma (ou dram), o que, por sua vez, é igual a 3,889g. Oito dracmas equivalem a uma onça apothecary, que tem o mesmo peso da onça no sistema troy, isto é, 31,103g. No sistema apothecary, 12 onças são equivalentes a uma libra ou 373g, o mesmo que no sistema troy. Os farmacêuticos usam também medidas líquidas de capacidade com unidades muito pequenas. A menor de todas é o <mínimo>, que equivale mais ou menos a uma gota e corresponde a 0,06161ml. 60 mínimos correspondem a uma dracma líquida ou o equivalente a 3,696ml, e 8 dracmas correspondem a uma onça líquida ou o equivalente a 25,573ml. Assim como a maioria das medidas de peso teve origem no grão, as medidas líquidas tiveram origem no vinho e nas formas de consumo deste. Assim é que uma antiga medida já fora de uso, o gill, correspondia a 4 onças líquidas ou a 0,118 litro ou o que se considerava um gole de vinho. [golão!]

APRÉS MOI, LE DÉLUGE. Expressão em francês que significa literalmente <Depois de mim, o dilúvio>, utilizada em vários contextos, mas basicamente naquele em que uma pessoa, governante, empresário, utiliza meios para conseguir seus objetivos sem se importar com o futuro imediato, consumindo de forma predatória ou vandálica os elementos de que dispõe num determinado momento.” No Brasil: FODA-SE O MUNDO, QUE EU NÃO ME CHAMO RAIMUNDO!

ARANHA, OSVALDO Euclides de Sousa (1894-1960). Político e estadista brasileiro por 2 vezes ministro da Fazenda de Getúlio Vargas (1930-31 e 1953-54). Nesse cargo, após a Revolução de 1930, criou um novo sistema alfandegário e organizou um esquema de consolidação da dívida externa, transferindo para o governo federal todas as dívidas contraídas no exterior pelos Estados e municípios. Ministro das Relações Exteriores em 1938-44, negociou em 1939, nos Estados Unidos, os empréstimos para a construção da usina de Volta Redonda. No último governo de Vargas, colocou em prática o Plano Aranha, restringindo o crédito e estruturando um sistema de câmbio múltiplo por meio da Instrução 70 da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc).”

ARAPENE. Antiga medida agrária francesa de superfície que variava, conforme a região, entre 3400 e 5100m2. Ela aparece como unidade de medida nos textos dos fisiocratas, especialmente de François Quesnay. Seu correspondente na Alemanha era o morgen (manhã) ou o equivalente a que um agricultor poderia lavrar durante esse período do dia.”

ARBITRAGEM. “A prática de arbitragem é comum no mercado de títulos, ações, metais preciosos e commodities como trigo, café, soja e outras. Na verdade, a prática é também muito antiga, tendo se iniciado no século XVI no chamado <câmbio por arbítrio>, isto é, as transações com as diferentes moedas.” “Aquele que praticava o câmbio por arbítrio atuava como fornecedor (vendedor) nos mercados onde o dinheiro estava caro e tomador (comprador) nos mercados onde o dinheiro estava barato. Durante a segunda metade do século XVI, a Espanha foi palco de um processo muito amplo de câmbio por arbitragem, pois com a chegada do ouro e da prata da América o dinheiro tornou-se <barato> na Península Ibérica e <caro> no resto da Europa.”

ARISTOCRACIA OPERÁRIA. Expressão que designa a camada superior do operariado do ponto de vista salarial ou de outros elementos que diferenciem este setor de outros grupos de trabalhadores. No prefácio de seu livro A Situação da Classe Operária na Inglaterra, de 1889, [publicado na data, mas muito anterior] Engels reconhece que a camada superior da classe operária, pelas diferenças de remuneração que obtinha devido a um certo grau de controle sobre a oferta, passava a constituir uma <aristocracia operária>. Lenin faz referência ao mesmo fenômeno, localizando sua causa na exploração imperialista que países como a Inglaterra exerciam em nível mundial. Essa exploração permitia à burguesia, ao mesmo tempo que se aristocratizava, neutralizar (com o aburguesamento) a força de certos setores do proletariado com uma remuneração mais elevada.”

ARITMÉTICA POLÍTICA. Tendência estatística surgida na Inglaterra durante o século XVII, e que tinha como principal preocupação o estudo estatístico dos fenômenos sociais e políticos. Os representantes dessa tendência elaboraram as (primeiras) tabelas de mortalidade. Seus principais representantes foram William Petty, John Graunt e o astrônomo Edmund Halley.”

ARRÁTEL. Medida de peso utilizada pela Casa da Moeda do Brasil antes da adoção do Sistema Métrico Decimal e equivalente a 16 onças ou aproximadamente 457,104g (cada onça avoir-du-pois equivalendo a 28,569g).”

ARTESENATO. O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER? “A atividade artesanal, presente em toda a história do homem, adquiriu feição própria no Neolítico. Na Antiguidade Clássica, era executada sobretudo pelos escravos domésticos no âmbito da propriedade patriarcal. Sua importância na história econômica vem da Idade Média, quando se tornou uma das principais atividades dos homens livres que viviam nas cidades nascentes. Antes, no início do feudalismo, o trabalho artesanal era realizado na casa do próprio camponês ou pelos servos artesãos no castelo feudal: o camponês medieval, para vestir-se, tinha de tosquiar a ovelha, fiar, tecer e costurar. Somente a partir do século XII, com o desenvolvimento do comércio e das cidades, foi que se processaram modificações na organização do trabalho artesanal: o artesão deixou a agricultura e passou a dedicar-se exclusivamente ao seu ofício. Surgiu então o sistema de corporações (onde trabalhavam mestres e aprendizes), que produziam para um mercado pequeno, mas em desenvolvimento. Isso perdurou até o século XVI. Mas, daí ao século XVIII, à medida que aumentava a demanda de produtos nas cidades e se aperfeiçoavam os instrumentos de trabalho, o artesão foi perdendo sua independência, passando a ser tarefeiro de um comerciante ou de um manufatureiro rico, ou simplesmente assalariado. Com o advento da Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX), o artesanato tornou-se, na Europa, uma atividade produtiva marginal.”

ARUBAITO. Termo em japonês derivado da palavra em alemão Arbeit, que significa trabalho. Arubaito quer dizer trabalho em tempo parcial, trabalho temporário, ou trabalho noturno (serão), moonlighting. As empresas, no Japão, geralmente têm uma categoria de trabalhadores denominados arubaito, que trabalham regularmente em tempo integral, mas são pagos por hora ou por dia e que não gozam de benefícios e vantagens que têm os empregados regulares. O termo também se aplica àqueles que fazem <bicos>, como os estudantes nos períodos de férias.”

ASSIGNATS. Papel-moeda emitido pelo governo revolucionário na França entre 1790 e 1795. Era lastreado nas terras expropriadas do clero e da nobreza emigrada. Houve grande inflação de assignats entre aqueles anos e, em 1796, eles foram substituídos por outras emissões, sendo ambas posteriormente repudiadas. Os assignats eram na verdade bônus hipotecários garantidos por 400 milhões de francos de capital territorial real em terras pertencentes à ex-Coroa e ao clero (decreto de dezembro de 1789 ordenando a venda desses bens para constituir o lastro dos assignats).”

ASSÍNTOTA. Valor para o qual tende a variável dependente de uma função na medida em que a variável dependente se torna muito grande ou muito pequena, embora sem alcançá-la. Na expressão Y = a + 1/X, Y se aproxima de a na medida em que X se torna muito grande.”

ATAQUE ESPECULATIVO. Situação do mercado financeiro internacional, especialmente o cambial, quando uma moeda de determinado país encontra-se debilitada e seu governo não tem reservas suficientes para evitar uma desvalorização. O ataque especulativo ocorre exatamente quando existe a probabilidade de uma desvalorização, especialmente no caso de um país apresentar déficits sucessivos em sua balança comercial ou déficits em transações correntes. Os investidores naquela moeda abandonam suas posições vendendo intensivamente aquelas divisas, e, se o governo emissor da referida moeda não dispuser de reservas suficientes, pode ser obrigado a desvalorizá-la. Casos mais recentes ocorreram com o peso mexicano no final de 1994 e com o baht da Tailândia em julho de 1997. O real brasileiro sofreu também um ataque sem um desenlace desfavorável no primeiro semestre de 1995, quando foi anunciado o sistema de bandas cambiais.”

ATTENTION ECONOMY. Expressão em inglês cuja tradução literal é <economia da atenção>. Abordagem para estudar o novo contexto dos mercados cada vez mais dependentes e, portanto, saturados de publicidade e propaganda, contando com apenas 24 horas por dia [?] para chamar a atenção dos clientes potenciais para seus produtos e serviços. Esses estudos se intensificaram com a globalização dos sistemas de informação mediante redes de computadores quando os sites passaram a ser também arenas de propaganda e marketing de produtos e serviços globalizados. Esta nova abordagem ajuda a explicar também por que a remuneração de artistas, esportistas e personalidades globais

vem alcançando cifras astronômicas e por que as despesas com promoção (marketing e propaganda) de um produto ou serviço equivale ou mesmo supera muitas vezes os respectivos custos de produção.”

ATUÁRIA. Área do conhecimento que, utilizando-se da Matemática Financeira, do Cálculo das Probabilidades e de dados estatísticos, tem por objeto de estudo o cálculo dos seguros em geral. O termo vem do latim actuarius, designação daqueles que, na Roma Antiga, elaboravam as acta publica (sic) do Senado, assim como daqueles que se dedicavam à contabilidade e à intendência da administração do exército. Mais tarde, na Inglaterra, era a denominação dada à atividade exercida pelo contador ou técnico de uma companhia de seguros ou um lloyd.”

AUDITORIA. “Há 2 tipos de auditoria: auditoria interna, realizada por funcionários da própria empresa ou instituição; auditoria externa, feita por uma firma de prestação de serviços, contratada especialmente para esse fim. Os relatórios emitidos por um auditor seguem normas estabelecidas pelas associações de classe. A expressão <auditoria> tem se estendido a vários setores específicos: estão nesse caso a auditoria mercadológica, a de pessoal e a fiscal.”

AUTARQUIA. Serviço estatal descentralizado e com autonomia econômica, embora tutelado pelo poder público. No Brasil, surgiu depois de 1930 para atender ao grande número de serviços que deveriam ser prestados pelo Estado e descentralizar os encargos em órgãos especializados dotados de orçamento próprio e maior flexibilidade. As autarquias brasileiras classificam-se em econômicas (caso do extinto Instituto Brasileiro do Café), industriais (Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT, de São Paulo), creditícias (Caixa Econômica Federal), assistenciais (Instituto Nacional de Previdência Social), corporativas (Ordem dos Advogados do Brasil) e culturais (Conselho Nacional de Pesquisas). Alguns anos depois de sua criação, as autarquias brasileiras passaram a perder suas características de autonomia e flexibilidade, ficando cada vez mais submetidas à administração direta do Estado. Logo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), rígidas medidas de padronização, controle e uniformização alcançaram as autarquias, tornando sua administração quase tão rígida quanto a dos órgãos diretamente subordinados ao poder público. As autarquias são entidades de direito público, o que as distingue das empresas estatais, que são entidades de direito privado. [?]

AUTOGESTÃO. O SÉC. XX ESGOTOU TODAS AS EXPERIÊNCIAS SOCIAIS POSSÍVEIS: “Modalidade de administração que consiste em entregar as decisões ao conjunto dos trabalhadores a partir de seus locais de trabalho e de moradia. Num sistema de autogestão, os operários de cada empresa decidem sobre as metas de produção, salários e como sua unidade produtiva deve se relacionar com a totalidade da economia nacional. Em sua origem, a autogestão econômica vincula-se ao ideário anarquista, embora de forma diversa esteja presente também no pensamento de Karl Marx. Foi na Iugoslávia que a autogestão se tornou uma prática, em contraposição ao modelo econômico centralizado dos demais países socialistas da Europa Oriental, sobretudo o da ex-União Soviética.”

AVERBAÇÃO. Anotação feita por autoridade competente em qualquer documento, referindo-se a fato que altere o conteúdo do documento em questão. É o caso, por exemplo, da anotação de uma sentença de divórcio feita em um registro de casamento, ou da prorrogação de prazo de uma hipoteca. Em direito fiscal, é a declaração que confirma, num documento, o recolhimento do imposto exigido por lei. Averbação é também o registro — em livro especial de uma sociedade anônima — da transferência de ações nominativas ou endossáveis, ou do vínculo (penhor, caução) estabelecido sobre determinada ação.”

AVOIRDUPOIS. Termo de origem francesa que literalmente significa <bens de peso> e que designa um sistema de pesos utilizado no comércio, especialmente entre os países de língua inglesa e pela maioria dos países que com eles comerciam. Este sistema pertence ao Sistema Imperial Inglês e é utilizado em quase todas as pesagens, com exceção de metais, pedras preciosas e de remédios na atividade farmacêutica. As unidades do sistema avoirdupois são as seguintes: o grão (gr), a dracma (dr), a onça (oz), a libra (lb), o quintal (cwt) e a tonelada (t).”

B. Inicial de uma série de termos cujos significados, em economia e finanças, podem ser os seguintes: 1) baht (unidade monetária da Tailândia); 2) balboa (unidade monetária do Panamá); 3) belga (ex-unidade monetária da Bélgica); 4) bani (ex-unidade monetária da Romênia); 5) bolívar (unidade monetária da Venezuela); 6) bond (título); 7) barrel (barril); 8) classificação de risco de investimento da Moody’s Investors Service e da Standard & Poors, que significa, no primeiro caso, falta de características de um investimento desejável, e no segundo, um investimento especulativo, isto é, de risco elevado.”

BABBAGE, Charles (1791-1871). Nasceu na Inglaterra e é pouco reconhecido por suas contribuições para o pensamento econômico. Seu nome é mais associado à origem do computador (a elaboração da máquina analítica de Babbage) do que ao fato de ter tecido interessantes críticas a Adam Smith. Educou-se no Trinity College, em Cambridge, e, ainda estudante, iniciou a Sociedade Analítica com Herschel e Peacock, para a reforma da matemática na Inglaterra. Seu interesse pela matemática foi a base de suas contribuições para a economia e a estatística. Depois de Cambridge, Babbage transferiu-se para Londres, onde desenvolveu o trabalho durante o resto de sua vida em torno da máquina analítica, talvez a primeira tentativa de fabricar uma máquina de calcular. Seu livro mais importante é On the Economy of Machinery and Manufactures (Sobre a Economia de Maquinaria e Manufaturas), de 1832. Uma de suas contribuições mais importantes para a economia é o chamado Princípio de Babbage, que traz uma visão diferente das vantagens da divisão do trabalho enunciadas antes por Adam Smith: <Pela divisão do trabalho a ser realizado nos diferentes processos, cada um exigindo graus diferentes de habilidade e força, o empregador pode comprar exatamente a quantidade necessária de trabalho para cada etapa>. Dessa forma, o empregador poderia economizar com o pagamento de força de trabalho, pois, se um mesmo trabalhador realiza tanto o trabalho simples quanto o complexo, o empregador teria de pagá-lo, durante o tempo em que se dedicasse ao primeiro, pela cotação do segundo, que é a mais elevada, pois, caso contrário, não conseguiria esse tipo de trabalhador. É interessante assinalar que, mesmo afirmando que o Princípio de Babbage foi deduzido por ele ao analisar o sistema fabril existente na época, não apenas na Inglaterra mas também no continente, Babbage reconhece que um certo Gioja, no livro Nuovo Prospetto delle Scienze Economiche (tomo I, capítulo IV), editado em Milão em 1815, já havia enunciado o mesmo princípio.”

BABEUF, François Noël (1760-1797). Revolucionário francês conhecido como Gracchus Babeuf. Autor de Manifesto dos Iguais e Análise, pregava a luta por uma sociedade igualitária, a propriedade comum das terras e de todos os bens sociais, o direito e a obrigatoriedade ao trabalho. Foi guilhotinado por conspirar contra o Diretório.”

BACHA. Política econômica e distribuição de renda, 1978.

BACKUP. Expressão em inglês que significa súbita mudança numa tendência de mercado. Quando as taxas de juros estão subindo, as cotações dos títulos de renda fixa, como, por exemplo, os títulos do Tesouro (dos Estados Unidos), tendem a cair e o rendimento dos títulos automaticamente se eleva. Como os portadores desses títulos não podem liquidá-los tão facilmente como podiam antes da mudança de tendência, o mercado sofre um backup. Quando um investidor, antecipando-se a uma inflexão do mercado, muda suas posições de títulos de longo prazo para aqueles de curto prazo, diz-se que ele encurtou seu porta-fólio ou se caracterizou como backup.”

BAGAROTE. Denominação popular das moedas ou notas de mil réis.”

BAKUNIN, Mikhail Alexandrovitch (1814-1876). Revolucionário russo, criador do anarquismo coletivista. Discípulo de Proudhon, rebelou-se contra os princípios mutualistas do mestre e negou a eficácia das cooperativas de trabalhadores numa sociedade dominada pelo Capital. Afirmava que as cooperativas ou a autogestão só poderiam ser a base de uma nova sociedade por meio de uma revolução radical que expropriasse os burgueses e os proprietários rurais. Para ele, a organização política e econômica da sociedade deveria ocorrer de baixo para cima, pela livre união dos trabalhadores em associações, comunas, até chegar a uma grande federação nacional e internacional. Esse organismo autogestionário, partindo do local de trabalho, prescindiria do Estado, tido como a base de todos os males sociais. Bakunin expôs sua doutrina sobretudo em O Estado e a Anarquia (1873).”

BANCO. “A origem dos bancos confunde-se com a própria moeda, sobretudo quando esta começou a ser negociada em cima de bancos de madeira (daí a expressão) nos mercados da Antiguidade. Estudos arqueológicos comprovam a existência de atividades bancárias na Babilônia e na Fenícia. Tais atividades decorriam das dificuldades de transporte, que faziam com que muitos negociantes confiassem aos <banqueiros> a incumbência de efetuar pagamentos e cobranças em lugares distantes. Na Grécia, os primeiros centros bancários conhecidos (Delfos, Éfeso) estavam ligados aos templos religiosos, que funcionavam como lugares seguros para aqueles que quisessem guardar seus tesouros. A partir do século IV a.C. surgem os banqueiros laicos, chamados <trapezistas> (do grego trapezion, que significa banca, mesa pequena). Em Roma, no século II a.C., as operações bancárias eram privilégio de uma categoria de cidadãos, os publicanos, mas na época imperial surgem os argentarii ou mensarii, cuja principal ocupação era o câmbio de moedas estrangeiras, mas que também aceitavam depósitos e faziam empréstimos. Na Idade Média, a atividade bancária deixou de existir até o século XI, quando ressurgiu em íntima ligação com o desenvolvimento do comércio. Judeus, lombardos e os membros da Ordem dos Templários destacaram-se na nova atividade. Os templários enriqueceram extraordinariamente o patrimônio da ordem, financiando as Cruzadas; atribui-se a eles a criação dos arbítrios de câmbio e da contabilidade por partidas dobradas. Em grandes feiras comerciais, como as de Champagne e

Lyon, na França, faziam-se grandes operações de câmbio e, para evitar o transporte de volumosas somas de dinheiro, criou-se a letra de pagamento. A extraordinária expansão do comércio no Renascimento e no século XVII foi a responsável pelo aparecimento de grandes banqueiros (Medici, Fugger) e numerosos estabelecimentos bancários, como a Casa di San Giorgio (Gênova, 1586), Banco di Rialto (Veneza, 1587), Banco di Sant’Ambrosio (Milão, 1593), Banco de Amsterdã (1609), Banco de Hamburgo (1619) e Banco de Roterdã (1635); nessa época, surgem a letra de câmbio e a técnica do desconto.”

BANCO DE DESENVOLVIMENTO. “Os bancos de desenvolvimento tiveram grande importância durante os anos 70 no Brasil. Posteriormente, com a crise de financiamento do setor público e o problema do estrangulamento externo causado pela expansão do respectivo endividamento durante os anos 80, a presença e participação desses bancos tendeu a se reduzir.”

BANCOR. Nome proposto por Keynes (John Maynard) na Conferência de Bretton Woods (Estados Unidos, 1944), durante a criação do Fundo Monetário Internacional (FMI), para uma moeda internacional inteiramente destinada a ajustar desequilíbrios dos balanços de pagamentos, embora permanecendo cada país com seu sistema monetário particular. Segundo o projeto de Keynes (também conhecido como Plano Keynes), o Bancor não estaria totalmente desvinculado do padrão-ouro, embora este metal não fosse tomado como base absoluta de seu valor. A proposta não foi aceita por pressão dos delegados norte-americanos, que pretendiam transformar o dólar, sua moeda nacional, no padrão internacionalmente aceito, com as vantagens inerentes a essa adoção.” [Evento de graves conseqüências para a História mundial]

BANTO. Termo em japonês que designa um executivo contratado pelo proprietário de uma empresa para administrá-la. Os bantos eram administradores profissionais que na época anterior à Segunda Guerra Mundial ganharam grande influência nas empresas que constituíam os zaibatsus. Possuíam algumas características especiais como a perseverança, a capacidade de trabalho, a lealdade à empresa e à família à qual pertencia a empresa e o respectivo zaibatsu. Depois da guerra, durante a ocupação, com a dissolução dos zaibatsus, os bantos foram destituídos de suas funções, criando-se um vazio de dirigentes nas empresas japonesas que foi logo ocupado pelos escalões inferiores, formando uma camada de dirigentes que hoje gozam de maior liberdade na direção das empresas do que seus antecessores.”

BARBOSA, Rui de Oliveira (1849-1923). Político e jurista brasileiro, ministro da Fazenda no governo provisório republicano (de janeiro de 1889 a novembro de 1891). Partidário da industrialização do país, sua política financeira, conhecida historicamente como Encilhamento, caracterizou-se pelo estímulo sem limites à expansão do crédito e à formação de sociedades por ações. A inexistência de instrumentos eficazes de controle dessas medidas, por parte do governo, possibilitou uma grande especulação na Bolsa de Valores, inflação e surgimento de companhias-fantasmas. Essa situação gerou uma forte oposição dos proprietários rurais, levando-o à renúncia. Sensível às tensões sociais, em 1919, por ocasião de sua segunda campanha eleitoral à presidência da República, defendeu a necessidade de uma legislação específica para atender aos conflitos entre Capital e trabalho. Deixou inúmeros escritos, entre os quais os mais conhecidos são: Questão Militar; Abolicionismo; Trabalhos Jurídicos; Swift (1889); Queda do Império; Diário de Notícias (1890); A Constituição de 1891 (1896); Cartas de Inglaterra (1902); Réplica (1919) e Oração aos Moços.”

BECCARIA. “Na obra Dei Delitti e delle Pene (Dos Delitos e das Penas), de 1764, Beccaria condena o sistema penal e penitenciário da época, sobretudo os processos secretos, as torturas e a desigualdade das penas em função de diferenças de classe social. A partir dessa obra, foram criados os fundamentos jurídicos da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, documento básico da Revolução Francesa.”

BENTHAM, Jeremy (1748-1832). Filósofo, jurista e economista inglês, criador do utilitarismo. Em 1787, escreveu Defence of Usury (Proibição da Usura), onde se alinha com Adam Smith, a favor da liberdade de iniciativa econômica do indivíduo. [Proibição???] Com An Introduction to the Principles of Morals and Legislation, de 1789, Bentham expôs a doutrina utilitarista que o tornaria célebre. Considerando que apenas o egoísmo e a busca da felicidade motivam a conduta humana, defendia um sistema de governo que harmonizasse os interesses, garantindo a maior satisfação possível ao maior número de pessoas. Em Plan of a Parliamentary Reform, in the Form of a Catecism, de 1817, propôs reformas democráticas do sistema político inglês, defendendo eleições anuais, sufrágio universal e voto secreto.” Jamais perder meu tempo com ele.

BERNOULLI (Família). A família Bernoulli, pertencente à religião protestante, oriunda da Holanda, estabeleceu-se na Suíça. Foi uma família da qual se originaram, no final do século XVI e ao longo do século XVII, 8 matemáticos brilhantes, e todos eles tiveram um papel importante no desenvolvimento do cálculo matemático. Os irmãos Jacob (1654-1705), Johann (1667-1748) e Daniel (1700-1782), o segundo filho de Johann, foram destacados matemáticos. Jacob e Johann eram amigos de Leibniz, com quem trocaram nutrida correspondência por meio da qual pode-se dizer que o cálculo matemático se desenvolveu. Jacob estudou os problemas do tautochrone, do brachistochrone, da geometria, da dinâmica e outros, inclusive o problema isoperimétrico. Foi o primeiro a mudar, em 1690, o nome até então utilizado de calculus summatoris para calculus integralis, que se mantém até hoje. Seu livro Ars Conjectandi foi publicado postumamente em 1713. Nesta obra foram encontradas as regras que tornaram seu nome destacado na teoria da probabilidade. Ele foi professor de física experimental na Universidade da Basiléia e, mais tarde, tornou-se professor de matemática. Ensinou matemática a seu irmão Johann, que o sucedeu como professor na mesma universidade. As descobertas de Johann apareceram nas publicações Acta Eruditorum e Journal des Savants. Em 1701, o início do cálculo das variações foi utilizado em sua solução para o cálculo do problema isoperimétrico. Ele introduziu o termo functio, a origem do termo atual <função>, amplamente utilizado em matemática. Apesar das discrepâncias entre os irmãos e também entre pais e filhos, os Bernoulli eram pesquisadores brilhantes e grandes professores, que ensinaram não apenas seus filhos, mas também matemáticos como Euler. Daniel Bernoulli destacou-se especialmente na teoria da probabilidade, dando também contribuições no campo da hidrodinâmica e da teoria cinética dos gases. Nicolau Bernoulli, neto de Johann, distinguiu-se como professor de matemática em São Petersburgo. O irmão mais novo de Daniel, Johann (1710-1790), sucedeu seu pai Johann Sr. como professor na Universidade de Basiléia. O filho de Johann Jr., também chamado Johann (1744-1807), foi catedrático de matemática na Academia de Berlim. Um filho do terceiro Johann, chamado Jacob (1759-1789), foi professor de física experimental na Universidade de Basiléia. Nicolau (1687-1759), neto do fundador da família Nicolau (1623-1708) e filho de Nicolau Bernoulli, o pintor (1662-1716), ocupou entre 1716 e 1719 a cátedra de matemática em Pádua, que pertencera a Galileu.” QUE FAMÍLIA!

BETTELHEIM, Charles (1913-). Economista francês, autor de vários livros sobre a planificação socialista e os problemas da planificação em geral. Em 1936, visitou a União Soviética pela primeira vez, e 6 anos depois publicou seu primeiro livro sobre a planificação socialista. Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, publicou o segundo livro a respeito do mesmo assunto, do ponto de vista teórico e prático. Sua visão sobre a formação soviética modificou-se substancialmente depois da revolução cultural chinesa e dos acontecimentos no Leste europeu no início dos anos 70, especialmente na Polônia. Sua obra mais importante é a trilogia Les Luttes de Classe en URSS, cujo primeiro volume, correspondente ao período 1917-23, foi lançado no Brasil em 1975 com o título A Luta de Classes na União Soviética. Na obra, sustenta a tese de que na União Soviética prevalece o capitalismo de Estado e não um Estado socialista. O segundo volume, que analisa o período 1923-1930, foi editado na França em 1977. Bettelheim escreveu ainda L’Économie Soviétique (A Economia Soviética), 1950, e Problémes Théoriques et Pratiques de la Planification (Problemas Teóricos e Práticos da Planificação), 1952.”

BLACK MONDAY. Expressão em inglês que designa o dia da semana em que houve uma forte queda na Bolsa de NY. Nesse caso, 19/10/87, quando a média Dow Jones caiu 508 pontos, provocando pânico: os aplicadores acreditaram que estava se iniciando um novo 1929.”

BLACK TUESDAY (Terça-feira Negra). Dia 29/10/29, data da grande quebra da Bolsa de Valores de Nova York, quando o volume de transações dobrou e o Dow Jones caiu, no início do pregão, de 252 para 238 e, no encerramento, para 212.”

BLANC, Louis. Direito ao Trabalho (1848).

BNH — Banco Nacional da Habitação. Instituição de crédito vinculada ao Ministério do Interior, criada em 1964 para financiar a execução do Plano Nacional da Habitação. Fornecia financiamento a curto prazo para os construtores de moradias e a longo prazo para os compradores de casa própria. Atuava também no fornecimento de recursos na implantação de projetos de infra-estrutura urbana, destinados a melhorar as condições de moradia da população. Utilizava recursos provenientes do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e de letras imobiliárias lançadas no mercado financeiro. O BNH foi extinto pelo decreto-lei nº 2.291, de 21 de novembro de 1986. A Caixa Econômica Federal sucedeu ao BNH em todos os seus direitos e obrigações, incluindo a administração do seu passivo e ativo, do pessoal, dos bens móveis e imóveis, na gestão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, do Fundo de Compensação de Variação Salarial, do Fundo de Assistência Habitacional, do Fundo de Apoio à Produção de Habitação para a População de Baixa Renda e das operações de crédito externo realizadas pelo BNH com a garantia do Tesouro Nacional.”

BODEMERIA. Termo muito antigo, já registrado no Código de Hamurabi e que consistia num empréstimo ou numa hipoteca contraída pelo proprietário de um navio para financiar sua viagem. Se o navio naufragasse, o empréstimo não precisaria ser pago. É uma das formas mais antigas de seguro marítimo e, durante a época romana, quando começaram a surgir os seguradores, essa forma continuava a ser praticada.”

BODIN, Jean (1530-1596). Jurista francês da Renascença, precursor do mercantilismo. Monge carmelita, deixou o convento para dedicar-se à teoria do Estado e trabalhar como consultor do Parlamento de Paris e do duque de Anjou, um dos líderes católicos franceses que propunham a unidade nacional em torno do poder real. Em seu clássico A República, 1576, Bodin estabeleceu a doutrina da soberania do Estado como poder central independente das corporações, do Parlamento e do papado. Em economia política, Bodin distinguiu-se por um avançado estudo sobre a moeda: Réponse aux Paradoxes de Sire de Malestroit (Resposta aos Paradoxos do Senhor de Malestroit), 1568. Nessa obra, sustentou que a alta dos preços na França era devida principalmente ao grande afluxo de ouro e prata do Novo Mundo e não à política real. Tornou-se assim um pioneiro da teoria quantitativa da moeda. Condenava ainda os monopólios e os gastos excessivos das côrtes e, embora fosse adepto de uma autoridade central soberana, achava que ela deveria obter o <consentimento dos súditos>, para os quais defendia o direito à propriedade privada e à liberdade de comércio.”

BÖHM-BAWERK, Eugen von (1851-1914). Estadista e economista austríaco, um dos expoentes da escola austríaca e do marginalismo, especialista na teoria do capital e dos juros. Professor de economia da Universidade de Viena, foi deputado e ministro das Finanças de seu país por 2 vezes (1895-1898 e 1900-1904). Escreveu Grundzüge der Theorie des Wirtschaftlichen Güterwertes (Elementos da Teoria do Valor Econômico dos Bens), 1886; Kapital und Kapitalzins (Capital e Juros), 1884, e Positive Theorie des Kapitales (Teoria Positiva do Capital), 1889. Para Böhm-Bawerk, os juros são o resultado de mecanismos psicológicos que levam o indivíduo a depreciar o futuro e valorizar o presente; o juro seria, assim, a diferença entre o maior valor que o indivíduo confere a um bem presente e o menor valor que atribui ao bem futuro. A isso se acrescentam — segundo o autor — uma razão de ordem econômica (um capital imediatamente disponível vale mais que um não imediatamente disponível) e uma razão de ordem técnica (o tempo exigido pelo processo de produção capitalista). Com essa teoria, Böhm-Bawerk pretendeu mostrar que o sistema capitalista repousa sobre leis naturais que não podem ser transgredidas quando se quer utilizar eficazmente as forças produtivas; pretendeu também combater as teorias socialistas sobre a exploração da força de trabalho pelo capital.

BOICOTE. Termo derivado do nome do capitão inglês C. Boycott, um corretor de terras com quem os irlandeses se recusaram a tratar durante os motins de 1879-1881 desencadeados contra a legislação fundiária inglesa. (…) Atualmente, com a generalização das lutas ecológicas para a proteção do meio ambiente, o boicote vem acontecendo em relação a lojas que vendem, por exemplo, casacos de pele oriundos de animais em extinção. Quando esse tipo de ação se reveste de base jurídica, como, por exemplo, a recusa da venda de armas para países onde não se respeitam os direitos humanos, o procedimento é denominado embargo.”

BOISGUILLEBERT, Pierre de (1646-1714). Economista francês, precursor dos fisiocratas, um dos primeiros representantes do liberalismo econômico. Autor de Le Détail de la France (A Particularidade da França), de 1697, e de Le Factum de la France (O Memorial da França), de 1707, em que critica acerbamente a política econômica de Colbert, ministro das Finanças de Luís XIV. Essas obras valeram-lhe o exílio e foram apreendidas. Boisguillebert propunha uma reforma fiscal que abolisse grande parte dos impostos, porque para ele o consumo é a fonte da riqueza da nação e esta só pode aumentar na medida em que aquele aumente também, o que só seria possível com a supressão dos impostos que pesam sobre os consumidores.”

BOLSA DE VALORES. “Em suas origens, as Bolsas de Valores confundiam-se com as Bolsas de Mercadorias, mas a partir do século XVIII, com o extraordinário aumento das transações com valores mobiliários e, sobretudo, com o surgimento e posterior desenvolvimento das sociedades por ações, iniciou-se um processo de especialização do qual resultou o aparecimento de Bolsas dedicadas exclusivamente a operações com títulos e ações.”

BORTKIEWICZ, Ladislaus Von (1868-1931). Suas críticas à teoria dos juros de Böhm-Bawerk, Der Kardinalfehler der Böhm-Bawerk Zinstheorie (O Principal Erro da Teoria dos Juros de Böhm-Bawerk), foram publicadas em 1906. Bortkiewicz acreditava que as teses apresentadas pela <teoria da produtividade> (do capital) haviam sido definitivamente refutadas por Böhm-Bawerk, mas a explicação alternativa deste também não era satisfatória. De acordo com Böhm-Bawerk, métodos de produção mais longos eram tecnicamente mais produtivos do que métodos mais curtos, de tal forma que bens de capital atuais poderiam proporcionar maiores quantidades de bens de consumo do que capitais futuros: eis aí a fonte do juro do capital. Mas, argumenta Bortkiewicz, se compararmos 2 investimentos, do mesmo montante e composição e iniciados em momentos diferentes com a mesma eficiência, cada um deles produzirá a mesma quantidade de produto, só que em momentos diferentes. Portanto, a superioridade alegada por Böhm-Bawerk dos bens de capital presentes sobre os futuros não passa de um simples intervalo de tempo, o que, por si só, não explica a origem dos juros. Em seguida, Bortkiewicz trata de uma outra explicação proposta por Böhm-Bawerk: a escassez de capital. A crítica é que tal escassez só pode ser temporária e devida a erros de previsão. Uma vez que o capital, de acordo com Böhm-Bawerk, não é outra coisa que <um produto intermediário>, a ação dos mecanismos de mercado nivelariam a escassez ou excessos dos diferentes capitais nos diferentes setores. As críticas a Böhm-Bawerk levaram Bortkiewicz a examinar as críticas daquele a Marx, sobre a origem do lucro e sobre a questão da transformação de valores em preços de produção. Apoiando-se nas contribuições de Tugan-Barankowsky (1905) sobre o tema, Bortkiewicz desenvolve uma sugestão, indicada pelo próprio Marx, de que o valor do capital constante e do capital variável deveria ser transformado em preços, da mesma maneira que o valor do produto. Dessa forma, poder-se-ia determinar simultaneamente preços e taxa de lucro. Apesar de todos esses enfoques, não se deve concluir que Bortkiewicz tivesse uma posição objetivista em teoria econômica. Admitia que tanto as influências objetivas como subjetivas (marginalistas) deveriam ser consideradas na determinação dos preços. Quanto à origem do lucro (e dos juros), sustentava que Marx tivera a visão correta de que o lucro tem origem na mais-valia, o que permite que as mercadorias sejam trocadas por seu valor. Isto é, o lucro não surgiria da elevação do preço de uma mercadoria no momento de sua venda, nem devido aos <serviços produtivos do capital>. Bortkiewicz não considera o lucro, no entanto, como o fruto da exploração, mas como uma <dedução> do valor de uma mercadoria.” [?]

BOTERO, Giovanni (1540-1617). Economista italiano da Renascença, defensor do mercantilismo e do industrialismo. Em sua obra Delle Cause della Grandezza e Magnificenza delle Città (Sobre as Causas da Grandeza e da Magnificência das

Cidades), 1558, critica as idéias do inglês John Halles, seu contemporâneo, defendendo a tese de que o número de habitantes de um país depende da massa de meios de subsistência disponíveis. Com isso foi, de certa forma, um precursor de Malthus. Aconselhava também que se incrementasse, ao lado da agricultura, a produção industrial.”

BOULDING, Kenneth Ewart (1910-[1993]). (…) em seu primeiro livro, Economic Analysis (Análise Econômica), 1941, procurou sintetizar a teoria econômica neoclássica e keynesiana num só corpo teórico.”

BOURBON. Variedade de café desenvolvida no Brasil e que se apresenta como: Bourbon Amarelo (tem todas as características do Bourbon Comum, só que o fruto é amarelo), Bourbon Caturra (uma variedade de elevada produção, de arbusto pequeno e resistente ao sol), Bourbon Pontiagudo (crescimento lento do arbusto e de baixa produtividade), Bourbon Santos (denominação do café cuja origem é a semente Moka; depois do terceiro ou quarto ano de colheita, a semente muda de formato, tornando-se menos arredondada e mais plana, recebendo a denominação de Flat Bean Santos, sendo um café barato e utilizado para mesclas.”

BRACERO (Sistema). Programa iniciado durante a Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos para compensar a falta de mão-de-obra na agricultura americana. Consistiu na importação de mão-de-obra mexicana (os braceros), a fim de que os salários não subissem em demasia nos períodos de colheita, especialmente nos Estados do Texas e da Califórnia. Desde então, o termo designa mão-de-obra não especializada de trabalhadores agrícolas. Esses trabalhadores também foram denominados espaldas mojadas (costas molhadas), sendo que, para migrar durante a época de colheita nos Estados Unidos, tinham de atravessar, geralmente de forma clandestina, o rio Grande, que separa os dois países.”

BREAK EVEN RULE. Expressão em inglês utilizada na indústria cinematográfica que designa a regra de que um filme deve gerar de receita aproximadamente 3 vezes seu custo de produção para alcançar o ponto de equilíbrio econômico-financeiro.”

BRENTANO, Lujo (Ludwig Josef) (1844-1931). “Interessou-se pela história dos sindicatos, que rastreou até as corporações de ofício (guildas) medievais em seu livro On the History and Development of Guilds, and the Origin of Trade Unions (Sobre a História do Desenvolvimento das Guildas e a Origem dos Sindicatos). Outro ponto analisado e de grande interesse foram as discussões sobre os efeitos positivos na produtividade da redução da jornada de trabalho. (…) Como pretendia resolver a questão social sempre nos limites do sistema econômico existente, rejeitava as posições de Marx e dos social-democratas alemães do século XIX. (…) Outros campos de estudo de Brentano foram as teorias da população de Malthus e a teoria do valor, tendo ele se inclinado pela concepção marginalista.”

BROFENBRENNER, Martin (1914- ). Embora Brofenbrenner seja um economista neoclássico treinado em Chicago, sua contribuição à teoria da distribuição da renda modifica aquela concepção de tal forma que é capaz de equacionar tanto questões levantadas pela economia clássica quanto pela neomarxista. Foi um dos primeiros a desenvolver análises do desenvolvimento econômico japonês. Entre suas obras mais importantes, citam-se Income Distribution Theory (Teoria da Distribuição da Renda), 1971, e Macroeconomic Alternatives (Alternativas Macroeconômicas), 1979.”

BÜCHER, Karl (1847-1930). Historiador e economista alemão, representante da Jovem Escola Histórica, que é basicamente descritiva. (…) Entre suas obras destacam-se Die Entstehung der Volkswirtschaft (O Surgimento da Economia Política), 1893; Beiträge zur, Wirtschaftsgeschichte (Contribuições à História da Economia), 1922.

BUKHARIN, Nikolai Ivanovitch (1888-1938). Economista e político russo, um dos principais teóricos do Partido Bolchevista. Sua principal obra, O Imperialismo e a Economia Mundial (1915), precedeu o estudo de Lênin sobre a mesma questão. Publicou também A Economia da Renda (crítica ao marginalismo, em 1914), A Economia do Período de Transição (1918), O ABC do Comunismo (1919, com Preobrajensky) e Teoria do Materialismo Histórico (1921). Posicionou-se contra as medidas de Stalin durante a coletivização forçada da agricultura e defendeu o prolongamento da Nova Política Econômica (NEP), instituída por Lênin após o comunismo de guerra. [o comunismo soviético ou ‘socialismo real’ jamais deixou de ser ‘de guerra’…] Advogou também a continuidade, ainda que por certo período, da pequena produção camponesa, como compatível com a construção do socialismo. Foi fuzilado em 1938, durante um dos grandes expurgos de Stalin, e reabilitado em 1988 durante o governo de Mikhail Gorbatchev.”

BUSHEL. “um bushel de sal pesa mais do que um bushel de carvão, de tal forma que os americanos resolveram fixar um peso para cada bushel de cada mercadoria a ser medida, e assim ele só varia se for ‘raso’ ou ‘cheio’.” Gringuice.

CADERNETA DE POUPANÇA. “Com a extinção do BNH, decretada pelo Plano Cruzado 2, em novembro de 1986, a caderneta de poupança foi perdendo sua finalidade de instrumento de financiamento da casa própria para transformar-se em mecanismo de financiamento da dívida pública. Mesmo assim, estimulados pelos altos juros nominativos, nos períodos de alta inflação de 1988 e 1989, os depósitos em caderneta de poupança continuaram a crescer. Em fevereiro de 1990, um mês antes da instituição do Plano Collor, os depósitos em caderneta de poupança chegaram a representar 25% dos ativos financeiros do país. Com o desestímulo provocado pelo Plano de Estabilização Financeira aplicado em março de 1990, quando grande parte de seus valores foram <bloqueados> pelo governo, os depósitos em caderneta de poupança começaram naturalmente a decrescer. Em maio do mesmo ano, eles representavam apenas 20% dos ativos financeiros.”

CAIRNES, John Elliott (1823-1875). Economista irlandês conhecido como <o último dos economistas clássicos>, representante da Escola Econômica Clássica inglesa. Sua obra principal, The Character and Logical Method of Political Economy (O Caráter e o Método Lógico da Economia Política), de 1857, enfatiza a importância do método dedutivo e é considerada um tratado definitivo sobre a metodologia da Escola Clássica. O livro fez parte de uma longa controvérsia quanto ao objeto e método da economia política, mantida por Cairnes com Stuart Mill e Nassau Senior. Cairnes aplicou seu método em estudos como The Slave Power (O Poder Escravo), de 1862, em que analisou as conseqüências sociais de uma economia baseada no escravismo, influenciando a opinião pública inglesa em favor dos Estados do Norte na Guerra Civil norte-americana. O livro é considerado um exemplo de interpretação econômica da História feita independentemente do marxismo. Em Some Leading Principles of Political Economy Newly Expounded (Alguns Princípios Condutores da Economia Política Expostos de Maneira Nova), de 1874, Cairnes fez uma rigorosa exposição dos fundamentos da Escola Clássica inglesa, abalados com o abandono da teoria do fundo de salário por Mill, em 1869.

CAIRU, Visconde de (José da Silva Lisboa) (1756-1835). Discípulo de Adam Smith, escreveu Princípios de Economia Política (1804), primeira obra do gênero em português e na qual divulga as idéias de Smith, Malthus e Ricardo. Publicou ainda Observações sobre o Comércio Franco no Brasil (1808-1809), Observações sobre a Franqueza da Indústria e Estabelecimento de Fábricas no Brasil (1810), Observações sobre a Prosperidade do Estado pelos Liberais Princípios da Nova Legislação do Brasil e Refutação das Declamações contra o Comércio Inglês (1810), Ensaios sobre o Estabelecimento dos Bancos para o Progresso da Indústria e Riqueza Nacional (1811), Extrato das Obras de Burke (1812).”

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. “O PIS, um programa de participação dos empregados nos lucros das empresas, foi instituído em 1970. Seu primeiro exercício financeiro ocorreu em 1971-1972. A finalidade do PIS é proporcionar a formação de patrimônio individual do empregado e estimular a poupança em todos os níveis, corrigindo deformações na distribuição de renda e possibilitando acumulação de recursos a serem aplicados no aumento da produção nacional. A partir de 1974, os recursos do PIS, juntamente com os do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), passaram a ser aplicados pelo então Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), hoje Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Desde então, cabe à Caixa apenas reaplicar parte dos recursos do PIS, já alocados para financiamentos de capital de giro, repassando-se ao BNDES as amortizações dos empréstimos anteriores concedidos para capital fixo. O FAS, que entrou em vigor em 1975, concentra seus recursos nas áreas sociais básicas — educação, saúde e saneamento, previdência, assistência social e trabalho —, movimentando recursos originários da renda líquida das loterias, de dotações orçamentárias da União, de operações de repasse e financiamento, e, ainda, dos resultados operacionais da Caixa”

CAMPANELLA, Tommaso (1568-1639). Filósofo e reformador social italiano. Monge dominicano, foi perseguido pela Inquisição por suas idéias igualitárias. Defendeu a partilha das terras feudais e, depois de liderar uma rebelião camponesa na Calábria, ficou preso por 27 anos. Influenciado por Platão, escreveu La Città del Sole (A Cidade do Sol), 1623, obra que descreve uma sociedade ideal, caracterizada pela comunhão de bens e de mulheres.”

CANNAN, Edwin (1861-1935). Economista inglês, renomado por seus estudos de história das doutrinas econômicas e sobretudo pela edição crítica e comentada de A Riqueza das Nações, de Adam Smith; o texto dessa obra por ele estabelecido em 1904 tornou-se padrão de todas as edições posteriores. Publicou ainda, em 1896, as conferências do mesmo autor (Lectures on Justice,

Police, Revenue and Arms) e escreveu Theories of Production and Distribution (Teorias da Produção e da Distribuição), 1924, e A Review of Economic Theory (Retrospecto da Teoria Econômica), 1929.”

CANTILLON, Richard (1680-1734). Banqueiro e economista francês de origem irlandesa, precursor dos fisiocratas e de Adam Smith. Seu Essai sur la Nature du Commerce en Général (Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral), conhecido desde 1730, mas só publicado em 1755, expõe as contradições do mercantilismo então vigente. A obra esteve por muito tempo esquecida e foi redescoberta por Stanley Jevons, no final do século XIX. É considerada a mais sistemática exposição dos princípios econômicos que se fez antes de A Riqueza das Nações, de Adam Smith. Cantillon começa por definir a terra como única fonte de riqueza, na forma de um excedente econômico (acima dos custos de produção), e o trabalho como força geradora dessa riqueza. Trata, em seguida, dos problemas monetários, das trocas e dos juros. Estuda ainda o comércio exterior, o câmbio, os bancos e o crédito.”

CAPITAL. É um dos fatores de produção, formado pela riqueza e que gera renda. É representado em dinheiro. O capital também pode ser definido como todos os meios de produção que foram criados pelo trabalho e que são utilizados para a produção de outros bens. Assim, o capital de uma empresa ou de uma sociedade, por exemplo, é constituído pelo conjunto de seus recursos produtivos que foram criados pelo trabalho humano. Os recursos naturais, como a terra, por exemplo, não são considerados capital. O conceito de capital abrange somente os meios de produção social, ou seja, aqueles utilizados em atividades que se inserem na divisão do trabalho.”

A teoria marxista distingue ainda entre capital constante e capital variável. Capital constante é aquela parte do valor do capital empregada na compra dos meios de produção: máquinas, matérias-primas e outros materiais. O valor desse capital não sofre alteração durante o processo de produção, não podendo, pois, constituir a fonte do aumento do capital inicial. O capital variável é a quantidade de capital gasto na compra da força de trabalho e tem seu valor aumentado no processo de produção. Esse aumento se efetua por meio da obtenção da mais-valia, o que faz do capital variável o responsável pelo aumento do capital inicial. O conceito inicial de capital remonta ao período de desenvolvimento comercial da Idade Média, quando foram criadas novas formas de escrituração mercantil para o controle dos negócios. Nessa época, capital designava a quantia de dinheiro com que se iniciava qualquer atividade comercial. À medida que seu uso foi se consolidando, seu significado foi ganhando conotações mais amplas: assim, após os grandes descobrimentos, representava o acervo das companhias comerciais ou as parcelas de dinheiro com que os associados contribuíam para a formação de uma companhia. Capital era dinheiro investido, nada tendo a ver com os bens nos quais o dinheiro fora aplicado. Alguns séculos depois, Adam Smith apontou diferenças entre o capital social e o capital individual. Da totalidade das riquezas do homem, uma parte é utilizada para suprir suas necessidades individuais; outra pode ser utilizada para obter renda ou lucro. A primeira parte constitui apenas consumo cotidiano. A parcela destinada à obtenção de renda constitui capital. Para que dê lucros, deve ser investido em alguma atividade econômica, saindo da posse de seu investidor para retornar depois.”

CAPITALISMO TARDIO [= TECNOCRACIA]. “No plano ideológico, o capitalismo tardio substituiu a crença no individualismo e na competição sem limites pela fé na ciência e na técnica, cujos princípios devem organizar e planejar a sociedade e a economia.”

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS. “A crise do sistema deu-se devido à falta de capital dos donatários para desenvolver, povoar e defender as capitanias e à rebeldia dos colonos. O sistema de capitanias hereditárias vigorou de 1534 até a época pombalina (1750-1777).”

CARAT. “A expressão <ouro de 18 carats> significa que o ouro possui um toque de 18/24, isto é, consiste em 18 partes de ouro puro e 6 partes de outro metal que constitui a liga.”

CICLO DO CACAU. “O Brasil logo se tornou o primeiro produtor mundial, o que veio fortalecer o predomínio, em escala regional, da figura do <coronel> do Sul da Bahia, plantador de cacau. Posteriormente, a liderança mundial passou à Costa do Ouro (atual Gana) e à Nigéria. Na década de 70, porém, em decorrência do aprimoramento técnico no cultivo, o Brasil voltou a ocupar o primeiro lugar na produção mundial de cacau.”

CLIOMETRIA. Denominação do conjunto de estudos e pesquisas sobre história que se utiliza da econometria. A denominação vem de Clio, a deusa inspiradora dos estudos do passado e suas medições quantitativas. Foi iniciada por economistas americanos durante os anos 60 e 70 em pesquisa sobre o papel que as ferrovias tiveram no desenvolvimento dos Estados Unidos no século XIX. Existem controvérsias sobre a denominação da disciplina, alguns preferindo História Econométrica, História Quantitativa ou Nova História Econômica.”

COLETIVISMO. Sistema político-social baseado no controle da atividade econômica pela coletividade ou pelo Estado. Os coletivistas negam a propriedade privada dos meios de produção e afirmam que só vivendo em comunidade e a ela se submetendo é que os indivíduos podem ser efetivamente livres e realizar todas as aptidões pessoais. De inspiração socialista, foi enfatizado sobretudo pelas correntes anarquistas, cujo coletivismo tem como base a autogestão política e econômica a partir dos locais de trabalho. O coletivismo de inspiração marxista enfatiza o papel transitório do Estado como instrumento de planificação e coordenação econômica.”

COLÔNIA CECÍLIA. Comunidade agrícola de inspiração anarquista criada em 1890 no município de Palmeira (Paraná). Seu principal fundador foi o agrônomo italiano Giovanni Rossi, que conseguiu do imperador dom Pedro II a doação das terras para a organização da colônia. Chegou a agrupar cerca de 300 pessoas e existiu até 1893. A experiência foi narrada por Rossi em Quaderni della Libertà, revista publicada em São Paulo em 1932.”

COLONIALISMO. Sistema de relações econômicas, políticas, sociais e culturais que tornam dependente uma sociedade (a colônia) em relação a outra (a metrópole). Pressupõe assim a perda da autonomia de territórios colonizados, sob ocupação militar e totalmente subordinados à metrópole. Nesse sentido, o colonialismo apresenta- se como um fenômeno resultante da Revolução Comercial européia (séculos XV e XVI), que atingiu o apogeu no século XIX, prolongando-se até os anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial. Durante esse período, utilizando formas diferentes de dominação, Portugal, Espanha, Holanda, Bélgica, Alemanha, França e Inglaterra construíram seus impérios coloniais. No primeiro momento (séculos XVI e XVII), a expansão colonial correspondeu à necessidade de conquistar fontes fornecedoras de produtos (metais preciosos, especiarias, açúcar e outros produtos tropicais) indispensáveis ao comércio europeu em desenvolvimento. Assim se deu a colonização da América, da Ásia e a primeira colonização da África. A segunda fase do colonialismo (segunda metade do século XIX) diz respeito às transformações verificadas no âmbito do modo de produção capitalista. A produção em larga escala levou à exportação de capitais, à conquista de novos mercados consumidores e ao controle de fontes fornecedoras de matérias-primas: petróleo, borracha, minérios e produtos tropicais. Deu-se então a nova partilha da África, a penetração na China e a dominação inglesa na Índia — e a hegemonia das metrópoles do capitalismo sobre a vida econômica, política e cultural de países de passado colonial que, depois da independência, continuavam como fonte de produtos primários para o mercado mundial.”

COLONO. “Trabalhador solteiro não era aceito como colono. Como pagamento para cuidar do cafezal — em geral 5 mil pés de café —, o colono recebia um pagamento em dinheiro, casa e um lote de terra, onde plantava milho, feijão, arroz, hortaliças e criava animais. Segundo Thomas Holloway, no início do século XX cerca de 80% dos ganhos do colono eram provenientes de rendas não salariais. Isto é, consistiam na remuneração representada pela casa e pelo que lhe rendiam os gêneros produzidos na terra cedida pelo dono do cafezal. Parte dessa produção era vendida nas pequenas cidades do interior paulista, possibilitando ao colono certa acumulação. Com esses recursos ele podia adquirir uma gleba de terra e tornar-se um pequeno proprietário. Os primeiros contingentes de colonos eram formados de imigrantes europeus, sobretudo italianos, que vieram para o Brasil no final do século XIX e início do século XX. Formaram o primeiro mercado consumidor potencial de artigos produzidos no Brasil, contribuindo decisivamente para o crescimento das atividades fabris em São Paulo.”

COMPANHIA GERAL DO GRÃO-PARÁ E MARANHÃO. Instituição do comércio ultramarino português criada em junho de 1755 por iniciativa do marquês de Pombal. Teve influência decisiva na valorização da economia do Norte do Brasil, onde introduziu a mão-de-obra escrava, vendendo 26 mil africanos a juros baixos e, depois, sem juros. Financiou o cultivo de arroz branco e a comercialização das chamadas “drogas do sertão” (cacau, cravo, baunilha etc.). Detinha o monopólio comercial dos produtos da metrópole (vinhos, manteiga, azeite etc.), sendo por isso muito combatida pelos comerciantes da colônia. Foi dissolvida por dona Maria I, em 1777, ao terminar seu prazo legal de funcionamento.”

COMPANHIA HOLANDESA DAS ÍNDIAS OCIDENTAIS. Sociedade por ações formada em 1621 com capitais de mercadores e apoiada pelo governo das Províncias Unidas dos Países Baixos (Holanda). Tinha o monopólio do comércio holandês com as Américas e a África, além da prerrogativa de conquistar territórios e administrá-los. Foi a serviço dessa companhia que os holandeses ocuparam o Nordeste brasileiro na primeira metade do século XVII. Sob sua orientação também se estabeleceram colônias na América do Norte, nas Antilhas e na África, depois perdidas para Portugal, Espanha e Inglaterra. Dedicada desde 1675 ao tráfico de escravos, a companhia foi extinta em 1794, depois de ser encampada pelo governo holandês.”

COMPANHIA HOLANDESA DAS ÍNDIAS ORIENTAIS. Sociedade por ações fundada em 1602 por um grupo de banqueiros e mercadores holandeses com o apoio do governo. Monopolizava o comércio com o Oriente, conquistava territórios e administrava-os em nome do governo holandês. Expulsou os portugueses de vários pontos da Ásia, dominando praticamente toda a Indonésia, as ilhas Molucas e o Ceilão, de onde levava para a Europa cravo, canela, noz-moscada, chá, café, metais e tecidos. Teve grande prosperidade até meados do século XVIII, quando os dividendos pagos aos acionistas chegavam a 50%. Entrou em decadência a partir de 1750 devido à concorrência de outras nações na expansão colonial, e foi extinta em 1798.”

COMPANHIAS DAS ÍNDIAS ORIENTAIS. Companhias comerciais de capital privado, apoiadas por governos europeus do século XVII e voltadas para a comercialização monopolista dos produtos trazidos do Oriente (Índia, Indonésia, Molucas, Ceilão, China) após a descoberta da rota marítima para as Índias por Vasco da Gama. As companhias mais importantes foram a inglesa e a holandesa, mas todas competiam para a obtenção da hegemonia comercial da região e a conquista de territórios para a implantação de colônias. A Companhia Inglesa das Índias Orientais (1600-1858) dominou o comércio com a Índia, além de controlar a quase totalidade do território indiano. [só acredito vendo] William Pitt restringiu seu poder em 1784, e, em 1858, suas prerrogativas foram transferidas à Coroa inglesa.”

COMPANHIAS DE COMÉRCIO. “No Brasil colonial, a primeira sociedade comercial portuguesa foi a Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649), inspirada pelo padre Antônio Vieira, conselheiro de dom João IV. Tinha o monopólio sobre o vinho, o azeite, a farinha, o bacalhau e a venda do pau-brasil, e podia proibir a fabricação de produtos que concorressem com os da metrópole. Além dela, foram criadas a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão (1755) e a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba (1759), voltadas para o controle do comércio regional com Lisboa. As companhias privilegiadas, em escala mundial, desapareceram definitivamente no século XIX”

COMPOSIÇÃO ORGÂNICA DO CAPITAL. (Marxismo) “A composição orgânica do capital resulta da relação de proporcionalidade existente entre o capital constante (c) e o capital variável (v), expressa na fórmula COC = c/(c+v). (…) No mundo atual, a tendência das empresas capitalistas orienta-se no sentido de elevar a composição orgânica do capital, com maior utilização de maquinarias e utensílios e um consumo maior de matérias-primas (elementos que compõem o capital constante); em contrapartida, vem ocorrendo uma queda relativa no volume de mão-de-obra utilizada (capital variável). (…) Para compreender a relação da composição orgânica do capital com a taxa de lucro, devem ser consideradas a rotação de capital e a taxa de mais-valia. Tendo isso em vista, pode-se afirmar que quanto mais alta for a composição orgânica do capital, menor será a taxa de lucro, e quanto mais alta for a mais-valia e mais intensa a rotação do capital, maior será a taxa de lucro.”

COMUNA. Comunidade de caráter igualitário, criada com objetivos econômicos e políticos. A comuna popular é a unidade econômico-administrativa característica da zona rural chinesa. A organização comunal na China processou-se a partir de 1958 como meio de promover a coletivização da agricultura. A comuna é proprietária dos meios de produção (terra e instrumentos de trabalho) e tem a seu cargo o governo local, a organização da produção, do abastecimento e dos serviços de educação e saúde. Na Idade Média européia, comunas eram as cidades autônomas, particularmente na Itália e em Flandres. Eram governadas por mercadores ricos e estavam voltadas para a defesa dos seus habitantes (comerciantes e artesãos). A autonomia das comunas decorreu de freqüentes revoltas de seus habitantes contra o senhor da cidade (bispo ou barão), e também da compra desse direito, por meio de vultosas quantias. O termo ‘comuna’ também designa os governos revolucionários que se instalaram na França durante a revolução de 1789 e 1871 (a Comuna de Paris). Nesta última, as massas parisienses, influenciadas por ideais socialistas, sublevaram-se contra o governo conservador em decorrência da derrota sofrida pela França na guerra com a Prússia.”

COMUNISMO. “Na França, até os acontecimentos da Comuna de Paris (1871), o movimento insurrecional de tendência comunista esteve ligado basicamente às idéias de Auguste Blanqui, partidário dos métodos conspirativos de François Babeuf (Gracchus). Novas abordagens da questão social na sociedade capitalista surgiram a partir de 1848, após os levantes operários na França e na Alemanha. Então, as idéias dos socialistas utópicos perdiam influência e 2 tendências passavam a disputar a hegemonia dos movimentos comunista e operário: os partidários de Karl Marx e Friedrich Engels (fundadores do socialismo científico) e os partidários de Joseph Proudhon, um dos pioneiros do anarquismo.” “Mais tarde, o movimento comunista contemporâneo passou por divergências que ganharam várias tendências opostas, cada uma delas atribuindo a si própria a maior fidelidade ao pensamento de Marx e Engels. Assim ocorreu na divergência entre Lenin e os representantes da II Internacional, no rompimento entre Stalin e Trotski, na denúncia de Stalin por Kruschev, nas divergências e conflitos entre a União Soviética e a China, entre esta e a Albânia e no afastamento dos dirigentes do eurocomunismo em relação aos soviéticos.”

COMUNISMO DE GUERRA. Conjunto de medidas de rígido controle político e econômico adotadas pelos bolcheviques após a Revolução Russa para enfrentar a guerra civil e a intervenção estrangeira. Abrange o período que vai de outubro de 1917 ao final de 1921, quando as forças brancas, apoiadas por tropas inglesas, francesas e japonesas, tentavam impedir a consolidação da revolução socialista liderada por Lenin e Trotski.” “A produção industrial reduziu-se a 1/5 da anterior à guerra e a produção de carvão ficou apenas em 1/10 da normal. A população de Moscou ficou reduzida à metade e a de Petrogrado diminuiu em 70%. Com a devastação dos campos e a resistência dos camponeses em aceitar o confisco das colheitas — que reduzia as provisões familiares dos pequenos e médios agricultores —, a fome matou milhões de pessoas.” Fonte? Quantos milhões?

CONVERSÃO DE DÍVIDA. Troca de títulos de dívida pública, vencidos ou a vencer, por outros com vencimentos a prazo mais longo. Equivale, na prática, a uma rolagem da dívida, já que seu vencimento é ‘empurrado’ para o futuro. No que se refere à dívida externa de um país, pode consistir na transformação de parte dessa dívida em capital de risco, operação que geralmente implica um deságio no ato de conversão.”

COROA. Unidade monetária da Islândia (Nova Coroa Islandesa; Submúltiplo: aurar), da Dinamarca (Coroa Dinamarquesa; submúltiplo: ore), da Noruega (Coroa Norueguesa; submúltiplo: ore), da Suécia (Coroa Sueca; submúltiplo: ore), da República Tcheca (Coroa Tcheca; submúltiplo: haléru). Territórios e dependências: Groenlândia (Dinamarca, Coroa — ore), Ilhas Faroë (Dinamarca, Coroa — ore), Sual Bard (Noruega, Coroa — ore).”

COSSA, Luigi (1831-1896). Nasceu na Itália e foi professor de economia política na Universidade de Pádua, de 1858 até sua morte. Sua influência se exerceu menos pela obra que produziu diretamente e mais pelos alunos que teve. É considerado um dos ‘socialistas de cátedra’ italianos e como tal foi acusado por Ferrara de ser ‘germanófilo, socialista e corruptor da juventude italiana’. Cossa foi muito influenciado por Roscher — com quem estudou — e aceitava a idéia da relatividade histórica das leis econômicas. Também admitia que o protecionismo, em certos casos e condições, permitia grande progresso da indústria. A fama de Cossa deve-se também, em boa medida, aos ensaios bibliográficos que publicou, como o Guida allo Studio dell’Economia Politica (Guia para o Estudo da Economia Política), 1876, reeditado com ampliações em 1892, com o título Introduzione allo Studio dell’Economia Política (Introdução ao Estudo da Economia Política).”

COSTA, Artur de Sousa (1893-1957). “Ocupou a pasta da Fazenda de 1934 até a deposição de Vargas, em 1945. Nesse período, empreendeu a reforma tributária e reorganizou o sistema de arrecadação de impostos, gerando recursos para o Estado impulsionar o processo de industrialização do país. Entre 1940 e 1944, efetuou a renegociação da dívida externa brasileira, tendo antes suspenso o pagamento de juros e parcelas de amortização aos credores. Nessa época introduziu o regime de câmbio livre, criou o Banco de Crédito da Borracha, fundou a Companhia Vale do Rio Doce e instituiu o cruzeiro como padrão monetário brasileiro. Foi também o criador da Cacex (Carteira de Exportação do Banco do Brasil) e da Sumoc (Superintendência da Moeda e do Crédito).”

COURNOT (1801-77). “Seu livro Recherches sur les Principes Mathématiques de la Théorie des Richesses (Pesquisas sobre os Princípios Matemáticos da Teoria das Riquezas), de 1838, é considerado o ponto de partida da teoria matemática em economia.” “As aplicações matemáticas de Cournot aos problemas do preço no regime de concorrência perfeita, de monopólio ou do que se conhece hoje como duopólio foram esquecidas por muito tempo e só retomadas por marginalistas como Jevons e Walras.” Mau sinal.

CRISE DO XENXÉM. Crise sofrida pelo sistema monetário brasileiro logo depois de proclamada a independência em 1822 e que durou até 1835. Sua eclosão deveu-se basicamente ao fato de D. João VI e sua corte, ao voltarem para Portugal em abril de 1821, terem levado todas as reservas metálicas do Tesouro, obrigando o Ban co do Brasil a emitir papel-moeda sem lastro. A aceitação cada vez mais precária desse tipo de moeda fez com que desaparecessem aquelas de ouro e prata de circulação, levando D. Pedro I a autorizar particulares a cunhar moedas de cobre cujo valor nominal era superior ao seu peso legal de 10 réis por oitava. As moedas de cobre assim cunhadas eram denominadas ‘xenxém’. Para ter uma idéia da desproporção entre o valor nominal e o valor do cobre no qual as moedas eram cunhadas, basta examinar o discurso do deputado Lino Coutinho, na Câmara dos Deputados em 20/5/1826, que encaminhava um projeto para resolver a crise do xenxém: ‘…uma libra de cobre custa dezoito vinténs e, cunhada, produz o valor de dois mil réis’. Na época, 18 vinténs equivaliam a 360 réis.”

CUM RIGHTS. Expressão anglo-latina que significa que o portador de um título goza de todos os direitos que este título contém.” Belo duplo sentido!

CUNHAGEM. “As civilizações antigas alcançaram esse estágio de desenvolvimento, fundamental para o início do processo de cunhagem, no século VIII a.C., embora as primeiras notícias de cunhagem datem do século VII a.C.: a Lídia (Ásia Menor) já nessa época produzia peças de uma liga de ouro e prata chamada electrum. A escolha dos metais era determinada mais pelas necessidades econômicas imediatas e pelas oportunidades do que por ordens dos governantes. O desenvolvimento do comércio, no entanto, superou as limitações ditadas pela distribuição geográfica dos metais, cuja escolha serviria de base material para a moeda. É por esta razão que na Grécia Antiga, assim como em Roma, depois da morte de César, moedas de ouro e prata foram cunhadas em substituição às de bronze. Na Idade Média, com a retração do comércio, apenas moedas de cobre e prata foram cunhadas, com exceção de uma cunhagem temporária de ouro durante a época carolíngia. Com o crescimento da demanda de moedas, as cunhagens de ouro foram retomadas com os florins florentinos, e os zecchini de Veneza. Desde então, o ouro constituiu-se no metal preferido para a cunhagem de moedas, e no comércio internacional na forma de lingotes. O desenvolvimento da técnica de cunhagem, no entanto, foi relativamente lento. Só a partir do século XVI a produção deixou de ser manual e passou a ser mecânica. Em 1786, Boulton introduziu a força a vapor na cunhagem, e em 1839, Ulhhörn inventou a prensa de cunhagem, que acelerou enormemente seu processo de fabricação. O desenvolvimento econômico proporcionado por esses avanços técnicos é digno

de nota. O custo de produção da cunhagem, que até o século XVIII oscilava entre 10 e 20% do valor da moeda, foi reduzido nas moedas de ouro a menos de 0,3%. As novas técnicas de cunhagem permitiriam também a uniformidade das moedas, o que facilitava a aceitação por seu valor de face, e não por peso, como ocorria em Roma, na Idade Média e mesmo na era moderna. A modernização das técnicas resolveu também um dos problemas mais graves do setor: a escassez de moeda.”

D. Pedro II de Portugal, cognominado ‘O Pacífico’ por Carta Régia de 8/3/1694 criou a Casa da Moeda na Bahia, a primeira do Brasil. Quatro anos depois ela foi transferida para o Rio de Janeiro.”

CUNHAGEM DECIMAL. Sistema de circulação monetária que utiliza a base dez. Quase todos os sistemas mundiais operam nessa base. A importante exceção era a Inglaterra, onde, até 1971, uma libra esterlina valia 20 xelins e cada xelim, 12 pence. A partir daquela data, a libra esterlina manteve o seu valor e foi dividida em 100 novos pence (p), que equivalem a 2,4 dos antigos.”

CURVA DE LEXIS. É a que representa a extinção gradual de uma mesma geração humana, anotando-se as idades nas abcissas e o número de sobreviventes nas ordenadas.”

CUT — Central Única dos Trabalhadores. Uma das centrais sindicais brasileiras, fundada em agosto de 1983 em congresso que contou com a participação de 5059 trabalhadores, delegados de sindicatos urbanos e rurais. No congresso, foi eleita uma coordenação composta de 86 membros, tendo como presidente o ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, Jair Meneguelli. A CUT e a CGT constituem as duas grandes centrais do movimento sindical brasileiro. Por seu programa e pelas greves e ações coletivas que tem patrocinado no campo e na cidade desde a sua origem, a CUT é considerada mais à esquerda do que a CGT.”

CYBERPHOBIA. Termo relacionado com os estudos dos impactos da incorporação do progresso técnico sobre os trabalhadores e que consiste no medo ou nas fobias causadas pela presença de computadores e aparelhos a eles relacionados nos locais de trabalho.” LOL

DARDANISMO. Palavra derivada de Dardanus, feiticeiro fenício que destruía as colheitas. Significa a destruição consciente de uma colheita ou produção agrícola, para que os preços não caiam por excesso de oferta e a lucratividade se mantenha satisfatória. No Brasil, o caso mais expressivo de dardanismo foi a queima do café nas fornalhas das locomotivas nos primeiros anos da década de 30”

DELFIM NETO. [O Wikipédia, hoje, grafa Delfim Netto, além de colocar sua data de nascimento como 1928 – segue vivo até este 4/3/24] USPiano que se dava bem com os militares? Isso não cheira bem: “em março de 1967, assumiu o Ministério da Fazenda, mantendo-se no cargo até março de 1974. (…) foi considerado o principal artífice do ‘milagre brasileiro’. Embora teoricamente ligado à escola monetarista neoclássica, ao liberalismo econômico e ao anti-estatismo, Delfim Neto utilizou-se amplamente dos instrumentos de intervenção estatal na economia. [Nada incomum em termos de ministros da economia brasileiros] Com o início do governo Geisel, em 1974, foi nomeado embaixador brasileiro na França.”

Para enfrentar a falência do ‘milagre’, a recessão do final da década de 70, valeu-se fundamentalmente de recursos técnicos monetaristas, enfatizando o controle dos salários como meio de combater a inflação. Com a elevação da dívida externa e diante da impossibilidade de o país saldar seus compromissos financeiros no exterior, conduziu as negociações com os credores estrangeiros e com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Esse fato e o agravamento da crise tornaram-no o principal alvo das críticas dirigidas ao governo Figueiredo.”

DESILUSÃO MONETÁRIA. Em contraposição à ilusão monetária, significa o desencanto quando, depois de um plano de estabilização, com a inflação se reduzindo muito, os consumidores percebem que os preços, embora estáveis, se encontram num patamar muito elevado em relação aos seus rendimentos. A expressão foi cunhada para refletir o que aconteceu no Brasil logo depois da implantação do Plano Real em 1º/7/1994.”

DOBB, Maurice Herbert (1900-1976). Economista marxista inglês. Elaborou uma análise teórica e histórica do desenvolvimento do capitalismo, além de trabalhos sobre a formação de salários, o cálculo econômico racional e a transformação dos sistemas econômicos. Professor do Trinity College da Universidade de Cambridge desde 1924, Dobb ocupa lugar de importância entre os economistas marxistas contemporâneos pelo rigor de suas análises e pela amplitude de sua obra; nela se destacam a teoria econômica, os problemas do socialismo e a história do desenvolvimento do capitalismo. Profundo conhecedor da teoria econômica neoclássica, criticou-a e rejeitou-a em seu livro Os Salários, 1926. Dobb foi um dos primeiros economistas a reconhecer a importância política da intervenção dos sindicatos e dos poderes públicos no estabelecimento de uma política de salários. Também foi um dos primeiros economistas ocidentais a estudar, desde o início, a economia socialista soviética, defendendo o socialismo centralizado em On Economic Theory and Socialism (Teoria Econômica e Socialismo), 1955.

Em seguida, porém, admitiu uma transição para uma economia descentralizada, realizando uma crítica à burocracia e discutindo os temas da democracia dos trabalhadores e da democracia econômica. Realizou ainda uma ampla análise econômica e histórica do desenvolvimento do capitalismo em Studies in the Development of Capitalism, 1946 (traduzido no Brasil como A Evolução do Capitalismo), na qual destaca as características do capitalismo contemporâneo. A obra traz à tona as novas funções econômicas do Estado e os problemas decorrentes do surgimento de um setor socialista mundial e das novas nações do Terceiro Mundo, voltadas para medidas de planejamento econômico e de capitalismo de Estado como meio de ultrapassar o atraso econômico.

Dobb analisou os problemas de crescimento econômico dos países do Terceiro Mundo e investigou as relações entre o crescimento econômico e as linhas gerais de política econômica em An Essay on Economic about Growth and Planning (Um Ensaio sobre o Crescimento Econômico e Planejamento), 1960. Além de publicar, junto com o economista Piero Sraffa, as obras completas de David Ricardo, escreveu os seguintes livros: Capitalist Enterprise and Social Progress (Empresa Capitalista e Progresso Social), 1925; Soviet Economic Development since 1917 (Desenvolvimento da Economia Soviética desde 1917), 1928; Economia Política e Capitalismo, 1937; Marx as Economist (Marx como Economista), 1943; Papers on Capitalism, Development and Planning (Estudos sobre o Capitalismo, Desenvolvimento e Planejamento), 1967; Welfare Economics and the Economics of Socialism (Economia do Bem-estar e Economia do Socialismo), 1969; Theories of Value and Distribution since Adam Smith (Teorias do Valor e da Distribuição desde Adam Smith), 1973.”

DRACMA. Antiga moeda cunhada em prata a partir do século IV a.C. e cujo valor, inicialmente, correspondia a 4,9g de prata, mas que, posteriormente, foi reduzido para 3,40g. É também unidade de medida de peso para pedras e metais preciosos, equivalente a 27,3437 grãos ou 1,771g, e que se mantém até hoje no sistema Avoirdupois. Atualmente, o Dracma é grafado com ‘Dram’ em inglês. É também a denominação da unidade monetária da Grécia, tendo como submúltiplo o ieptae.”

DU PONT DE NEMOURS, Pierre Samuel. Administrador, político e economista francês (1739-1817), um dos mais influentes membros do grupo dos fisiocratas. Discípulo de Quesnay, em 1764 publicou L’Importation et l’Exportation des Grains (A Importação e a Exportação de Cereais), defendendo as teses de Turgot em favor da liberdade do comércio internacional de cereais. Em 1765, tornou-se diretor do Journal de l’Agriculture, du Commerce et des Finances. Em 1768, publicou Origines et Progrès d’une Science Nouvelle (Origens e Progresso de uma Ciência Nova), considerado um excelente resumo da doutrina fisiocrática. Com a morte de Turgot em 1781, Du Pont de Nemours passou a ser a eminência parda de muitos políticos da época e autor da maior parte das reformas econômicas e administrativas que se processaram entre 1780 e 1789. Após a eclosão da Revolução Francesa, foi preso, exilando-se depois nos Estados Unidos, onde colaborou com Jefferson (1743-1826) num plano de educação nacional. De volta à França em 1809, ali permaneceu até 1814, quando se instalou definitivamente nos Estados Unidos. Neste país, deixou importantes descendentes, entre os quais o criador do grande complexo de indústrias químicas que leva seu nome.”

DÜHRING, Karl Eugen (1833-1921). Filósofo positivista alemão conhecido por atacar as concepções de Karl Marx e Friedrich Engels em seus escritos e conferências feitos a partir de 1870. Engels, por sua vez, escreveu em resposta o longo livro Herrn Eugen Dührings Umwälzung der Wissenschaft (A Subversão da Ciência pelo Senhor Eugen Dühring), 1878, conhecido como o Anti-Dühring, e que adquiriu grande importância para a teoria do materialismo dialético e histórico. O pensamento de Dühring alia ao positivismo de Comte a economia política de H.C. Carey, o materialismo mecanicista e o socialismo utópico. Foi professor na Universidade de Berlim de 1864 a 1877 e escreveu Kapital und Arbeit (Capital e Trabalho), 1865; Careys Umwälzung der Volkswirtschaftslehre und Sozialwissenschaft (Revolução de Carey na Teoria Econômica e na Sociologia), 1865; Kritische Geschichte der Philosophie (História Crítica da Filosofia), 1869; Cursus der National und Sozialökonomie (Curso de Economia Política e Social), 1873-1892, uma de suas obras de maior sucesso.”

ECONOMIA POLÍTICA. Ciência que estuda as relações sociais de produção, circulação e distribuição de bens materiais, definindo as leis que regem tais relações. Procura também analisar o caráter das leis econômicas, sua especificidade, sua natureza e suas relações mútuas. Nesse sentido, é uma ciência fundamentalmente teórica, valendo-se dos dados fornecidos pela economia descritiva e pela história econômica. Para atingir seu objetivo, a economia política recorre a um conjunto de categorias que formam seu instrumental teórico e a uma metodologia capaz de conduzir o investigador científico a um conhecimento objetivo do processo produtivo e de suas leis. Impossibilitada de recorrer à experimentação, como ocorre nas ciências exatas, a economia política vale-se da abstração, que se baseia na observação comparativa dos processos estudados. A partir daí, procura estabelecer as relações mais gerais, eliminando os aspectos secundários e ocasionais da problemática econômica. A síntese desse procedimento metodológico é a formulação de teorias econômicas que definem a posição de indivíduos e até mesmo de grupos sociais em face dos fenômenos e dos fatos econômicos.” “Esse estudo assumiu a denominação de economia política, sendo o termo ‘política’ sinônimo de ‘social’, segundo a tradição aristotélica de que o homem é um animal político, isto é, um animal social. Os estudos de economia política começaram com a escola mercantilista, cujos principais representantes foram Thomas Mun, Josiah Child e Antoine Montchrestien. Este último foi quem restabeleceu a nomenclatura grega: economia política. Avanço considerável dos estudos econômicos ocorreu com os fisiocratas no século XVIII (Quesnay, Turgot), conhecidos como les économistes, que, ao contrário dos mercantilistas, deslocaram o foco de sua análise da circulação para a produção, fundamentalmente para a produção agrícola. Com a escola clássica — William Petty, Adam Smith e David Ricardo —, a economia política definiu claramente seu contorno científico integral, passando a centralizar a abordagem teórica na questão do valor, cuja única fonte original foi identificada no trabalho, tanto agrícola quanto industrial. A escola clássica firmou os princípios da livre-concorrência, que exerceram influência decisiva no pensamento econômico capitalista. A escola marxista, fundada por Karl Marx e Friedrich Engels, seguindo a teoria do valor-trabalho, chegou ao conceito de mais-valia, fonte do lucro, do juro e da renda da terra. Centrando seu estudo na anatomia do modo de produção capitalista, o marxismo desvendou a lei principal desse sistema e forneceu a base doutrinária para o pensamento revolucionário socialista.”

A partir de 1870, a concepção ampla da economia política foi sendo paulatinamente abandonada, dando lugar a uma visão mais restrita do processo produtivo, que ficou conhecido como economia. Essa postura teórica foi iniciada pela escola neoclássica: William Stanley Jevons, Carl Menger, Léon Walras e Vilfredo Pareto. A abordagem abstrata de conteúdo histórico e social foi substituída pelo enfoque quantitativo dos fatores econômicos. A inovação mais importante na tradição neoclássica ocorreu com a obra de J.M. Keynes, que refutou a teoria do equilíbrio automático da economia capitalista, apresentando uma nova visão do problema do desemprego, dos juros e da crise econômica.” “No que diz respeito à economia política marxista, trava-se em seu interior um amplo debate (sobretudo no Ocidente), visando a aprofundar certos aspectos teóricos não desenvolvidos por Marx e também a levar adiante a análise crítica do capitalismo moderno.”

ECONOMIA PÓS-KEYNESIANA. “Seguindo as teses de Sraffa, alguns autores dessa corrente estudaram as tendências de longo prazo da economia capitalista e a divisão do excedente entre o capital e o trabalho e as contradições que cercam essas relações. Tais contradições criariam incertezas, o que impediria que uma economia crescesse num ritmo estável, correspondendo a todas as expectativas dos agentes. “

ENGELS, Friedrich (1820-1895). Pensador alemão, colaborador de Karl Marx na elaboração dos princípios do socialismo científico e do materialismo histórico. Abordou temas de filosofia, história, etnologia, ciências naturais, estratégia militar e economia política. Filho de um rico industrial alemão de Manchester (Inglaterra), seus trabalhos sobre economia antecedem as pesquisas de Marx sobre o modo de produção capitalista. Em 1843, escreveu o artigo Umrisse zur Kritik der Nationalökonomie (Esboços para uma Crítica da Economia Política), considerado por Marx — que só conheceria o autor no ano seguinte — uma obra profunda, que influenciaria sua teoria econômica. Em Die Lage der arbeitenden Klasse in England (A Situação da Classe Operária na Inglaterra), 1845, trabalho pioneiro de pesquisa de campo, Engels analisa as conseqüências sociais da Revolução Industrial nas condições de vida dos operários (condições que o levariam a tornar-se partidário de uma solução comunista desde 1845). Publicou com Marx Die Deutsche Ideologie (A Ideologia Alemã), 1845-6, e Die heilige Familie (A Sagrada Família), 1845. Às vésperas do movimento revolucionário europeu de 1848, ambos publicaram Das kommunistische Manifest (O Manifesto Comunista). Sozinho, publicou ainda Der deutsche Bauernkrieg (A Guerra Camponesa na Alemanha), 1850; Anti-Dühring, 1877; Der Ursprung der Familie, des Privateigentums und des Staates, 1884 (A Origem da Família, da Propriedade e do Estado); Ludwig Feuerbach und das Ende der Klassischen deutschen Philosophie (Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã), 1888; Die Entwicklung des Sozialismus von der Utopie zur Wissenschaft (Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico), 1892. Colaborou intensamente na redação do Livro Primeiro de O Capital, de Marx. Depois da morte do amigo, editou os livros Segundo e Terceiro da mesma obra, com numerosas notas explicativas, além de redigir o capítulo ‘Rotação do Capital’, do qual Marx deixara apenas o título. Como reconhecimento da contribuição de Engels à teoria econômica de Marx, passaram a ser editados, como apêndice de O Capital, dois trabalhos econômicos de sua autoria: Lei do Valor e Taxa de Lucro e A Bolsa.”

ESCOLA AUSTRÍACA. Também conhecida como Escola de Viena, a Escola Austríaca é constituída por um grupo de economistas que lecionou na Universidade de Viena e sustentou algumas idéias comuns, mais tarde englobadas no Marginalismo. Nascida com Carl Menger (1840-1921), a escola continuou com Friedrich von Wieser (1851-1926) e Eugen von Böhm-Bawerk (1851-1914). A tradição austríaca encontra-se também nos trabalhos de Ludwig Edler von Mises (1881-1973), de Friedrich August von Hayek (1899-[1992]) [tudo riquinho: von isso, von aquilo!] e de John Richard Hicks (1904-[1989, o inglês infiltrado do bando]). O ponto de partida de Carl Menger consistiu em chamar a atenção para os fundamentos psicológicos do valor, voltando a certas idéias de Condillac, que criticava os economistas clássicos que pesquisavam a origem do valor nas coisas e não no homem. Baseando-se nessa idéia, Menger constatou que a intensidade de um desejo decresce com sua satisfação e daí concluiu que o valor de um bem (supondo que ele seja divisível, como um pedaço de pão) é determinado por sua última porção, ou seja, por sua porção menos desejável. Esse é o princípio da utilidade marginal. A conclusões semelhantes chegaram os economistas William Stanley Jevons (1835-1882) e Léon Walras (1834-1910), mas foram os representantes da escola austríaca os que melhor exploraram o princípio. Reduzindo todos os fatos econômicos a valores e partindo da nova noção de valor que formularam, os austríacos acreditaram poder reconstituir abstratamente os mecanismos da vida econômica. Assim, eles propuseram novas explicações para o valor dos bens de produção, os juros, a moeda e a distribuição dos bens.”

ESCOLA CLÁSSICA. Linha de pensamento econômico que vai da publicação do livro A Riqueza das Nações, de Adam Smith, em 1776, aos Princípios de Economia Política, de John Stuart Mill, de 1848, e é marcada pela obra de David Ricardo, Princípios de Economia Política e Tributação, de 1817. Fundada por Smith e Ricardo, a escola clássica desenvolveu-se nos escritos de Malthus, Stuart Mill, McCulloch, Senior e do francês Jean-Baptiste Say.” “Para Adam Smith, o objeto da economia está indicado no título completo de sua obra: é uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, entendendo-se por riqueza os bens que possuem valor de troca.” “Para os fisiocratas, apenas o trabalho na agricultura produzia valor. Smith refutou-os, demonstrando todas as atividades que produzem mercadorias. E, contra as concepções mercantilistas, Smith argumenta que a riqueza é constituída pelos valores de troca, e não pela moeda, que é apenas o meio que permite a circulação dos bens.” “A política livre-cambista deveria ser posta em prática, uma vez que só ela conduziria ao desenvolvimento das forças produtivas. O padrão mercantilista de regulamentação estatal e controle passa também a ser claramente contestado. A política econômica deveria ser medida por seus efeitos sobre o processo de riqueza e por suas conseqüências sobre a acumulação de capital e especialização do trabalho.” “Em suas análises, Ricardo localiza uma contradição entre o valor de troca e o preço relativo das mercadorias, que só seria resolvida muitos anos mais tarde por Marx, ao analisar a transformação do valor de troca em preço de produção.”

Em seguida, [n]o trabalho de Say e seus discípulos, os rendimentos do capital, denominados juros, passaram a ser considerados de modo separado dos lucros.”

A teoria dos preços desdobra-se numa teoria da repartição que visa a explicar a renda, a terra, o salário, o juro e o lucro. Ao mesmo tempo, a escola clássica apresenta uma visão de conjunto da dinâmica econômica, na qual os elementos decisivos são o princípio do crescimento populacional de Malthus, a lei dos rendimentos não-proporcionais e o princípio da acumulação de capital.”

A teoria clássica é elaborada em função de um equilíbrio automático que ignora as crises e os ciclos econômicos.”

Ricardo admitia que o proprietário rural ocupava áreas menos férteis à medida que a população aumentava. Desse modo, os proprietários das terras mais férteis beneficiavam-se com a elevação dos custos de produção em outras áreas, uma vez que os preços dos produtos seriam mantidos para cobrir os custos mais elevados em terras de baixa categoria. Assim, acabariam tendo uma maior receita, independentemente do capital e do trabalho aplicados na produção. Esse excedente econômico foi denominado por Ricardo de renda diferencial da terra. Com o crescimento dessa renda diferencial, os proprietários rurais iriam se apropriar de um excedente econômico maior, em detrimento dos capitalistas, que teriam seus lucros reduzidos, a ponto de colocar em perigo a acumulação de capital, prejudicando o desenvolvimento econômico. Para superar esse problema, Ricardo propõe o livre-cambismo no comércio internacional, que permitiria aproveitar as melhores terras em escala mundial. Formula, assim, a teoria das vantagens comparativasAté que a Terra inteira seja um deserto.

as revoluções que ocorreram na Europa no período de 1830 a 1848 mostraram que a harmonia de uma ‘ordem natural’ e do não-intervencionismo preconizado pela escola clássica era remota. O liberalismo e o individualismo começam então a sofrer várias críticas de pensadores preocupados com os problemas econômicos e sociais.”

Surgem a doutrina intervencionista de Sismonti, o industrialismo de Saint-Simon, o nacionalismo de List, o liberalismo otimista de Bastiat e o socialismo utópico de Fourier e Proudhon.” “Mas falta a essas críticas uma visão global do sistema econômico diante da visão integrada e coerente apresentada pela escola clássica. Marx é o primeiro autor a contestar verdadeiramente a análise realizada pelos clássicos, tanto nas suas premissas e objetivos como em suas conclusões, ao desenvolver a análise do processo capitalista baseado na concepção materialista da História e na luta de classes, embora conservasse dos clássicos parte do instrumental analítico e alguns conceitos, como a teoria do valor-trabalho”

ESCOLA DE LAUSANNE. Escola de pensamento econômico marcada pelas obras do economista francês Léon Walras (1834-1910), primeiro catedrático de economia da Faculdade Lausanne, e de seu sucessor e discípulo, o italiano Vilfredo Pareto (1848-1923). A escola caracteriza-se também pela formulação da teoria do equilíbrio geral, desenvolvida por Walras, e pela ênfase no tratamento matemático dos problemas econômicos. Walras e Pareto procuraram demonstrar como todos os valores econômicos determinam-se mutuamente, definindo uma interdependência geral dos mercados de produtos e dos fatores de produção (ou de serviços produtivos, segundo a expressão de Walras). Essa interdependência seria assegurada pela ação do empresário, que utiliza os fatores de produção para produzir e vender bens e serviços, e pelo fato de que as receitas totais provenientes de todas as vendas dos meios de produção devem igualar — numa concorrência pura e equilibrada — as receitas totais obtidas pelas vendas de todos os bens de consumo. À noção de interdependência de mercados, acrescenta-se a de equilíbrio. Walras e Pareto procuraram definir as condições de um equilíbrio estável, onde existiriam forças que compensariam automaticamente os desvios e desequilíbrios, restabelecendo o equilíbrio geral.”

ESCOLA HISTÓRICA. Caracterizada pela importância primordial concedida à História no estudo do processo econômico, surgiu em 1840, na Alemanha, como reação à escola econômica clássica e teve influência durante cerca de 4 décadas. Seus principais componentes, na primeira fase (1840-60), foram Wilhelm Roscher (1817-1894), Bruno Hildebrand (1812-1878) e Karl Knies (1821-1898). Em sua crítica ao classicismo, a escola histórica alemã nega que as leis econômicas possam ter validade universal, argumentando que não podem ser consideradas absolutas e de atuação perpétua, mas, ao contrário, devem ser relativas e variáveis com o tempo e o lugar. Rejeitando o processo dedutivo como método, enfatizou o relativismo. Ao mesmo tempo, insistiu sobre a unidade da vida social, afirmando que existe uma interação estreita entre os diferentes aspectos sociais, o que tornaria impossível a uma única ciência esgotar o campo a ser investigado. A primeira obra que marca a escola histórica alemã é a de W. Roscher, Grundriss zu Vorlesungen über die Staatswirtschaft nach geschichtlicher Methode (Esboço de um Curso de Economia Política Segundo o Método Histórico), 1843, que se baseia nos métodos da escola do direito de Savigny e considera o empirismo histórico a base de toda pesquisa econômica. Sem muita clareza de método, Roscher utiliza o material histórico como ilustração e fonte de inspiração dos problemas econômicos. Com Bruno Hildebrand, que publica em 1848 Die Nationalökonomie der Gegenwart und Zukunft (A Economia Política do Presente e do Futuro), a escola histórica torna-se mais explicativa, procurando formular leis do desenvolvimento econômico, e mais consistente na oposição ao classicismo. Hildebrand nega a pretensão da escola clássica de ter encontrado as leis da economia natural, válida em todos os tempos, e distingue os problemas econômicos práticos da análise teórica, à qual se dedica. Propõe-se ainda estudar a evolução da experiência econômica humana, para chegar a uma história econômica da cultura, que se desenvolveria junto com outros ramos da história e da estatística. Karl Knies foi mais preciso na exposição dos problemas metodológicos da escola. Em Die politische Ökonomie von Standpunkte der geschichtlichen Methode (A Economia Política do Ponto de Vista do Método Histórico), 1883, revela-se um crítico mais sistemático da escola clássica que Roscher e Hildebrand, aos quais se opõe, mostrando que Roscher confunde diferentes ramos da investigação econômica e criticando as leis do desenvolvimento de Hildebrand por fazerem concessões à teoria pura. Sustenta que o método histórico é a única forma legítima de economia, que não poderia proporcionar leis como as ciências físicas, mas apenas descobrir certas regularidades no desenvolvimento social, sugerindo analogias. Propõe ainda aos economistas que evitem polêmicas metodológicas, mas produzam obras sobre os problemas econômicos do ponto de vista histórico. A escola histórica alemã teve continuidade com Gustav Schmoller (1838-1917) e seus discípulos Adolph Wagner e K. Bücher, inaugurando, a partir de 1870, uma segunda fase basicamente positiva e descritiva, e desenvolvendo uma forte tendência para a investigação histórico-econômica. Já não se nega a existência de leis sociais, mas coloca-se em dúvida a capacidade do método clássico para desvendá-las. Também não se procura formular leis gerais do desenvolvimento, mas simplesmente analisar os fatos econômicos e as instituições, argumentando que os mecanismos econômicos são relativos às instituições do momento. A nova escola histórica alemã tornou-se conhecida também por entrar em conflito com os marginalistas, na chamada ‘controvérsia sobre o método’ (o Methodenstreit), que durou 2 décadas. A polêmica foi iniciada pelo marginalista austríaco Carl Menger, com a publicação de seu Untersuchungen über die Methode der Sozialwissenschaften und der Politischen Ökonomie insbesondere (Pesquisas sobre o Método das Ciências Sociais e da Economia Política em Especial), 1883. Menger usa a discussão do método das ciências sociais em geral para atacar as idéias da escola histórica, argumentando que, se é necessária uma base histórica para a solução dos problemas econômicos, não se poderia dispensar a utilização dos conceitos gerais nem a procura de regularidades sob a forma de leis.”

ESCOLA MARXISTA. Escola de pensamento econômico fundada por Karl Marx e Friedrich Engels. Consiste num conjunto de teorias econômicas (a mais-valia), filosóficas (o materialismo dialético), sociológicas (o materialismo histórico) e políticas, desenvolvido a partir da filosofia de Hegel, do materialismo filosófico francês do século XVIII e da economia política inglesa do início do século XIX. A síntese dessas formulações foi apresentada em O Capital (1867), em que, a partir da teoria do valor-trabalho da escola clássica inglesa, Marx desenvolve o conceito de mais-valia como trabalho excedente, não-pago, fonte do lucro, do juro e da renda da terra. A partir da teoria da mais-valia, Marx analisa o processo de acumulação de capital no sistema capitalista, mostrando haver uma correlação entre a crescente acumulação e concentração de capital e a pauperização do proletariado e a proletarização da classe média, situações que causariam a eclosão das contradições básicas do sistema. Entre os principais fatores que contribuíram para as crises periódicas no sistema capitalista, Marx destacou: o progressivo decréscimo da taxa de lucro (a diminuição da mais-valia), decorrente do maior aumento do capital constante (máquinas e equipamentos) em relação ao capital variável (mão-de-obra empregada); o dinamismo anárquico do sistema, ligado à busca incessante de lucros maiores e expresso no fato de os progressos técnicos tornarem os antigos instrumentos de trabalho ultrapassados antes de sua utilização normal; a desordem dos mercados provocada pela contradição básica entre o aspecto coletivo dos meios de produção (as grandes unidades técnicas) e o caráter privado de sua apropriação. A queda do regime capitalista ocorreria por força de suas próprias contradições internas, mas a mudança seria impulsionada pela luta de classes, pela ação revolucionária do proletariado, que implantaria um regime socialista, com a socialização dos meios de produção, estágio preparatório para a fase definitiva do comunismo. Entretanto, após a morte de Marx e Engels, a rápida industrialização da Alemanha e o fortalecimento do Partido Social-Democrata e dos sindicatos melhoraram as condições de vida dos operários alemães. Nesse contexto, considerando que as previsões de pauperização progressiva das massas não se tinham verificado, surgiu na II Internacional uma tendência revisionista da teoria marxista. Seu principal porta-voz foi Eduard Bernstein (1850-1932), que propôs substituir o conteúdo revolucionário do marxismo pela concepção de uma evolução reformista e gradual. O revisionismo ‘direitista’ de Bernstein foi combatido pelo ‘centro’ ortodoxo representado por Karl Kautsky (1854-1938) e pela ‘esquerda’ social-democrata de Rosa Luxemburgo (1870-1919). A controvérsia que se seguiu referiu-se basicamente à teoria do colapso do sistema capitalista e à natureza das crises que levariam a seu fim e ao advento do socialismo: as crises provocadas pela tendência decrescente da taxa de lucros e as causadas pelo subconsumo das massas. Nessa discussão, destacou-se a posição do economista revisionista russo Tugan-Baranovski, para quem as crises se deviam à ‘desproporção’ entre os vários ramos da produção. Mas o destaque maior nessa controvérsia coube a Rosa Luxemburgo. Em A Acumulação do Capital, 1913, ela argumenta que acumulação de capital era impossível num sistema capitalista fechado, adaptando a teoria de Marx às novas condições do imperialismo econômico e político do início do século XX. Pouco antes, o dirigente socialista austríaco Rudolf Hilferding havia publicado seu famoso livro, O Capital Financeiro (1910), no qual mostra que o imperialismo é uma conseqüência do desenvolvimento dos monopólios, controlados pelo capital financeiro. As concepções desses autores foram desenvolvidas por Lenin em O Imperialismo, Etapa Superior do Capitalismo, 1916, em que caracteriza o capitalismo moderno por sua própria dinâmica de formação e ampliação de mercados por meio da dominação colonial e da guerra. A ação do capital monopolista internacional dividiria os países em dois grupos: os de estrutura financeira e industrial poderosa (em permanente expansão econômica) e os atrasados (fornecedores de matéria-prima e mão-de obra barata), em relação de dependência com os primeiros. A importância da contribuição teórica e prática de Lenin para a teoria marxista deu origem à expressão marxismo-leninismo. O marxismo-leninismo atribui ao Partido Comunista o papel de consciência teórica e liderança prática do proletariado na derrocada do capitalismo, doutrina vitoriosa na Revolução Russa de 1917. Mais tarde, durante os primeiros anos de regime soviético, destacou-se a posição do economista Preobrajensky, autor de uma proposta de industrialização imediata e de um rápido progresso técnico, em detrimento da expansão do setor agrícola. Após a morte de Lenin, surgiram novamente posições ‘direitistas’, ‘esquerdistas’ e ‘centristas’ no âmbito da experiência soviética (e na Internacional Comunista). Seus principais porta-vozes eram, respectivamente, Nikolai Bukharin (1888-1938), Leon Trotski (1879-1940) e Joseph Stalin (1879-1953), que esmagou seus adversários e adotou uma política que oscilou entre as concepções de Bukharin e Trotski, ambos teóricos de peso. Após a estagnação dogmática que caracterizou o período stalinista, houve um revigoramento da pesquisa teórica no campo do marxismo. Desenvolveu-se uma série de polêmicas, centradas particularmente em torno das contribuições de Mao Tsé-Tung, Antonio Gramsci, Rosa Luxemburgo, Georg Lukács, Louis Althusser e outros. No campo da teoria econômica, depois da importante contribuição do economista polonês Oskar Lange à planificação socialista, dando-lhe fundamento matemático, destacam-se as contribuições teóricas do belga Ernst Mandel, dirigente da IV Internacional (fundada por Trotski em 1938) e autor de penetrante análise do capitalismo contemporâneo, que denomina de ‘capitalismo tardio’; do economista inglês Maurice Dobb, no estudo dos problemas econômicos do socialismo; do austríaco Andre Gorz, nas análises das contradições do capitalismo e numa estratégia alternativa de transição para o socialismo; do francês Charles Bettelheim, autor de importante estudo da estrutura de classes na União Soviética; e dos norte-americanos Paul Sweezy e Paul Baran, na análise das características do capitalismo monopolista contemporâneo.”

ESCOLA NEOCLÁSSICA. Escola de pensamento econômico predominante entre 1870 e a Primeira Guerra Mundial, também conhecida como escola marginalista, por fundamentar-se na teoria subjetiva do valor da utilidade marginal para reelaborar a teoria econômica clássica. Seus precursores foram Thgünen, Gossen e Cournot. São considerados seus fundadores os economistas

Carl Menger, na Áustria — iniciador do grupo da chamada escola austríaca —, William Jevons, na Inglaterra, e Léon Walras — criador do grupo de Lausanne, na França. E, como representantes da segunda geração neoclássica, destacam-se Alfred Marshall, em Cambridge, Eungen von Böhm-Bawerk, em Viena, Vilfredo Pareto, em Lausanne, e John Bates Clark e Irving Fisher, nos Estados Unidos. Os economistas neoclássicos negaram a teoria do valor-trabalho da escola clássica, substituindo-a por um fator subjetivo — a utilidade de cada bem e sua capacidade de satisfazer as necessidades humanas —, acreditando que o mecanismo da concorrência (ou a interação da oferta e da demanda), explicado a partir de um critério psicológico (maximização do lucro pelos produtores e da utilidade pelos consumidores), é a força reguladora da atividade econômica, capaz de estabelecer o equilíbrio entre a produção e o consumo. A análise da escola neoclássica caracteriza-se fundamentalmente por ser microeconômica, baseada no comportamento dos indivíduos e nas condições de um equilíbrio estático, estudando os grandes agregados econômicos a partir desse ponto de vista e com uso da matemática. Tem como postulados a concorrência perfeita e a inexistência de crises econômicas, admitidas apenas como acidentes ou conseqüências de erros. Após a Grande Depressão de 1929-1933, os princípios da teoria neoclássica foram contestados por Keynes, que desenvolveu uma análise macroeconômica e introduziu o conceito de equilíbrio de subemprego.”

EULER, Leonhard (1707-1783). Matemático e físico suíço cujas proposições os marginalistas utilizaram nas teorias da produção e da distribuição, formulando o chamado teorema de Euler.” Os marginalistas gostam de ressuscitar antiquarias!

A partir de hipóteses simplificadoras sobre o modo como os fatores de produção se combinam para produzir uma mercadoria, o teorema de Euler demonstra a forma pela qual a teoria da produtividade marginal explica a melhor combinação de fatores de produção e a distribuição da renda entre esses fatores. A utilização desse teorema resolveu o problema da agregação, que preocupava os primeiros teóricos da produtividade marginal: o teorema permitiu demonstrar como a soma da remuneração dos principais fatores de produção (terra, trabalho e capital), determinada pela produtividade marginal de cada fator, seria acrescida ao produto total.”

EXÉRCITO INDUSTRIAL DE RESERVA. Expressão empregada por Karl Marx para designar o conjunto dos trabalhadores desempregados. A esse mesmo contingente humano ele deu também a denominação de população relativa excedente. Ao contrário de todos os economistas que o precederam, Marx analisou a existência do exército industrial de reserva como um fenômeno inerente à própria produção capitalista. Para ele, os capitalistas, a fim de vencerem os concorrentes, são obrigados a empregar continuamente novas máquinas, com o intuito de baratear os custos de produção e aumentar a produtividade do trabalho. O emprego de novas máquinas e novos equipamentos leva à diminuição da parte relativa à mão-de-obra, o que provoca o chamado desemprego tecnológico.” “Marx salientou o fato de que o capitalismo, mesmo em época de prosperidade, necessita da existência de um número razoável de trabalhadores desempregados com a finalidade de impedir uma maior pressão sobre o preço dos salários.”

FANNO, Marco (1878-1965). Economista italiano e professor de economia política nas universidades de Sassari, Messina e Pádua. Sua obra se classifica na escola do equilíbrio geral predominante na Itália durante os anos 30. (…) No livro La Teoria delle Fluttuazioni Economiche (A Teoria das Flutuações Econômicas), 1947, desenvolve uma síntese das principais teorias existentes sobre o tema e apresenta farto material histórico e empírico. O eixo principal do trabalho é um exame detalhado do papel do crédito na determinação da duração dos ciclos econômicos.”

FICHTE, Johann Gottlieb (1762-1814). Filósofo alemão da época do romantismo. Na obra Der geschlossene Handelstaat (O Estado Comercial Fechado), 1800, ele defende a criação de um Estado socialista autárquico, sem moeda, com a economia regida por planos qüinqüenais e a produção e distribuição de bens rigorosamente planejadas.” O:

GALBRAITH, John Kenneth (1908-[2006]). Economista e escritor norte-americano, nascido no Canadá, destacado crítico do poder das grandes empresas monopolistas e da tecnocracia. Galbraith desenvolveu seu trabalho teórico no sentido de mostrar que a moderna economia capitalista, dominada por grandes organizações monopolistas, é um fato consumado, que deve ser enfrentado com uma nova atitude por parte da sociedade e do Estado. Em Capitalismo, 1952, introduz o conceito de poder compensador e questiona o espírito competitivo da sociedade industrial norte-americana, dominada por grandes empresas, sugerindo a organização de diferentes setores da sociedade (sindicatos, cooperativas, etc.) em blocos de pressão. Em The Affluent Society (A Sociedade Afluente), 1958, Galbraith defende a tese de que os recursos absorvidos pela produção dos bens de consumo supérfluos deveriam ser canalizados para investimentos públicos e de bem-estar social. Por sua posição liberal e pela crítica mordaz aos monopólios e aos mitos da sociedade industrial, Galbraith tornou-se conhecido do grande público, notabilizando-se pela capacidade de expor claramente complexos problemas econômicos. Escritor prolífico, em sua numerosa obra destacam-se ainda: A Theory of Price Control (Uma Teoria do Controle de Preços), 1952; The Great Crash, 1929 (O Colapso da Bolsa, 1929), 1955; The Economics Discipline (A Disciplina Econômica), 1967; The New Industrial State (O Novo Estado Industrial), 1967; Economics, Peace and Laughter (Economia, Paz e Humor), 1971; Economics and the Public Purpose (Economia e Senso Público), 1974; The Age of Uncertainty (A Era da Incerteza), 1977; e mais recentemente (1996) A Sociedade Justa: uma Perspectiva Humana.”

GENRYO KEIEI. Expressão em japonês que designa o processo que acometeu, em meados da década de 70, as empresas japonesas, as quais foram submetidas a enormes pressões para reduzir custos de todas as formas possíveis, e a administração das empresas deslocou sua atenção das questões relacionadas com o crescimento econômico para as questões decorrentes dos custos explosivos da energia, alta inflação e recessão. Foi durante esse período que o processo de introdução de robôs nas linhas de montagem começou a se disseminar em muitas atividades industriais no Japão.”

GODWIN, William (1756-1836). Pensador inglês, de linha anarquista idealista. Pastor protestante, aderiu ao ateísmo por influência dos enciclopedistas franceses e desenvolveu uma filosofia social inspirada em Rousseau. Tornou-se conhecido com a obra Enquiry Concerning the Principles of Political Justice (Investigação Sobre os Princípios de Justiça Política), 1793, na qual ataca firmemente o governo (atribui-se a ele a frase ‘Todo governo, mesmo o melhor, é um mal’), a família (sua mulher, Mary Wollstonecraft, foi a primeira teórica do feminismo) e a propriedade privada. Para Godwin, a única propriedade legítima é a que resulta de uma distribuição das coisas segundo as necessidades de cada um. Apontava os governos como os principais responsáveis pela manutenção do estatuto da propriedade privada, do direito de herança e de todas as conseqüentes desigualdades sociais. Não defendeu a derrubada violenta dos governos, acreditando que eles pudessem ser naturalmente dissolvidos pelo desenvolvimento dos homens e da sociedade. Considerava que o homem é produto do meio e poderia atingir a perfeição por intermédio da razão e da compreensão mútua. A crítica desse otimismo de Godwin foi um dos pontos de partida para a teoria econômica de Malthus.”

GORZ, André (1924-[2007]). Nasceu em Viena e radicou-se na França após a Segunda Guerra Mundial. Seus escritos estão concentrados na análise das contradições da sociedade capitalista e da transição para o socialismo. Uma das premissas principais de Gorz é a de que o desenvolvimento das forças produtivas do capitalismo se deu de modo a impedir uma apropriação coletiva por parte do proletariado. A superação do capitalismo, sua negação em nome de uma racionalidade diferente, só poderia resultar da ação de camadas que representam ou prefiguram a dissolução de todas as classes, inclusive da classe operária. Chega-se, por esse caminho, ao tema central de Adeus ao Proletariado (1980): a abolição do trabalho. Para Gorz, esse termo sintetizaria um processo em curso, e em rápida aceleração, nos países mais industrializados da Europa Ocidental. Neles, ocorreria a ampliação do espaço da liberdade, do tempo livre, destinado a atividades autônomas, a partir da redução progressiva da necessidade de trabalhar para comprar o direito à vida. Outras obras: La Morale de l’Histoire (A Moral da História), 1960; Stratégie Ouvière et Néo-capitalisme (Estratégia Operária e Neocapitalismo), 1966; Le Socialisme Difficile (O Socialismo Difícil), 1967; Fondements pour une Morale (Fundamentos para uma Moral), 1977.”

GUNDER FRANK, Andre (1929-[2005]). “A tese da existência do feudalismo na história da América Latina também é negada em seus escritos, tendo como conseqüência a impossibilidade de uma revolução burguesa em países que já são parte integrante do sistema capitalista mundial. Conclui pela necessidade e inevitabilidade da revolução socialista como próximo estágio da história da América Latina. Entre suas obras, destacam-se: Capitalismo e Subdesenvolvimento na América Latina: Estudos da História do Chile e do Brasil; América Latina: Subdesenvolvimento ou Revolução.”

HECKSCHER, Eli Filip (1879-1952). “Em 1931, publicou Mercantilism (Mercantilismo), em 2 volumes, considerada uma obra de consulta obrigatória sobre as teorias e políticas da era mercantilista.”

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich (1770-1831). O mais importante filósofo alemão da primeira metade do século XIX. Esforçou-se por unificar todo o conhecimento num vasto sistema lógico e racional, com o objetivo de apreender o real em sua totalidade. Uma das preocupações de Hegel foi a de eliminar a distância que, na concepção de seus antecessores, separava o ser do conceito. Assim, Fichte e Schelling haviam concluído que o ser só se determina na oposição e na luta com seu oposto. De Fichte, Hegel aceita a noção de dialética como processo de afirmação, negação e negação da negação, isto é, síntese; e de Schelling, a noção de idealismo objetivo e da identidade do sujeito e do objeto na consciência do absoluto. Hegel leva às últimas conseqüências o ‘trabalho do negativo’, concluindo que o conceito é um conhecimento do ser, que se cumpre como um retorno a si, depois da saída de si e da exteriorização na natureza. Essa idéia é central no sistema de Hegel e justifica as divisões de sua filosofia em: fenomenologia do espírito, na qual a consciência se eleva progressivamente das formas elementares de sensação até a ciência; lógica, que estuda o ser, a essência e o conceito; filosofia da natureza, que apresenta o momento em que o espírito se torna estranho a si mesmo, alienando-se em natureza; e filosofia do espírito, que descreve o retorno do espírito a si, por meio do direito, da moral, da religião e, finalmente, da filosofia. [Essa explicação não está didática demais?] Segundo Hegel, a filosofia atinge as coisas, a natureza e a história em sua verdade, ou seja, é vista como momentos de realização de um espírito que, por meio deles, toma consciência de si. Esse processo leva à transformação dos dados dos sentidos em pensamento, conduz da individualidade à universalidade. E sua realização é marcada pelo ritmo ternário da dialética [Kabalah]: a realidade é posta em si (tese), em seguida manifesta-se fora de si (antítese) para, finalmente, retornar a si (síntese). Para Hegel, o espírito absoluto realiza-se gradativamente através da história, assumindo a forma de espírito objetivo (arte, ciência, religião e demais criações humanas). A verdade seria, assim, historicamente determinada, correspondendo a cada uma das fases do desenvolvimento do espírito e contendo em si o germe da contradição. A identidade entre o real e o racional faz com que a compreensão do real — basicamente histórica — somente possa ser construída por meio de uma lógica dialética, movida pela idéia de negação determinada. O final do processo em que o absoluto se relativiza em história seria a liberdade absoluta: por intermédio da consciência filosófica, o espírito absoluto torna-se autoconsciência. No plano político, essa culminação é identificada por Hegel com a criação do Estado prussiano. O hegelianismo foi o último dos grandes sistemas filosóficos do Ocidente, exercendo decisiva influência nas ciências sociais, no marxismo, no existencialismo e em algumas correntes do pensamento cristão. Obras principais: Die Phänomenologie des Geistes, 1807; Wissenschaft der Logik, 1812-1816; e Encyclopädie der philosophischen Wissenschaften, 1817.” #OFFTOPIC!

HILFERDING, Rudolf (1877-1941). Economista e político marxista alemão, embora nascido na Áustria, um dos pioneiros na análise do capitalismo monopolista. Foi professor da escola de quadros do Partido Social Democrata da Alemanha e editor do jornal partidário Vorwärts (1907-1915). A partir da Primeira Guerra Mundial, tornou-se um dos mais destacados teóricos do socialismo reformista, ocupando, em 1923 e 1928-1929, o Ministério das Finanças da República de Weimar. Exilou-se em 1933 e foi assassinado na França pelos nazistas, em 1941. Em sua crítica ao capitalismo, Hilferding demonstrou como a concentração do capital conduziu a um papel decisivo dos bancos no processo de crescimento industrial, fenômeno que não se manifestara ainda nas condições do capitalismo concorrencial observado por Marx. O novo estágio do capitalismo, na visão de Hilferding, caracterizava-se pela hegemonia do ‘capital controlado pelos bancos e utilizado pelos industriais’. Antes da publicação de O Capital Financeiro, 1910, Hilferding destacou-se como competente discípulo de Marx ao rebater as críticas feitas por Böhm-Bawerk a possíveis contradições entre o Livro Primeiro e o Livro Terceiro de O Capital, nas passagens em que Marx trata da troca de equivalentes, isto é, sobre a questão dos preços e suas relações com a teoria do valor-trabalho. Essa resposta recebeu a denominação de A Crítica de Böhm-Bawerk a Marx (1904).”

HOBSON, John Atkinson (1858-1940). Economista e reformador social inglês. Precursor de Keynes, sustentou que a causa fundamental da crise econômica é a predominância da poupança em detrimento do consumo, com a conseqüente queda da produção. Socialista fabiano, Hobson definia-se como um herético entre os economistas de sua época. Recusando-se a separar a economia da ética, opunha ao bem-estar econômico o bem-estar humano. Criticou a teoria marginalista da utilidade final como uma ‘futilidade final’, procurando substituí-la por uma nova análise da distribuição da renda. A principal contribuição de Hobson foi a explicação das crises econômicas pelo subconsumo, desenvolvida em Physiology of Industry (Fisiologia da Indústria), 1889, livro escrito em colaboração com A.F. Mumery. Essa teoria do subconsumo baseia-se na idéia de que os gastos do capital e do consumo experimentam um desequilíbrio entre si devido ao excesso da poupança de uma minoria privilegiada, que freia a utilização dos meios de produção disponíveis. Defende um investimento constante da poupança como meio de incentivar a demanda de bens, tese que seria desenvolvida mais tarde por Keynes, em sua Teoria Geral (1936). Numa obra posterior sobre o problema do desemprego, Hobson argumenta que a repartição injusta da renda é um dos fatores que provocam o excesso de poupança e a insuficiência do consumo. Acrescenta que a solução para a crise estaria na realização de obras públicas financiadas pelo Estado. Outra contribuição importante de Hobson está na obra Imperialism: A Study (Imperialismo: Um Estudo), 1902. Após comparar as despesas públicas feitas nos empreendimentos coloniais e os lucros dos capitalistas, argumenta que a Inglaterra deveria abandonar o imperialismo por basear-se em impostos elevados dos contribuintes para sustentar ganhos particulares. Repleto de dados e cifras, o livro foi freqüentemente utilizado por autores marxistas como Hilferding e Lênin. Militante do Partido Trabalhista inglês desde 1914, suas idéias desempenharam um importante papel na evolução da doutrina do partido. Além de numerosos artigos e panfletos, publicou 35 livros, destacando-se, além dos citados, The Evolution of Modern Capitalism (A Evolução do Capitalismo Moderno), 1894; The Industrial System (O Sistema Industrial), 1909; Work and Wealth (Trabalho e Riqueza), 1914; The Economics of Unemployment (A Economia do Desemprego), 1922, e Confessions of an Economic Heretic (Confissões de um Herege em Economia), 1938.”

HODGSKIN, Thomas (1787-1869). Pensador socialista inglês da corrente anarquista, crítico de Ricardo, Malthus e de outros autores clássicos do início do século XIX. Hodgskin condenava o capitalismo e propunha reformas sociais a partir das lutas dos trabalhadores por meio das associações de trabalhadores e do Parlamento. Seus escritos econômicos são baseados na idéia de que o trabalho é a única fonte de riqueza e que os trabalhadores são privados da riqueza que produzem. No livro Labour Defended against the Claims of Capital (A Defesa do Trabalho contra as Pretensões do Capital), 1825, e em Popular Political Economy (Economia Política Popular), 1827, um dos primeiros manuais socialistas de economia, Hodgskin denuncia os proprietários rurais e os capitalistas por reduzirem os salários ao mínimo possível e confiscarem todo o excedente do valor criado pelo trabalho, sustentando que os trabalhadores devem receber integralmente o valor do que produzem. Entretanto, Hodgskin não era um adversário da propriedade privada e reprovava a intervenção do Estado na economia, sustentando que apenas os sindicatos operários poderiam suprimir a exploração do trabalho pelo capital. Publicou ainda The Natural and Artificial Rights of Property Contrasted (Os Direitos Natural e Artificial da Propriedade Comparados), 1832.”

HUME, David (1711-1776). Filósofo escocês, o maior representante do ceticismo no século XVIII e um dos precursores do liberalismo econômico. Levou às últimas conseqüências o empirismo de Francis Bacon (1561-1626) e John Locke (1632-1704), concluindo que o conhecimento humano não pode alcançar a certeza, mas somente o provável. Kant afirmava que Hume o despertara de seu ‘sono dogmático’. [!] Adam Smith, considerado o fundador da ciência econômica, também foi muito influenciado por ele: nas obras filosóficas de Hume, estão desenvolvidas algumas das teses fundamentais do liberalismo, como, por exemplo, a de que a propriedade não é um direito natural e seu primeiro fundamento é o trabalho. As idéias exclusivamente econômicas estão em oito ensaios que fazem parte de Political Discourses (Discursos Políticos), 1752. Particularmente importante é o primeiro ensaio, no qual o autor trata dos problemas do comércio exterior, atacando a tese central do mercantilismo (de que a riqueza privada é o fundamento da riqueza pública) e mostrando que os comerciantes e donos de manufaturas absorvem recursos que poderiam servir ao fortalecimento do Estado. Nesse texto, Hume procura mostrar que o comércio exterior exerce o papel de fornecedor do estímulo inicial à indústria, com o que aumenta o número de empregos, a demanda interna e a riqueza da nação. Passada essa fase inicial, no entanto, o comércio exterior deixaria de ser essencial ao desenvolvimento da indústria, tornando-se um mal que deveria ser combatido, pois as pessoas ricas causariam um crescimento ilimitado da demanda interna. O mercantilismo é também atacado quando afirma que a abundância de moeda (trazida pelo comércio exterior) não é a causa da baixa nas taxas de juros, pois estas dependeriam dos lucros no comércio e na indústria, tese posteriormente retomada por Smith e Ricardo.” Não esperava um papel tão proeminente de Hume, contemporâneo de Smith. Imaginava que ele fôra apenas “coetâneo” dos liberais clássicos, i.e., compartilhou de seu Zeitgeist, e daí advinha a coincidência de idéias!

HYMER, Steven Herbert (1934-1974). Economista canadense radicado nos Estados Unidos, Hymer recebeu seu título de doutoramento no Massachussets Institute of Technology (MIT), em 1960. Depois de trabalhar em Gana por alguns anos, regressou aos Estados Unidos, onde lecionou em Yale de 1964 a 1970. Inclinando-se no sentido do marxismo, no final dos anos 60, foi afastado de Yale e se transferiu para a New School for Social Research, onde ajudou a fundar e desenvolver um programa de economia política até sua morte prematura, em 1974. As contribuições mais importantes de Hymer foram suas análises sobre o investimento no exterior das empresas multinacionais. Afastando-se da teoria tradicional do comércio internacional, considerava os investimentos diretos no exterior das empresas multinacionais uma conseqüência de suas contradições internas e da tendência a ampliar seu controle territorial. Suas contribuições também se desdobraram no desenvolvimento das análises da economia política marxista. Seus ensaios mais significativos a esse respeito, assim como as análises sobre as corporações multinacionais, foram publicados postumamente no livro The Multinational Corporation (A Corporação Multinacional), 1979.”

INTERNACIONAL SOCIALISTA. VOCÊ DEVE SEUS DIREITOS A ELES: “Paralelamente, com o desenvolvimento acelerado do capitalismo europeu, acirraram-se os conflitos sociais, o que contribuiu para o surgimento de fortes partidos socialistas, organizados segundo o modelo do Partido Social Democrata alemão. Em 1889, esses partidos fundaram em Paris a II Internacional ou Internacional Socialista, que se definiu oficialmente pelo marxismo. Entre seus líderes, destacavam-se Karl Kautsky, Lenin, Rosa Luxemburgo, Eduard Bernstein, Jean Jaurès e Wilhelm Liebknecht. Dirigiu numerosas lutas por melhorias nas condições de trabalho — sobretudo pela jornada de 8 horas, pelo sufrágio universal e contra a guerra.”

O rompimento total entre as duas correntes ocorreu às vésperas da Primeira Guerra Mundial, quando os socialistas alemães, franceses e ingleses, que participavam dos parlamentos, votaram a favor dos créditos de guerra. Já a corrente liderada por Lenin e Rosa Luxemburgo propunha a transformação da guerra em luta revolucionária contra o capitalismo: foi o que fizeram os bolcheviques na Rússia. Em meio aos acontecimentos revolucionários na Rússia e à guerra mundial, a II Internacional se desfez e os seguidores de Lenin fundaram, em 1919, em Moscou, a III Internacional ou Internacional Comunista.” “A III Internacional tornou-se em pouco tempo um instrumento de difusão da política soviética e, após a morte de Lenin, do pensamento ideológico de Stalin. O rompimento político-ideológico entre Stalin e Trotski, motivado por interpretações divergentes sobre a condução da construção do socialismo na Rússia e da revolução mundial, levou Trotski e seus partidários a fundarem, em 1938, na França, a IV Internacional. Em 1943, em plena guerra, Stalin desfez a III Internacional para consolidar sua política de aliança antinazista com os Estados Unidos e a Inglaterra. A Internacional trotskista continua a existir, mas dividida em numerosas facções.”

JUGLAR, Clément (1819-1905). Economista francês, pioneiro no estudo dos ciclos econômicos e na constatação da natureza periódica das crises. Seu nome denomina os ciclos curtos, o ‘ciclo Juglar’, de 8 a 10 anos, de variações alternadas na atividade econômica. Médico, Juglar interessou-se pela economia ao estudar os fenômenos demográficos. Em seguida, passou a analisar as crises econômicas, que, para ele, tinham causas naturais, inevitáveis mas previsíveis e que retornariam em ciclos. Destacou-se como estatístico realizando previsões acuradas da retomada das atividades econômicas, o que também lhe permitiu acumular uma grande fortuna por meio da especulação. Professor da Escola Livre de Ciências Políticas de Paris e fundador da Sociedade de Estatística de Paris, seu mais importante trabalho foi Des Crises Commerciales et de Leur Retour Périodique en France, en Angleterre et aux États-Unis (Das Crises Comerciais e Seu Retorno Periódico à França, à Inglaterra e aos Estados Unidos), 1862, a primeira obra a fornecer uma descrição pormenorizada do ciclo econômico e a insistir na periodicidade das crises. Publicou ainda Du Change et de la Liberté d’Émission (Da Troca e da Liberdade de Emissão), 1868, e Les Banques de Dépôt, d’Escompte et d’Émission (Os Bancos de Depósito, de Desconto e de Emissão), 1884.”

KALECKI, Michal (1899-1970). Economista polonês, um dos pioneiros da crítica sistemática à doutrina do marginalismo. Ao mesmo tempo e independentemente de Keynes, demonstrou a fragilidade do princípio do equilíbrio automático da escola clássica e desenvolveu uma teoria da dinâmica capitalista e dos seus ciclos de conjuntura e crise. Em 1933, publicou, numa revista polonesa, o primeiro esboço de sua teoria, ‘Próba-Teorii Koniunktury’ (‘Esboço de Uma Teoria do Ciclo Econômico’), trabalho apresentado no mesmo ano numa conferência da Sociedade Internacional de Econometria, na Holanda. Dois anos depois, o trabalho sairia na Revue d’Économie Politique e na revista norte-americana Econometrica. Era um dos primeiros modelos matemáticos construídos para explicar os ciclos econômicos de conjuntura, mas não despertou atenção na época e foi completamente ofuscado, em 1936, pela publicação de A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de Keynes. Sustentou que o nível de atividade econômica depende dos investimentos: se eles aumentarem, subirão os níveis de atividades e de emprego, haverá maior demanda de bens e também os lucros dos capitalistas serão maiores. A demanda efetiva aumentará se o Estado gastar mais do que arrecada e se o país conseguir exportar mais do que importa, mas a decisão básica continuará nas mãos dos capitalistas: se eles investirem, a produção e os lucros aumentarão até o ponto em que os lucros acumulados (a poupança) sejam equivalentes ao investimento. Por sua vez, a insuficiência do investimento em relação à poupança causa a contração da produção e a subutilização da capacidade produtiva. Isso ocorre quando a poupança cresce em excesso devido à baixa dos salários reais. Na Suécia, em contato com Gunnar Myrdal, Kalecki inicia um livro, mas o abandona ao tomar conhecimento do livro de Keynes, propondo sugestões semelhantes às suas. Na Inglaterra, conhece Joan Robinson e Piero Sraffa, e, em seguida, Keynes, que o convida a trabalhar em Cambridge. Kalecki aceita e prepara uma obra em que expõe de modo mais amplo sua teoria: Essay in the Theory of Economic Fluctuations (Ensaio sobre a Teoria das Flutuações Econômicas), 1939. Este livro e o seguinte, Studies in Economic Dynamics (Estudos de Dinâmica Econômica), 1943, são seus mais importantes trabalhos sobre a teoria dos ciclos. Para Kalecki, o mundo capitalista é regido pelas decisões dos empresários quanto a investir, pelo Estado quanto ao equilíbrio orçamentário e pelo comércio internacional. Nesse sistema, os ciclos de conjuntura são inevitáveis, mas a profundidade das crises e sua duração dependem de decisões políticas, e não apenas das forças cegas do mercado. Essa posição era heterodoxa nos meios marxistas da época, que esperavam, como absoluta fatalidade ao final da guerra, uma reedição da crise dos anos 30. Desse modo, Kalecki desempenhou, no lado marxista, um papel semelhante ao de Keynes entre os marginalistas, embora com impacto e êxito menores. Ainda durante a guerra, em 1943, escreveu um artigo profético: ‘The Political Aspects of Full Employment’ (‘Aspectos Políticos do Pleno Emprego’). No final, prevê que o desenvolvimento da conjuntura econômica dependeria cada vez mais de decisões políticas, sugerindo que as crises cíclicas poderiam ser atenuadas por meio da política econômica, e elaborando a noção de ‘ciclo de conjuntura política’, que ajuda a entender as contradições do capitalismo contemporâneo. Depois de curtos períodos em Oxford, Paris, Montreal e Varsóvia (onde contribui para a planificação da economia socialista polonesa), Kalecki assumiu, em 1946, um cargo no secretariado da ONU. Ali, editou os Relatórios sobre a Economia Mundial, até 1954, quando se demitiu sob pressão política dos representantes norte-americanos.”

KANTOROVITCH, Leonid Vitalovitch (1912-1986). Economista e matemático russo, elaborou o primeiro modelo matemático de programação linear. Recebeu o Prêmio Nobel de Economia de 1975 por suas aplicações da matemática aos problemas econômicos. Especializado na pesquisa de um emprego ótimo dos recursos e dos meios de produção numa economia socialista, publicou em 1939 O Método Matemático de Organização do Planejamento da Produção. (…) Kantorovitch aplicou seus modelos de otimização dos recursos em problemas de planejamento, transportes, teorias do preço e do investimento, progresso técnico e outras áreas da economia socialista. Foi professor nas universidades de Leningrado, Glasgow, Grenoble, Helsinque, Paris e Cambridge e diretor do Instituto de Sistemas e Estudos da Academia de Ciências, Comércio e Técnica de Moscou.”

KAROSHI. Termo em japonês (ka = demasiado; ro = trabalho; shi = morte) que significa ‘morte súbita provocada por excesso de trabalho’, também conhecida como síndrome da morte súbita. Esse processo, que ocorre entre trabalhadores de escritório (‘colarinhos brancos’) relativamente jovens, vem chamando cada vez mais a atenção atualmente no Japão. A morte do trabalhador ocorre geralmente por enfarte do miocárdio ou hemorragias internas. Alguns estudiosos do tema atribuem o aumento da incidência do karoshi às formas intensas e extensas de trabalho (o Japão é o país que tem jornadas de trabalho mais extensas entre os países desenvolvidos).”

KAUTSKY, Karl Johann (1854-1938). “Após a morte de Engels (1895), de quem foi secretário, tornou-se a figura de maior destaque do movimento marxista internacional. A trajetória teórica de Kautsky foi singular: tornou-se marxista sob a influência de Eduard Bernstein, mas combateu o revisionismo deste e o radicalismo de Rosa Luxemburgo, [e combateu errado!] tornando-se porta-voz do marxismo centrista, [oxímoro idiota] que se opunha à ala mais radical do Partido Social Democrata.” “A maior parte de suas idéias, que foram aproveitadas para a orientação prática de sua política, está em seu livro mais famoso, Karl Marx Ökonomische Lehren (As Doutrinas Econômicas de Karl Marx), 1887, no qual defende a proposta de um marxismo evolutivo, que deveria levar à revolução como um fenômeno natural.” “Entretanto, Kautsky é lembrado por duas importantes contribuições à teoria socialista: a publicação do livro pioneiro A Questão Agrária, 1899, um dos primeiros estudos do desenvolvimento do capitalismo no campo sob o ponto de vista marxista; e a edição das notas manuscritas que formariam o quarto volume de O Capital, de Marx, publicadas com o título de Theorien über den Mehrwert (Teorias da Mais-valia), 1905-1910. [desconfiar da boa-fé!]

KIBUTZ. Fazenda coletiva de Israel onde se pratica o regime de co-propriedade e cooperação mútua voluntária. Todas as atividades administrativas e produtivas são realizadas comunalmente. O kibutz fornece a seus habitantes alojamento, alimentação, berçários e educação elementar, de acordo com as necessidades de cada indivíduo. A educação fica a cargo da própria comunidade. Os primeiros kibutzim surgiram no início do século XX, originando-se dos ideais socialistas dos imigrantes sionistas russos. Muitos kibutzim acabaram se tornando organizações econômicas fortes, que incluem indústrias de transformação.”

KONDRATIEFF, Nicolai Dmitrievitch (1892-1930). Economista e estatístico russo. Seu nome está associado ao estudo dos ciclos econômicos longos, ou ciclos seculares, de 40 a 60 anos, os chamados ciclos Kondratieff. A maioria dos economistas admite a existência de 3 ciclos Kondratieff no período que vai de 1790 a 1950. O primeiro estende-se até 1850, compreendendo 24 anos de alta e 36 de baixa; o segundo, entre 1850 e 1896, corresponde a 23 anos de alta e 23 de baixa da atividade econômica, e o terceiro, de 1896 a 1940, com 22 anos de alta e 22 de baixa. Entretanto, a marcação das datas dos ciclos Kondratieff é um problema de conceituação imprecisa. [É ÓBVIO] Por exemplo, não se sabe quando terminou a baixa iniciada supostamente em 1920 e se, atualmente, estamos ou não numa fase de baixa de um novo ciclo Kondratieff.” Hahaha, que ridículo!

KROPOTKIN, Piotr Alekseievitch (1842-1921). Príncipe e geógrafo russo, destacado líder e teórico do anarquismo. Abandonou a carreira e a posição social em 1871, para dedicar-se às atividades revolucionárias. Foi preso em 1874, mas conseguiu fugir da Rússia. Esteve preso na França entre 1883 e 1886 e, em seguida, viveu na Inglaterra, dedicando-se aos estudos, escrevendo e proferindo conferências. Retornou à Rússia em 1917, mas reprovou a Revolução de Outubro e viveu no isolamento até a morte. Entre seus livros destaca-se A Conquista do Pão (1888)

LAMB. Termo em inglês que se aplica ao operador inexperiente que investe seu dinheiro na Bolsa às cegas.” Todos gostam muito de Mariah Carey!

LANGE, Oskar (1904-1965). Economista e político polonês. Emigrou para os Estados Unidos em 1934, onde lecionou em universidades. Naturalizou-se norte-americano em 1943, porém retomou a nacionalidade polonesa em 1945. Representou seu país em Washington (1945-1946) e no Conselho de Segurança da ONU (1946-1948). Como vice-presidente do conselho de ministros e presidente da Associação Central de Cooperativas, influiu praticamente na planificação da economia da Polônia. No âmbito da teoria, figura como um dos mais importantes fundadores da econometria.”

O.L., Totalidade e Desenvolvimento à Luz da Cibernética, 1962.

LASSALLE, Ferdinand (1825-1864). Filósofo político alemão, socialista, discípulo de Fichte e de Hegel. Fundou, em 1863, a Associação Geral dos Trabalhadores Alemães, o primeiro partido operário da Alemanha, transformado depois no Partido Social Democrata.”

Partidário da unidade alemã, liderada pela Prússia, lutou pelo estabelecimento do sufrágio universal, para ele um objetivo da classe operária e um meio de o Estado servir aos interesses da maioria e realizar o socialismo. O pensamento de Lassalle, inspirado em Fichte e Hegel, está presente na sua principal obra, Das System der erworbenen Rechte (O Sistema dos Direitos Adquiridos), 1861, na qual defende uma linha socialista distante das concepções de Marx.”

Lassalle defendia a aliança com o governo como caminho para o socialismo e colaborou com Bismarck para alcançar tal objetivo, embora, após sua morte, os socialistas tenham sido perseguidos sistematicamente pelo Estado. O Partido Socialista Alemão, contudo, adotou em 1875 um programa inspirado em Lassalle, no que foi contestado por Marx em A Crítica ao Programa de Gotha (1875).”

A maioria de seus escritos foi reunida postumamente em Gesammelte Reden und Schriften (Coletânea de Discursos e Escritos), 1919.”

LA TOUR DU PIN CHAMBLY DE LA CHARCE, René, Marquês de (1834-1924). “Impressionado pelos acontecimentos da Comuna de Paris, fundou com Albert de Mun os primeiros círculos operários, dentro de um espírito corporativo. Suas concepções foram apresentadas numa série de ensaios escritos entre 1882 e 1907, reunidos no livro Vers un Ordre Social Chrétien (Rumo a uma Ordem Social Cristã).” “As idéias de La Tour du Pin influenciaram decisivamente a formação do ‘neocorporativismo’ defendido pela ultraconservadora Action Française.”

LAW, John (1671-1729). Financista escocês radicado na França, adepto da teoria quantitativa da moeda. Law, como os mercantilistas seus contemporâneos, considerava que o aumento do dinheiro, fator de desenvolvimento, estimularia o crescimento da produção e do poder do país. Acrescentava que o ouro e a prata, então escassos, poderiam ser substituídos por papel-moeda emitido por um banco central controlado pelo governo. Fundou tal banco (Banque Royale), em 1716, e a Compagnie des Indes Occidentales, em 1719, com apoio estatal. A companhia monopolizava o comércio no Território do Mississípi. As atividades do banco, no entanto, resultaram em especulação desenfreada, política inflacionária e pânico na economia francesa em 1720.”

LEI DE MURPHY. Concepção relacionada com a seguinte hipótese: se existir a possibilidade de que um item de um equipamento seja montado ou reparado de forma errada, então alguém, em algum lugar e em determinado momento, agirá exatamente assim. Às vezes esta ‘lei’ é apresentada da seguinte forma: ‘Se alguma coisa puder dar errado, ela dará errado, e, portanto, um equipamento deverá ser produzido à prova de tolos’.” A “Economia” é uma grande piada, uma seita, mal podendo receber o epíteto já demasiado elogioso de pseudociência. Exoterismo de quinta.

LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES. Também conhecida por Lei das Proporções Variáveis ou Lei da Produtividade Marginal Decrescente. Pode ser conceituada da seguinte maneira: ampliando-se a quantidade de um fator variável, permanecendo fixa a quantidade dos demais fatores, a produção, de início, aumentará a taxas crescentes; a seguir, após certa quantidade utilizada do fator variável, passará a aumentar a taxas decrescentes; continuando o aumento da utilização do fator variável, a produção decrescerá. Um exemplo clássico é o do aumento do número de trabalhadores em certa extensão de terra a ser cultivada. Numa primeira fase, a produção aumenta, mas logo se chega a um estado de nenhum crescimento na produção, devido ao excesso de trabalhadores em relação à extensão de terra (que não aumentou).”

LEMPIRA. Unidade monetária de Honduras. Submúltiplo: centavo.”

LENIN, Vladimir Ilitch Ulianov (1870-1924).

Quem São os Amigos do Povo e como Lutam os Sociais-Democratas?, 1894.

O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia, 1899.

Materialismo e Empirocriticismo, 1909.

O Imperialismo, Etapa Superior do Capitalismo, 1916.

Os populistas argumentavam que a viabilidade do capitalismo na Rússia era problemática, pois arruinaria a economia camponesa, limitando seu mercado interno, e não teria nenhuma possibilidade de expansão devido à ocupação dos mercados externos pelos países industrializados. Baseado em dados concretos, Lenin pôde mostrar que a ruína dos camponeses não implica a liquidação do mercado interno para o capitalismo. Ao contrário, é uma conseqüência necessária do processo de instalação e evolução do capitalismo, que promove a industrialização, acelera e aprofunda as contradições já existentes na comunidade camponesa, desintegrando-a e liberando as massas para a formação do proletariado.”

Outras obras importantes deste autor, traduzidas em mais de cem idiomas: O Que Fazer?, 1902; Duas Táticas da Social-democracia na Revolução Democrática, 1905; Um Passo à Frente, Dois Passos Atrás, 1904; O Estado e a Revolução, 1917; O Socialismo e a Guerra, 1915; e O Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo, 1920.

LER NOVO. Unidade monetária da Albânia. Submúltiplo: quindarka.”

LEVASSEUR, Pierre Émile (1828-1911). Economista, estatístico e geógrafo francês. Considerado o fundador da moderna história econômica na França, introduziu na história os ensinamentos da economia e de outras ciências sociais.”

Histoires des Classes Ouvrières en France, depuis la Conquête de Jules César jusqu’à la Revolution, 1859.

Cours d’Économie Rurale, Industrielle et Commerciale, 1869.

« LIBRA. O sistema monetário durante o reinado de Carlos Magno (747-814) rompe com o sistema romano (baseado no ouro) ao adotar o monometalismo de prata. Suas unidades de conta são a libra e o soldo, e, como unidade real, o denário. »

LILANGENI. Unidade monetária da Suazilândia. Submúltiplo: cent.”

LIRA. Unidade monetária da Itália (lira italiana; submúltiplo: centesimi), de San Marino (lira italiana; submúltiplo: centesimi), do Vaticano (lira italiana; submúltiplo: centesimi), de Chipre (setor turco, lira turca; submúltiplo: kurush) e da Turquia (lira turca; submúltiplo: kurush).”

LONGFIELD, Samuel Mountifort (1802-1884). Economista e jurista irlandês. Primeiro professor da cadeira de economia política do Trinity College, em Dublin (Irlanda), foi precursor da teoria da utilidade marginal. Sua principal obra, Lectures on Political Economy, 1834, em geral seguiu as doutrinas fundamentais da economia clássica, mas introduziu inovações. Identificou o valor de um bem com sua utilidade.”

LOTI. Unidade monetária de Lesoto. Submúltiplo: lisente.

LUDITAS. Grupos de operários ingleses que no início do século XIX destruíam as máquinas introduzidas na indústria têxtil. O emprego da máquina no processo produtivo provocou a ruína de milhares de artesãos, que se viram obrigados a vender sua força de trabalho aos empresários. Voltaram-se então contra as máquinas que substituíam nas fábricas seus instrumentos de trabalho. A prática foi reprimida com a pena de morte (lei de 1812) [QUE IRONIA! Quase posso ler Lei 8.112…] e a deportação. A designação veio do nome de King Ludd, um dos líderes do movimento.”

LUXEMBURGO, Rosa (1870-1919). “Rosa Luxemburgo e Liebknecht foram presos e em seguida assassinados, seus corpos atirados num canal.” A principal vítima da extrema-direita alemã antes da ascensão do nazismo.

Cartas da Prisão, 1921.

Acumulação do Capital, 1913. “O livro de Luxemburgo provocou uma acesa controvérsia no pensamento marxista, envolvendo Kautsky, Bukharin, Otto Bauer e outros autores. Devido ao fato de abordar criticamente as características da fase imperialista do capitalismo, foi considerado um trabalho precursor do estudo que Lenin realizou sobre o tema.”

MANDEL, Ernest (1923-1995). “Como teórico marxista, adquiriu notoriedade após a publicação da obra Traité d’Économie Marxiste (Tratado de Economia Marxista), 1962. O rigor científico de suas pesquisas manifesta-se também no estudo A Formação do Pensamento Econômico de Karl Marx, 1967, no qual reconstitui detalhadamente os passos teóricos dados por Marx, desde seus primeiros escritos até a elaboração de O Capital. No entanto, seu trabalho mais expressivo e inovador no que diz respeito à economia moderna é Der Spätkapitalismus — Versuch einer marxistischen Erklärung (O Capitalismo Tardio), 1972, no qual analisa a atual fase do capitalismo monopolista.” “Os temas abordados em O Capitalismo Tardio têm continuidade na obra Ende der Krise oder Krise ohne Ende? (Fim da Crise ou Crise Sem Fim?), 1977, uma série de ensaios que tratam sobretudo da natureza da recessão mundial na atualidade.” Atualidade sempre atual.

MARCUSE, Herbert (1898-1979). “Em uma de sua obras mais importantes, Ideologia da Sociedade Industrial, 1964, Marcuse faz uma análise crítica do sistema ideológico do moderno capitalismo industrial e afirma que o proletariado dos países desenvolvidos se interessa pela conservação do sistema. O autor acha que o potencial revolucionário para derrubar o capitalismo e construir uma sociedade sem exploração de classe e sem repressão dos impulsos naturais encontra-se nas maiorias oprimidas, nas classes marginalizadas e nos povos do Terceiro Mundo. Seus ataques demolidores à sociedade de consumo e sua reivindicação de liberdade sexual como complemento indispensável da emancipação política e econômica tiveram grande repercussão nos movimentos estudantis de 1968, principalmente nos Estados Unidos, França e Alemanha.”

MARGINALISMO [Ou Super-Stuartmillismo]. Escola e teoria econômica que define o valor dos bens a partir de um fator subjetivo — a utilidade, isto é, sua capacidade de satisfazer necessidades humanas, rompendo com a teoria clássica do valor-trabalho.” No máximo, entendem o princípio da adição à droga.

mercado de concorrência perfeita — premissa clássica mantida pelos marginalistas” E com que direito??

O marginalismo [coisa de marginal, realmente] surge como escola e teoria econômica estruturada a partir de 1870, elaborado e desenvolvido independentemente nas obras de 3 economistas: Karl Menger, William Jevons e Léon Walras. No início do século XX, a análise econômica baseada na utilidade marginal é refinada pelos representantes das 3 escolas mais importantes: a inglesa, com Alfred Marshall (1842-1924); a austríaca, representada por Böhm-Bawerk (1851-1914) e Von Wieser (1851-1926); a de Lausanne, com Pareto (1848-1923), discípulo de Walras. Tornou-se o fundamento da doutrina econômica acadêmica oficial dos países capitalistas, reafirmando o sistema de concorrência perfeita e a inexistência de crises econômicas, admitidas apenas como acidentes ou conseqüência de erros.” Ou seja: o ápice do patético.

SAINDO DO JARDIM DE INFÂNCIA: “Keynes tinha formação marginalista, mas rompeu com os preceitos ortodoxos, elaborando suas teorias da renda, consumo e investimento a partir de comportamentos sociais, e não de peculiaridades individuais.”

MARX, Karl Heinrich (1818-1883). “Doutorou-se em direito pela Universidade de Iena com a tese Sobre as Diferenças da Filosofia da Natureza de Demócrito e Epicuro, influenciado pela dialética de Hegel. De maio de 1842 a janeiro de 1843, foi redator-chefe do jornal Rheinische Zeitung (Gazeta Renana), editado em Colônia, porta-voz do liberalismo alemão. “

Artigos famosos: “A Liberdade de Imprensa”, “Manifesto sobre a Escola Histórica do Direito”, “Debates Motivados pela Lei contra o Furto da Lenha”, “Justificação do Correspondente do Mosela”.

Segundo Ernest Mandel, já nessa época Marx teria vislumbrado a noção da mais-valia, de ampla utilização posterior.”

Na capital francesa, ele entrou em contato com um movimento operário relativamente amadurecido e com revolucionários de toda a Europa, entre os quais Bakunin (…) Além disso, conheceu Friedrich Engels,”

PROTO-MARXISMO: Sagrada Família > Ideologia Alemã (visão ingênua do dicionário, talvez) >

MARXISMO “1”: Miséria da Filosofia > “incorpora Ricardo” (romantização?) >

MARXISMO “2” (Marxismo p.d.): Manifesto Comunista > Trabalho Assalariado e Capital >

PERÍODO PLATÔNICO DA DUPLA, E COM PLATÔNICO ENTENDER A EXPERIÊNCIA REAL QUE PLATÃO TEVE COM DIONÍSIO (Ironicamente): “Mas os trabalhos teóricos deveriam esperar: em 1848, a eclosão do movimento revolucionário em vários países europeus conduziu Marx e Engels de volta à Alemanha, onde editaram a Neue Rheinische Zeitung (Nova Gazeta Renana), procurando orientar as ações do proletariado alemão.” >

MARXISMO “3” (maturidade & além): As Lutas de Classe na França 1848-1850 > O Dezoito Brumário > Contribuição à Crítica da Economia Política > Grundrisse >

Teorias da Mais-valia (suposto Capital IV, antes da “trilogia”, haha) > Salário, Preço e Lucro > Capital I > A Guerra Civil na França > Crítica ao Programa de Gotha > Capital II & III (post-mortem)

MEADE, James Edward (1907-1995). Economista inglês, neokeynesiano, pioneiro no campo da macroeconomia e especialista em comércio internacional. Recebeu o Prêmio Nobel de Economia de 1977, juntamente com o sueco Bertil Ohlin, pelas pioneiras contribuições realizadas à teoria do comércio internacional e aos movimentos internacionais de capital.” Cf. Theory of International Economic Policy.

MERCIER DE LA RIVIÈRE, Pierre-Paul (1720-1794). Advogado, administrador e economista francês. Entre 1749 e 1759, foi chanceler do Parlamento Francês. Embora não seja certo que tenha se encontrado antes de 1765 com Quesnay ou Mirabeau, a partir dessa data tornou-se um destacado fisiocrata e publicou uma obra que muitos — entre eles Adam Smith — consideraram a exposição mais clara da doutrina fisiocrata.”

MIL-RÉIS. Originalmente, era ¼ de 1/8 do ouro de 22 quilates, ou o equivalente a 0,8965g de ouro amoedado. A peça principal do sistema era a moeda de 20 mil-réis, de 5/8 de ouro, com um peso equivalente a 17,930g. O mil-réis era a unidade monetária brasileira até 1942, quando foi substituído pelo cruzeiro.”

MILHA. Medida de distância originada durante o Império Romano, a qual equivalia inicialmente a mil passos (milia passuum), sendo estes equivalentes a uma passada dupla contada do lugar em que um pé deixava o chão ao ponto em que voltava a ele, e equivalente a 5 pés (cerca de 1,5m). Até o ano 1500 a milha era equivalente a 5 mil pés. Para facilitar a medição da terra a milha foi transformada em 5280 pés, de tal forma que o furlong, que era a medida de distância mais comum na época, seria exatamente igual a 1/8 de milha, isto é, 1 milha conteria 8 furlongs. Esta é a milha terrestre, de 5280 pés ou 1609,3m.”

MIRABEAU, Conde de (Honoré Gabriel Victor Riqueti) (1749-1791).

Philosophie Rurale ou Économie Générale et Politique de l’Agriculture: « A ordem econômica seria regida por leis naturais e não deveria sofrer intervenção do poder governamental. »

MISSES an opportunity ov n’t being alive…

The Anticapitalistic Mentality

The Theory of Money and Credit

Socialism: An Economic and Sociological Analysis

Human Action

MODO DE PRODUÇÃO. “Louis Althusser entende o modo de produção como uma totalidade que articula a estrutura econômica, a estrutura político-jurídica (leis, Estado) e uma estrutura ideológica (idéias, costumes). (…) Para outros teóricos marxistas, o conceito de formação social abrange o modo de produção e a superestrutura da sociedade. Teoricamente, numa formação social concreta, podem estar presentes vários modos de produção, tendo um como dominante.”

MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO. “As observações de Marx a esse respeito tinham como referência a China, a Rússia e a Índia. A originalidade histórica do modo de produção asiático como forma de transição consiste no fato de comportar determinado tipo de Estado e um sistema de exploração do trabalho sem que exista a propriedade privada da terra.” Solo fértil para a ditadura do proletariado.

…está ausente das formulações de Engels em A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, em que é apresentado um esquema geral de evolução e sucessão dos modos de produção.”

MOLOCH. Termo hebraico que denomina antiga divindade semítica, a quem se fazia o sacrifício dos próprios filhos. Por analogia, designa o Estado todo-poderoso e onipresente a quem se faz o sacrifício da liberdade, da autodeterminação e da vontade, ou seja, o Estado centralizador e totalitário.” Estados Unidos, são vocês?!

MONJOLO. Pilão mecânico rudimentar acionado a água, trazido provavelmente da Ásia, e muito usado no Brasil desde as primeiras fases da colonização até os dias de hoje, em certas áreas do interior do Brasil.”

MONTCHRESTIEN, Antoine de (1575-1621). Economista francês, um dos primeiros teóricos do mercantilismo e ao qual se atribui a criação da expressão economia política. Na obra Traité de l’Économie Politique (Tratado da Economia Política), 1616, sustenta, como Jean Bodin, que a ordem social exige a submissão dos mais fracos aos mais fortes e que a guerra contra o estrangeiro é útil à paz interna de uma nação. Bem de acordo com as novas idéias mercantilistas que se difundiam pela Europa da época, Montchrestien propõe uma crescente intervenção do Estado em todas as atividades econômicas, obrigando as pessoas a trabalhar, criando manufaturas estatais e reservando o comércio aos naturais do país.”

MORITA, AKIO (1921-[1999]). Nasceu no Japão, no município de Aichi, e formou-se na Universidade de Osaka. Logo depois da Segunda Guerra Mundial, em 1946, fundou com Ibuka Masaru a Tokyo Tsushin Kogyo, que mais tarde veio a ser a Sony Corporation, tornando-se seu presidente em 1971 e presidente do conselho em 1976.” “Na medida em que seus produtos, durante os anos 70, passaram a constituir uma ameaça para os concorrentes norte-americanos, estabeleceu uma filial da Sony em San Diego, Califórnia, e ao mesmo tempo montou uma poderosa trading company. As ações da Sony passaram a ser cotadas na Bolsa de Valores de Nova York, o que significou que pela primeira vez uma empresa japonesa participava da big board.”

MORTMAIN. Expressão de origem francesa que significa, literalmente, ‘mão morta’ e que significa a propriedade perpétua e não transferível de um imóvel por parte de instituições como, por exemplo, a Igreja.”

MOSCA, Gaetano (1858-1941). Jurista, cientista social e político italiano, um dos principais estudiosos da teoria da circulação das elites, ao lado de Robert Michels e Vilfredo Pareto.” Melhor Mosca Sociológica que Príncipe dos Sociólogos no Hemisfério Sul!

Em sua principal obra, Elementi di Scienza Politica (Elementos de Ciência Política), 1896, afirmou que todas as sociedades são dominadas por pequena minoria, organizada e coesa, cujos integrantes apresentam algum atributo, real ou aparente, altamente considerado nessas sociedades, e cuja autoridade emana tanto de características próprias como da organização e coesão de que dispõem.” Um tanto óbvio… Mas, como disse acima, melhor ser óbvio do que mentiroso e hipócrita (FhC)!

As idéias de Mosca foram aproveitadas pelos fascistas italianos, embora ele propusesse uma organização em parte autocrática e em parte liberal, que permitisse a contínua renovação das elites.” Como os manuais de economia são ingênuos: eles acreditam que liberalismo e fascismo se distinguem!!

Ciò che la Storia Potrebbe Insegnare: Scritti di Scienza Politica, 1884

Partiti e Sindicati nella Crisi del Regime Parlamentare

[bons para treinar o recém-adquirido italiano!]

MOVIMENTO STAKHANOVISTA. Campanha de larga escala desenvolvida na ex-União Soviética para elevar a produtividade. O movimento encorajava os trabalhadores da indústria, da mineração e da agricultura a apresentar sugestões para o aumento da produtividade e para a melhoria dos métodos de trabalho. O movimento também enfatizava a necessidade de uma melhor divisão do trabalho e uma utilização mais eficiente das máquinas e equipamentos. Este movimento teve origem quando, em 31/08/1935, um mineiro — Alexei Gregorievitch Stakhanov — num único turno de trabalho conseguiu extrair 102 toneladas de carvão (14x a norma), mediante a separação dos processos do corte do carvão e sua redução em pedaços menores para a colocação na caçamba que os transportaria e designando cada uma das tarefas a diferentes trabalhadores.” Ele foi patrão e não mineiro!

os níveis de produção alcançados pelos stakhanovistas não eram verdadeiros, não apenas porque os dados eram manipulado mas também porque as equipes stakhanovistas eram ajudadas por grupos anônimos que faziam com que a produção se apresentasse como maior. Depois da Segunda Guerra Mundial, alguns dos abusos foram corrigidos e os níveis do salário mínimo, elevados.”

MUTATIS MUTANDIS. Expressão em latim que significa “não faço a menor idéia do que estou falando, mas como sou formado em economia uso essa expressão para maquiá-lo achando que engano alguém”.

MUTUAL CONVENANT. Pacto de duas bruxas.

MYRDAL, Gunnar Karl (1898-1987). Economista, sociólogo e político sueco, especializado em estudos sobre populações marginalizadas e países subdesenvolvidos. Recebeu, juntamente com F.A. Hayek, o Prêmio Nobel de Economia em 1974.” JUNTO COM HAYEK. Os “subdesenvolvidos” não param de ser humilhados!

NAISHOKU. Nos tempos feudais, no Japão, denominava-se naishoku o trabalho complementar (colateral) realizado por um samurai ou um ronin, isto é, o samurai que por alguma razão não estava a serviço de um senhor feudal. Hoje o termo designa o trabalho por peça feito em casa — geralmente pela dona de casa (mulher) — para complementar o orçamento doméstico.” Samurai em semana de ronin.

NECKER, Jacques (1732-1804). Economista, político e banqueiro francês. Ministro das Finanças de Luís XIV, fez um plano de reformas econômicas e financeiras com concessões à burguesia, já nos últimos tempos da monarquia. Sua popularidade junto às massas parisienses levantou contra ele a desconfiança da nobreza e do clero, levando-o à renúncia em 1790. Publicou obras sobre política financeira, como Elogio de Colbert e Ensaio sobre a Legislação e o Comércio de Cereais, ambas de 1775.”

NENKO. Termo em japonês que significa um sistema de salários baseado na antiguidade (senioridade) dos empregados.”

NEOCAPITALISMO. Designação dada por alguns autores ao capitalismo dos países altamente industrializados na atualidade, caracterizado pela aplicação de medidas que visam ao bem-estar social. Corresponderia, por exemplo, ao perfil do Novo Estado Industrial traçado por J.K. Galbraith, ou ao Estado do Bem-Estar Democrático analisado por Gunnar Myrdal.” Saudades. Nos últimos anos ante-trumpistas também conhecido como economia verde!

NEW HARMONY. Pequena cidade do Estado de Indiana (EUA) onde foram criadas, no início do século XIX, duas comunas cooperativas organizadas segundo as idéias de Robert Owen. Em 1814, George Rapp, líder da Harmony Society, fundou a primeira Harmony. Dez anos mais tarde, foi vendida a Robert Owen e rebatizada New Harmony. Centro cultural e científico durante certo tempo, foi extinta em 1828.”

NEW LENARK. Nome de uma cidade têxtil localizada perto de Glasgow, na Escócia, onde Robert Owen estabeleceu suas fábricas de algodão. Na época, foi considerada uma comunidade-modelo, onde os salários e condições de trabalho eram bem superiores às existentes no resto da Inglaterra. Em New Lenark, o empresário recebia um retorno modesto pelo seu capital, isto é, sua taxa de lucro era relativamente baixa, mas em compensação os salários dos trabalhadores eram mais elevados, o que se traduzia também por um melhor nível de vida na comunidade onde a fábrica estava localizada.” Algo impensável, não é?

OCIDENTALISTAS [ou ‘Dostoievski estava certo!’]. Grupo de intelectuais russos do século XIX que, em oposição aos eslavófilos, advogavam a modernização do país segundo os padrões do Ocidente europeu. Defendiam a implantação de um governo republicano, a libertação dos servos e a adoção da tecnologia ocidental. Entre os ocidentalistas destacavam-se Belinski, Turgueniev, Bakunin, Herzen.”

OITAVA. Medida de peso utilizada pela Casa da Moeda do Brasil antes da adoção do sistema métrico decimal e equivalente a 3 escrópulos ou aproximadamente 3,571 gramas.” Uma oitava desafinada…

OPEP— Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Entidade criada em 1960 no Iraque. Foram responsáveis por sua fundação a Arábia Saudita, o Irã, o Kuweit, a Venezuela e o próprio Iraque. A Opep surgiu com o objetivo de estabelecer uma política comum em relação ao petróleo. Integraram-se posteriormente à organização: Argélia, Equador, Gabão, Indonésia, Líbia, Nigéria, Qatar e União dos Emirados Árabes. No início da década de 80 os países da Opep respondiam por cerca de 60% da produção mundial de petróleo e 90% das exportações.” “A Opep surgiu como uma poderosa organização logo após a guerra árabe-israelense de 1973, quando os países árabes nela integrados boicotaram o fornecimento de petróleo para os Estados Unidos e outros países que auxiliavam Israel.” “Em 1976 foi introduzido um sistema dual de preços, pois a Arábia Saudita e a União dos Emirados Árabes decidiram mantê-los em nível mais baixo que os demais membros da organização.” Protetorados americanos…

OURO NEGRO. Denominação metafórica dada ao petróleo na medida em que este é um produto de aceitação geral, e quem o produz pode obter moedas fortes em troca de sua exportação. É também nome de uma liga natural de ouro encontrada em moedas durante os reinados de D. João VI até D. Pedro II, no Brasil.”

OWEN, Robert.

A New View of Society or Essays on the Principle of Formation of the Human Character

Lectures on an Entire New State of Society

Life of Robert Owen Written by Himself

PARADOXO DE ALLAIS. A origem do paradoxo de Allais está na crítica que este autor desenvolveu ao livro Theory of Games (Teoria dos Jogos), 1947, de Von Neumann e Morgenstern.” “1) Você prefere a situação A ou a situação B? Situação A: certeza de ganhar 100 milhões de francos; Situação B: 10% de probabilidade de ganhar 500 milhões de francos; 89% de probabilidade de ganhar 100 milhões de francos; 1% de probabilidade de não ganhar nada. 2) Você prefere a situação C ou a situação D? Situação C: 11% de probabilidade de ganhar 100 milhões de francos; 89% de probabilidade de não ganhar nada. Situação D: 10% de probabilidade de ganhar 500 milhões de francos; 90% de probabilidade de não ganhar nada. Allais mostra que de acordo com as formulações neobernoullianas (de Von Neumann e Morgenstern), a preferência da situação A sobre a B, isto é, se AB, significaria a preferência da situação C sobre a D, isto é, que CD. No entanto, Allais observou que mesmo pessoas muito cuidadosas, acostumadas ao cálculo de probabilidade e consideradas racionais (embora com rendas relativamente pequenas se comparadas com os ganhos do exemplo anterior), preferiam A a B, mas ao mesmo tempo preferiam D a C. Uma vez que os neobernoullianos consideram evidentes os axiomas dos quais eles deduzem formulações (neobernoullianas), reputam esse resultado, isto é, o experimento de Allais, um paradoxo.” Ninguém acha que é o 1%, pelo menos quando este 1% é o mais azarado.

PATACA. Moeda de ouro cunhada durante o reinado de dom Pedro II (período da Regência) e equivalente a 320 réis. A meia-pataca equivalia a 160 réis.” Ou seja, porra nenhuma.

PENNYWEIGHT. Termo em inglês que significa medida de peso equivalente a 24 grãos ou 1,555 g, cuja abreviação é dwt. 20 pennyweights ou 480 grãos equivalem a uma onça troy.”

PENSAMENTO ECONÔMICO. Embora alguns aspectos dos problemas econômicos tenham sido tratados nas obras de Aristóteles e outros filósofos gregos e, na Idade Média, por teólogos como Tomás de Aquino, foi somente na Era Moderna que surgiu o estudo empírico e teórico dos fenômenos econômicos, inaugurando propriamente uma história de pensamento econômico. Assim, nos séculos XVI e XVII, o período de nacionalismo econômico, conhecido como mercantilismo, produziu os primeiros teóricos preocupados com a economia, como Thomas Mun, Josiah Child e William Petty.”

No início do século XVIII, destaca-se o esforço sistematizador de Richard Cantillon, cujo Essai sur la Nature du Commerce en Général (Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral), 1734, já apresenta uma visão coerente dos fenômenos econômicos, ressaltando o papel do empresário. Mas o avanço fundamental viria na segunda metade do século, com a escola fisiocrática. Nos trabalhos de François Quesnay e Turgot, a indagação econômica volta-se para a esfera da produção de riquezas e em especial para a produção agrícola, vista como a única fonte geradora de valores. O Tableau Économique, de Quesnay, publicado em 1758, é a primeira representação do circuito econômico, da interdependência das atividades econômicas, das relações entre a produção e sua repartição. Em 1776, é publicado A Riqueza das Nações, de Adam Smith, gigantesco marco inicial da escola clássica inglesa: o trabalho, agrícola ou industrial, passa a ser visto como a única fonte das riquezas de um país.”

Contra o pensamento da escola clássica, começaram a desenvolver-se, a partir de 1820, diferentes reações doutrinárias, como a doutrina intervencionista de Sismondi, o industrialismo de Saint-Simon, o sistema nacional de economia política de Liste, o socialismo utópico de Fourier e Proudhon. Mas foi Karl Marx o primeiro a contestar de modo global a análise realizada pelos clássicos ingleses, tanto em suas premissas e objetivos quanto em suas conclusões.”

Mas a inovação mais importante da corrente neoclássica surgiu na década de 30, com a obra de John Maynard Keynes, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, 1936, que refutou a teoria do equilíbrio automático da economia capitalista.”

PETTY, William (1623-1687). Economista inglês, considerado o precursor da escola clássica e fundador da estatística econômica. Interessado no estudo das finanças públicas, escreveu A Treatise of Taxes and Contributions (Tratado dos Impostos e Contribuições), 1662. A mesma preocupação em indicar as melhores formas de arrecadar impostos e encaminhar os gastos públicos conduziu Petty à necessidade de dispor de dados o[s] mais amplos possível[is] [sic] sobre a atividade econômica.”

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Political Anatomy of Ireland

Political Arithmetick

PLEKHANOV. “Em 1903, no segundo congresso do partido, rompeu com Lênin, liderando a facção menchevique. A partir desse momento, acentuaram-se suas divergências com o leninismo. Plekhanov retornou à Rússia em 1917, pedindo a suspensão temporária da luta de classes diante da necessidade de defesa do país, ameaçado pela guerra, um argumento classificado pelos bolcheviques de ‘social-chauvinismo’.”

PONTES DE KÖNIGSBERG. No início do século XIX existiam 7 pontes na cidade de Konigsberg (atual Kaliningrado [já mudou de nome de novo]). Elas cruzavam as diversas bifurcações do rio Pregel (Pregolya) como mostrado no diagrama abaixo. O problema colocado era o seguinte: seria possível, a partir de qualquer ponto, atravessar cada ponte somente uma vez e voltar ao ponto de partida? O problema foi tratado por Leonhard Euler, que o colocou de forma mais geral e publicou o que talvez possa ter sido o primeiro trabalho sobre a questão da teoria dos grafos. No caso em questão, a resposta é não, pois, como Euler demonstrou, a resposta só é positiva quando o número de vértices for par.”

PONZI GAMES. O termo tem dois significados correlacionados. A palavra ‘Ponzi’ é o sobrenome de um estelionatário (escroque) norte-americano (Charles Ponzi) que desenvolveu um tipo de golpe que prometia aos investidores dobrar o capital investido em 90 dias, tirando proveito das oportunidades de arbitragem no mercado internacional de títulos (cupons) postais. Ponzi foi preso em 1920, passou 3 anos e meio na prisão e sua empresa foi declarada insolvente em 1931. Charles Ponzi morreu em 1949. Do ponto de vista econômico, o esquema adotado por Ponzi, ou um Ponzi game, refere-se a uma situação na qual um devedor executa uma rolagem perpétua de sua dívida, cobrindo os juros e o principal de sua dívida passada com mais dívida no presente. Ou melhor, os encargos da dívida existente são pagos com a ampliação da própria dívida. Num esquema do tipo Ponzi, devemos destacar, em primeiro lugar, que o endividamento não tem como garantia ativos reais, mas simplesmente dívida futura (ou capacidade de endividamento futuro), e, em segundo, que o mecanismo torna-se possível desde que o fluxo de transações financeiras no mercado tenha sempre um valor presente positivo para o devedor, isto é, que o valor do empréstimo inicial dos credores ao devedor não seja suplantado em valor presente pelos pagamentos deste último aos primeiros. No Brasil, durante os anos 50 esse golpe foi aplicado com a seguinte estruturação: um cidadão de nome Felipe (daí o nome de Felipeta [sensacional!] para as promissórias assinadas por ele como sinônimos de títulos micados, isto é, sem valor) adquiria automóveis a prazo e vendia à vista com grande desconto; em determinado momento, tão mais próximo quanto maior fosse o desconto dado e menor o número de ‘clientes’, ele não seria capaz de pagar as prestações com o dinheiro arrecadado pelas vendas à vista, e teria de declarar-se insolvente [protótipo do ‘golpista burro’]. Durante os anos 80, o endividamento externo brasileiro também teve uma trajetória parecida com um Ponzi game, na medida em que se tentou perpetuar o mecanismo de pagar os encargos do estoque da dívida externa aumentando este estoque com endividamento adicional. No momento em que os credores internacionais, temerosos dos eventuais efeitos em cadeia da moratória mexicana (1982), reduziram seus empréstimos para a continuação da rolagem da dívida externa brasileira, [que pena!] o sistema entrou em crise e somente em 1994 estabeleceu-se um novo acordo para o pagamento de nossa dívida externa.”

POSTUM. Um tipo de café artificial difundido nos Estados Unidos e composto pela mistura de cereais e leguminosas torradas e moídas como a chicória, o trigo, o centeio e a aveia. Este tipo de produto fazia parte das refeições realizadas pelas operárias durante os experimentos de Hawthorne nos Estados Unidos, durante os anos 30.” Que safados!

POUSIO. Técnica de cultivo correspondente ao período medieval, quando o predominante era a rotação de terras e não a rotação de cultivos. O pousio implicava que determinada quantidade de terras destinadas às lavouras numa comunidade (entre 25% e 35%) deviam permanecer em descanso, para que sua fertilidade pudesse ser recuperada naturalmente. Com o descobrimento da técnica da rotação de cultivos, a partir do século XVII, essa restrição foi elimina da e a produção e a produtividade do trabalho agrícola puderam aumentar na Europa, acompanhando a maior demanda de alimentos e matérias-primas que caracterizou a Revolução Industrial.”

PRADO JÚNIOR, Caio da Silva (1907-1990). Historiador da economia brasileira, pioneiro na aplicação do marxismo à análise da realidade nacional.” Livros posteriores a Formação do Brasil Contemporâneo (livro que li em 2008 em sociologia): Dialética do Conhecimento (1952), Notas Introdutórias à Lógica Dialética (1959), A Revolução Brasileira (1966), Estruturalismo e Marxismo (1971) e História e Desenvolvimento (1972).

PRÊMIO NOBEL (Economia). Prêmio em Ciências Econômicas do Banco da Suécia em memória de Alfred Nobel. Foi concedido pela primeira vez em 1969, e a lista dos ganhadores é a seguinte: 1969 — Jan Tinbergen e Ragnar Frisch; 1970 — Paulo Samuelson; 1971 — Simon Smith Kusnetz; 1972 — John Richard Hicks e Kenneth Arrow; 1973 — Wassily W. Leontief; 1974 — Gunnar Karl Myrdal; 1975 — Tjalling Koopmans e L. Kantorovitch; 1976 — Milton Friedman; 1977 — James Edward Meade, Bertil Ohlin; 1978 — Herbert A. Simon; 1979 — William Arthur Lewis e Theodore W. Schultz; 1980 — Lawrence Robert Klein; 1981 — James Tobin; 1982 — George Stigler; 1983 — Gerard Debreu; 1984 — Richard Stone; 1985 — Franco Modigliani; 1986 — James McGill Buchanan; 1987 — Robert Solow; 1988 — Maurice Allais; 1989 — Trygve Haavelmo; 1990 — Harry Markowitz, Merton Miller e William Sharpe; 1991 — Ronald Coase; 1992 — Gary Baker; 1993 — Robert W. Fogel e Douglas North; 1994 — John Harsanyi, John F. Nash e Reinhard Selten; 1995 — Robert E. Lucas; 1996 — James Mirrlees e William Vickrey; 1997 — Robert C. Merton e Myron S. Scholes; 1998 — Amartya Sen.” Um quartel de século a mais e com certeza muitos imbecis premiados…

PREOBRAJENSKI, Evgueni Alekseievitch (1886-1937). Economista e político socialista russo. Após a Revolução de 1917, integrou o Comitê Central do Partido Comunista. Nos anos 20, foi um dos mais acirrados críticos da Nova Política Econômica (NEP), proposta por LEnin, e que consistia num retorno parcial e tático à economia de mercado para fazer frente às dificuldades econômicas. Defendendo a prioridade da indústria sobre a agricultura, subscreveu as Teses da Oposição de Esquerda, lideradas por Trotski, que se opunha à construção do socialismo ‘a passos de tartaruga’, proposta por Bukharin, a partir de uma vigorosa economia camponesa. Mas as posições de Preobrajenski iam além da ênfase à industrialização e ao planejamento econômico. Ele defendia uma industrialização imediata e um progresso técnico rápido, realizado por meio de uma ‘acumulação socialista primitiva’, financiada pelo setor agrícola. Essa proposta implicava a compra de produtos agrícolas abaixo de seu valor e a venda de bens industriais socialistas acima do preço, com a exportação dos produtos agrícolas a preços mais elevados, possibilitando assim o financiamento e a demanda de bens de capital. Apesar da origem ‘trotskista’, foi essa a base do projeto stalinista da construção do ‘socialismo num só país’.” E nada tem essa práxis de errado, a não ser que Trotski deve ter dela se arrependido!

PROLETARIADO. “Juridicamente reconhecidos como homens livres, esses operários viviam em condições subumanas, desprovidos de direitos políticos e até mesmo de se organizar livremente para lutar por melhores condições de vida. Recebiam baixos salários e trabalhavam em média dezesseis horas por dia, sendo também vítimas de castigos corporais por parte dos patrões. A revolta dos trabalhadores muitas vezes se dirigiu contra as máquinas, as quais destruíam, como no caso dos luditas.” “Não faltaram também as tentativas de tomada direta do poder nas numerosas rebeliões que se desenvolveram na Europa no século XIX.”

PROUDHON, Pierre Joseph (1809-1865). “defendia a substituição da propriedade que possibilita a exploração do trabalho de outrem pela posse pessoal, familiar e hereditária resultante do trabalho.” “Para a formação de capitais, existiria um banco diferente dos capitalistas, o Banc d’Échange, que não cobraria juros e faria circular cheques-trabalho (correspondentes ao trabalho despendido na produção de um artigo).”

Idéia Geral da Revolução no Século XIX (1851)

Da Justiça na Revolução e na Igreja (1855)

Da Capacidade Política das Classes Operárias (1865)

REVOLUÇÃO SOCIALISTA. “Nela continuará existindo o mercado, a produção para o mercado, a lei do valor e as trocas, elementos que não desaparecerão simplesmente por vontade da direção revolucionária. Como afirma Henry Lefèvre, a respeito do desenvolvimento da nova sociedade, o direito dos produtores (trabalhadores) será ainda proporcional ao trabalho fornecido em quantidade e qualidade. A igualdade propugnada pela revolução consistirá apenas em que o trabalho será, consciente e racionalmente, função da medida comum das trocas, e não o dinheiro. E essa situação de desigualdade só será superada nas condições da sociedade comunista (etapa superior), quando o lema será de cada um de acordo com sua capacidade e a cada um de acordo com suas necessidades.Distinção obsoleta.

Foi somente com o declínio das divergências revolucionárias na Europa Ocidental, por volta de 1880, que Marx e Engels voltaram suas atenções para a Rússia, agitada pela ação dos narodniks. Mas, para eles, a vitória plena da revolução socialista nesse país dependia do fim do capitalismo nos países mais adiantados.”

RICARDO, David (1772-1823). Economista inglês, considerado o mais legítimo sucessor de Adam Smith; suas idéias dominaram a economia clássica por mais de meio século. Após uma brilhante carreira na Bolsa, dedicou-se ao estudo da economia e escreveu artigos para jornais. Seu primeiro livro, O Preço Elevado dos Lingotes de Ouro, uma Prova da Depreciação das Notas de Banco (1810), explica a depreciação das notas bancárias, o movimento dos preços e dos fluxos de comércio e o volume de moeda. Em Ensaio sobre a Influência do Baixo Preço do Trigo sobre os Lucros (1815), analisa problemas específicos da cultura de cereais na Grã-Bretanha. Propostas para uma Circulação Monetária Econômica Segura (1816) é a base de seu trabalho mais importante, Princípios de Economia Política e Tributação (1817).”

Assim, a renda de determinada terra seria a diferença entre o valor da colheita dessa área fértil e da colheita de outras menos férteis. Com o inevitável crescimento da renda diferencial da terra, os proprietários rurais iriam se apossando de maior percentual do excedente econômico, em detrimento dos capitalistas. Ricardo previa a ocorrência de um ‘estado estacionário’, resultante do crescimento populacional e responsável pelo cultivo de terras cada vez menos férteis.”

RODBERTUS, Johann Karl (1805-1875). Nasceu na Alemanha e formou-se em direito pelas universidades de Göttingen e Berlim. A partir de 1836, concentrou-se nos estudos de economia e história, tendo sido fortemente influenciado por Sismondi e Ricardo. Deste último aceitava a concepção de que os salários seriam sempre determinados em nível de subsistência, ou seja, acreditava na existência de uma Lei de Ferro dos Salários. Assim, qualquer aumento de renda nacional beneficiaria os lucros e a renda de terra e a participação dos salários diminuiria. Isso provocaria uma queda relativa do consumo na medida em que a demanda representada pelos trabalhadores diminuiria (em relação ao produto total) e ocorreriam crises. Nesse sentido, Rodbertus pode ser considerado um precursor dos teóricos do subconsumo.” “ele é considerado um socialista de Estado, embora no campo político fosse conservador. Suas teorias foram duramente criticadas por Marx e sua obra na realidade não obteve maior destaque entre os economistas durante o século XIX.” Reformistinha.

ROSCHER, Wilhelm Georg Friedrich (1817-1894). Economista alemão, professor nas universidades de Göttingen e Leipzig. Foi um dos fundadores da escola histórica alemã, influenciado pela escola de direito de Savigny e pelo empirismo histórico, propondo-se a destacar o espírito histórico nas investigações econômicas. Rejeitou o método da economia clássica, argumentando que suas teses clássicas não deviam ser demonstradas abstratamente, mas provadas ou ilustradas por exemplos concretos. Seu primeiro livro, Introdução de um Curso de Economia Política por Meio do Método Histórico (1843), considerado o marco de fundação da escola histórica alemã, destaca o empirismo histórico como base de toda política econômica.” “Entre outros escritos, publicou os cinco volumes do Sistema da Economia Política (1854-1894), de grande influência na época.”

ROTHSCHILD. Família de banqueiros europeus de origem judaica que exerceu grande influência econômica e política em diversos países durante quase dois séculos. Seu poder financeiro começou com Mayer Amschel Rothschild (1743-1812), que, tendo fundado uma casa de câmbio em Frankfurt, Alemanha, tornou-se o principal agente de negócios do príncipe Guilherme I, além de credor do governo dinamarquês e administrador dos bens do príncipe de Hesse. Os filhos de Mayer ampliaram a área de operações do estabelecimento de Frankfurt, abrindo agências em Viena, Londres, Nápoles e Paris. O gênio financeiro da família coube a um deles, Nathan Mayer Rothschild (1777-1836), diretor do banco em Londres, que, para maior eficiência de suas operações, utilizava-se de navios, cavalos e até pombos-correios. Foi desse modo que, no dia seguinte ao da batalha de Waterloo, comprou os títulos em baixa na Bolsa de Londres, antes que a notícia da vitória inglesa se espalhasse. Nathan Rothschild foi negociador dos empréstimos aos ingleses e seus aliados para a campanha contra Napoleão, fazendo com que os negócios da família alcançassem grande destaque na Europa, além de realizar transações em quase

todos os pontos do mundo.”

SAY, Jean-Baptiste (1767-1832). Industrial e economista clássico francês, divulgador da obra de Adam Smith. Elaborou em 1803 a Lei dos Mercados ou Lei de Say, segundo a qual a produção criaria sua própria demanda, impossibilitando uma crise geral de superprodução. Esse conceito de equilíbrio econômico foi a base da teoria econômica neoclássica.”

SCHMOLLER, Gustav (1838-1917). Economista alemão, fundador e principal representante da nova escola histórica alemã, que teve seu apogeu a partir de 1870. Rejeitando a síntese realizada por seus predecessores, a nova escola histórica tornou-se basicamente descritiva, desenvolvendo uma forte tendência para a investigação histórico-econômica pormenorizada e realista. Schmoller não procurou formular leis gerais do desenvolvimento, como a escola anterior, e colocou em dúvida a aptidão do método clássico para descobri-las. Assim, sua obra simplesmente analisa os fatos econômicos e as instituições, elaborando uma história econômica sob o argumento de que os mecanismos econômicos são relativos às instituições do momento. O Estado poderia intervir para modificar essas estruturas e instituições, realizando reformas sociais. Sobre isso, o autor publicou, em 1872, o Manifesto de Eisenach. O historicismo de Schmoller traduziu-se numa tendência intervencionista e vagamente socialista, conhecida como ‘socialismo de cátedra’, devido à adesão de muitos professores.”

SCHUMPETER, Joseph Alois (1883-1950). Economista austríaco, ministro das Finanças de seu país após a Primeira Guerra Mundial. Fixou-se nos Estados Unidos em 1932, lecionando nas universidades de Bonn e de Harvard. Precursor da teoria do desenvolvimento capitalista, ofereceu uma importante contribuição à economia contemporânea, particularmente no estudo dos ciclos econômicos. Schumpeter admitia a existência de ciclos longos (de vários decênios), médios (de dez anos) e curtos (de quarenta meses), [MUITO ESQUEMÁTICO] atribuindo diferentes causas a cada período. As depressões econômicas resultariam da superposição desses 3 tipos de ciclo num ponto baixo, como ocorreu na Grande Depressão de 1929-1933. O estímulo para o início de um novo ciclo econômico viria principalmente das inovações tecnológicas introduzidas por empresários empreendedores. [blá, blá, blá]

Capitalism, Socialism and Democracy (Capitalismo, Socialismo e Democracia), 1942 — obra esta considerada pessimista, pois Schumpeter, adversário do socialismo, conclui pelo desaparecimento do capitalismo e pelo inevitável triunfo do socialismo [benza deus] — e History of Economic Analysis (História da Análise Econômica), obra inacabada e publicada postumamente em 1954.”

SCHWARZER PETER THEORIE. Expressão em alemão que significa, literalmente, ‘teoria do Pedro Negro’, calcada num jogo homônimo no qual os jogadores procuram livrar-se de um objeto com a maior velocidade possível. A teoria baseada nesse jogo refere-se ao processo de aumento da velocidade de circulação da moeda decorrente de um processo de hiperinflação, quando todos procuram livrar-se o mais rapidamente possível do papel-moeda que recebem antes que seu valor diminua em função do aumento de preços, como ocorreu durante a hiperinflação alemã entre 1922/1923.” A batata quente racista!

SHIBATA, Kei (1902-1986). Economista japonês, obteve a graduação e a pós-graduação na Universidade de Kyoto. Seus primeiros trabalhos publicados em inglês na Kyoto University Economic Review, durante a segunda metade dos anos 30, chamaram a atenção não apenas no Japão, mas também no exterior. Seu livro Jiron Keizagaku (Teoria Econômica), 1935, recebeu um prêmio, e ele prosseguiu seus estudos em Harvard. Shibata tentou reconciliar a economia política marxista e a economia da escola de Lausanne. Ao estudar O Capital de Marx com o principal economista marxista japonês, o professor Kawakami Hagime, Kei Shibata interessou-se pela visão marxista, mas também pelo sistema

walrasiano de equilíbrio geral, especialmente pela elegância de suas equações, que ele estudou sob a supervisão de Tokata Yosumo, o pioneiro da economia moderna no Japão (substituto do professor Kawakami). O primeiro trabalho de

Shibata nesse sentido foi escrito em 1933, e esse texto influenciou fortemente Oskar Lange na elaboração de seu famoso artigo ‘Marxian Economics and Modern Economic Theory’ (‘Economia Marxista e a Teoria Econômica Moderna’), 1935, publicado na Review of Economic Studies. O método de Shibata foi vincular o sistema walrasiano de equações (numa forma simplificada)

com os esquemas (subdivididos) de reprodução de Marx. Ele tratou o problema não do ponto de vista das dimensões do valor e da mais-valia, mas sim tomando como referências os preços e os lucros, e por meio dessa abordagem examinou o problema da transformação de valores em preços de produção e a lei da tendência decrescente da taxa de lucro. Esses trabalhos chamaram a atenção de Maurice Dobb e de Paul Sweezy. No entanto, a visão de Shibata não supunha a transformação revolucionária, mas sim que uma nova sociedade surgiria da cooperação entre trabalhadores e empresários.” Ha-ha!

« SISMONDI, Jean Charles Léonard Simonde de (1773-1842). Historiador e economista suíço, profundo crítico do capitalismo industrial e precursor do socialismo. De origem aristocrática, sua primeira obra econômica, Sobre a Riqueza Comercial (1803), tem um enfoque liberal, seguindo os princípios de Adam Smith. Com o passar dos anos, a observação do capitalismo inglês e suas misérias o faz mudar radicalmente. E em 1819, dois anos depois de Ricardo publicar seus Princípios de Economia Política e Tributação, Sismondi replica com os Nouveaux Principes d’Économie Politique, uma veemente condenação do capitalismo inglês e de toda a economia liberal.” “Foi o primeiro a caracterizar o capitalismo como um sistema que sofre de crises inerentes.”

SMITH, Adam (1723-1790). “Entre 1764 e 1766 morou na França, convivendo com Quesnay, Turgot e outros. Ao retornar a seu país, a preocupação com os fatores que produziriam o aumento da riqueza da comunidade o levaria a escrever, em 1776, sua obra mais célebre, A Riqueza das Nações: Investigação sobre sua Natureza e suas Causas.”

As idéias mercantilistas já haviam sido criticadas por William Petty, que localizara no trabalho e não no comércio a verdadeira origem da riqueza. Mas a primeira alternativa sistemática ao mercantilismo fôra apresentada pelos fisiocratas, para os quais a riqueza era constituída pelos bens materiais e não pela moeda.”

Smith refutou o ponto de vista dos fisiocratas, demonstrando que todas as atividades que produzem mercadorias dão valor, reconhecendo o importante papel da indústria e estudando especificamente os fatores que conduzem ao aumento da riqueza da comunidade.”

Smith apontou ainda a origem do excedente no trabalho e também o modo como ele é apropriado pelos detentores dos meios de produção, lançando as bases de uma teoria sobre a exploração do trabalho.”

SOCIALISTA DE CÁTEDRA (Kathedersocialisten). Denominação dada a um grupo de jovens professores alemães de economia política por um jornalista liberal em 1872, [no original, 1972, o que está evidente errado] e citada por Gustav Schmoller em seu discurso de abertura do Congresso de Eisenach no mesmo ano. Esses professores concordavam que existiam graves problemas sociais, mas que não poderiam ser resolvidos de acordo com as receitas da Escola de Manchester (dominante então na imprensa alemã), que recomendavam a mera aplicação do laissez-faire. Ao mesmo tempo, esses jovens economistas rejeitavam as concepções dos social-democratas sobre a possibilidade (ou conveniência) de mudanças revolucionárias violentas. Não aceitavam tampouco a doutrina de Lasalle sobre a ‘lei de bronze dos salários’ ou o conceito de ‘mais-valia’ de Marx. Suas concepções variavam desde uma postura favorável aos sindicatos (de trabalhadores) até a recomendação de intervenção estatal no setor industrial. Mas a maioria dos representantes dessa corrente era moderada em suas expectativas e cautelosa em suas propostas práticas. Os resultados da ação dos socialistas de cátedra se resumiram numa legislação fabril menos desfavorável aos trabalhadores, e na preparação do caminho para a adoção de um sistema de seguridade social compulsório.”

SOMBART, Werner (1863-1941). Nazi ex-marxista!

O Capitalismo Moderno (1902)

Die Juden und das Wirtschaftsleben (Os Judeus e a Vida Econômica), 1911 – obra racista

Deutscher Sozialismus (Socialismo Alemão), 1934

SOREL, Georges (1847-1922). Pensador francês, teórico do sindicalismo revolucionário ou anarco-sindicalismo. Seu pensamento político desenvolveu-se a partir de 1890, quando as diversas correntes anarquistas procuravam redefinir sua ação política. Discípulo de Proudhon e Bakunin, concordava no entanto com Karl Marx no que se refere ao papel da classe operária como sujeito da transformação social.” “No sindicato, mediante a ação direta, dizia ele, dar-se-ia a organização da greve geral revolucionária.” “Afirmava que, para desenvolver a ação política, a liderança deveria estar respaldada em mitos políticos, um conjunto de valores e objetivos capazes de criar uma fé inabalável na revolução.

No campo filosófico, foi profundamente influenciado por Nietzsche e Bergson.”

MAIS UM QUE SE PERDEU PELO CAMINHO: “Sua obra mais importante é Reflexões sobre a Violência (1908), que influenciou a esquerda revolucionária e, sobretudo, Benito Mussolini. Nos últimos anos de vida esteve muito próximo da Action Française, movimento de ultradireita.”

SRAFFA, Piero (1898-1983). Economista italiano radicado na Universidade de Cambridge, um dos primeiros grandes críticos da economia neoclássica. Publicou, em 1926, um ensaio de apenas 15 páginas, ‘As Leis de Rendimentos em Condições Competitivas’, que provocou grande polêmica e iniciou uma nova exposição da teoria do equilíbrio do mercado.” “O artigo desencadeou uma série de obras sobre economia monopolista, entre elas, a de E. Chamberlin, A Teoria da Concorrência Monopolista (1933), e a de Joan Robinson, A Economia da Concorrência Imperfeita (1933). Sraffa também editou as obras completas de Ricardo (The Collected Works and Correspondence of David Ricardo, 1951-1953, 9 volumes), para os quais escreveu um importante prefácio. E publicou, em 1960, um livro fundamental e também polêmico: Production of Commodities by Means of Commodities (A Produção de Mercadorias por Meio de Mercadorias), que começara a escrever em 1925 e teria grande influência na atual teoria econômica. A obra introduz assim um novo conceito, o de mercadoria-padrão, que se compõe de todas as mercadorias básicas (as que entram na produção de outras mercadorias). Com esse conceito, o autor chega a uma medida invariável de valor — um dos objetivos de Marx, Ricardo e muitos outros —, mostrando que uma teoria objetiva do valor é possível e que se pode, a partir dela, ter uma visão coerente da dinâmica dos grandes agregados econômicos e das leis que os regem. Sraffa reabilitou a teoria do valor-trabalho; como cada mercadoria incorpora uma longa série de outras mercadorias que ajudaram a produzi-la, no processo de redução das mercadorias a um valor atual, elas se dissolvem até restar somente o ‘trabalho-datado’.” “Apesar de sua aparente simplicidade, o livro de Sraffa levou mais de 10 anos para ter seu significado corretamente entendido, provocando grande número de estudos e análises, além de polêmicas tanto nos meios marxistas como entre os marginalistas, na chamada ‘controvérsia sobre o capital’, que contrapôs os autores da Universidade de Cambridge aos teóricos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.”

STALIN, Josef (1879-1953). “A afirmação de Stalin como líder absoluto do partido, posição que perdurou até sua morte em 1953, se processou numa intensa e aguda luta contra as teses políticas e econômicas defendidas por Trotski, Zinoviev, Kamenev (a oposição de esquerda) e contra Bukharin, Rykov e Tomski, considerados a ‘direita’ da liderança bolchevique.”

Trotski e seus seguidores pregavam a necessidade de uma industrialização imediata, cuja acumulação deveria recair sobre os camponeses, e uma radical coletivização da agricultura.” Isso é uma postura de esquerda? Sofrei, camponeses?!

Por sua vez, Bukharin defendia a industrialização gradual e exigia prudência em relação ao campesinato e aos kulaks (camponeses ricos) de modo particular.”

As diretrizes políticas e econômicas preconizadas por Stalin foram, por fim, majoritárias no XIV e no XV congressos do partido, realizados respectivamente em 1927 e 1928, culminando essa supremacia com a expulsão de Trotski, em 1929.”

A essência da tarefa histórica de Stalin consistiu em que encontrou a Rússia trabalhando com arado de madeira e deixou-a equipada com centrais atômicas”

Isaac Deutscher, opositor de Stalin, mas ao menos anti-sionista convicto.

O Marxismo e a Questão Nacional (1913)

O Marxismo e os Problemas de Lingüística (1951)

SWEEZY, Paul.

Teoria do Desenvolvimento Capitalista (1942)

(com Paul Baran) O Capitalismo Monopolista (1966)

VEBLEN, Thorstein Bunde (1857-1929). “Veblen enfatizou a contradição entre o progresso tecnológico-industrial e a estrutura marcadamente financeira da organização dos ‘negócios’: ao introduzir novos meios de produção, a tecnologia tenderia a reduzir o valor dos bens de capital, aumentando sua taxa de depreciação. Assim, para o proprietário acionista, a tecnologia seria uma força hostil, que desgastaria o valor do capital, criando depressões econômicas.”

Em Engineers and the Price System (Os Engenheiros e o Sistema de Preços), de 1921, detecta as tendências para a formação de uma tecnocracia, com o poder entregue aos economistas e engenheiros.”

WAGNER, Adolph Heinrich Gotthelf (1835-1917). Economista alemão, representante da nova escola histórica alemã, fundada por Gustav Schmoller, e que se opôs à escola marginalista austríaca, sob o argumento de que o raciocínio lógico não era um instrumento válido para estudar as ações humanas e, portanto, as atividades econômicas. Wagner foi um crítico conservador do liberalismo econômico, defendendo a intervenção do Estado a fim de assegurar justiça social para a classe trabalhadora. Sua grande contribuição à economia situa-se na área das finanças públicas, que procurou integrar numa teoria geral da economia. Defendia o potencial redistributivo dos impostos e aceitava o crescimento da despesa pública pelo Estado.”

Theoretische Sozialokönomik (Economia Social Teórica), 1907-1909

WEBB, Beatrice e Sidney James. The Decay of Capitalist Civilization (A Decadência da Civilização Capitalista), 1923; Methods of Social Study (Métodos de Estudo Social), 1932; e Soviet Communism (Comunismo Soviético), 1925.

ZAIBATSU. Grupos industriais e financeiros que se organizaram como conglomerados, atingindo grande tamanho e poder na economia japonesa entre a Era Meiji (1868-1912) e o final da Segunda Guerra Mundial. Embora o Zaibatsu tenha sido dissolvido pelas forças de ocupação norte-americanas, a nova organização de conglomerados que surgiu em seu lugar — o Keiretsu — é considerada a verdadeira sucessora do Zaibatsu, apesar de seu poder ser consideravelmente menor.”

Entre os comentaristas japoneses existe um certo consenso em admitir que, até o final da Segunda Guerra Mundial, apenas os conglomerados Mitsui, Mitsubishi, Sumimoto e Yasuda eram Zaibatsu. Esses 4 conglomerados detinham grande poder e, durante a Era Meiji, tinham grande influência sobre o governo e obtinham deste vantagens e favores. Depois da Segunda Guerra Mundial, as forças de ocupação incluíram mais 6 conglomerados na classificação de Zaibatsu: Nissan, Asano, Furukawa, Okura, Nakajima e Nomura.” “E o capital dos 4 conglomerados que constituíam Zaibatsu representava, no final da guerra, cerca de 25% do total do capital do Japão. Na medida em que essas empresas e seus proprietários e diretores foram identificados com o expansionismo japonês e o caráter belicista de seu governo, uma das primeiras preocupações das forças aliadas, especialmente dos Estados Unidos, mesmo antes do final da guerra, foi dissolver os Zaibatsu e substituir o grupo dirigente das corporações e dos conglomerados.” “O Plano Yasuda foi aceito pelo general MacArthur, embora as compensações financeiras às famílias proprietárias das ações fossem feitas pelo valor destas, deduzidas as despesas financeiras, mas em 19 anos, por meio de títulos inegociáveis. Não obstante tal compensação formalmente pudesse ser considerada generosa com aqueles que haviam colaborado com uma guerra feroz contra os Estados Unidos, o processo inflacionário do pós-guerra no Japão se encarregou de transformar uma substancial indenização em quase um confisco.”

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA (ECONOMIA PRÉ-MARXISTA) (algumas sugestões foram fornecidas por Engels em Anti-Dühring) (atualizado em 1º abr. 2024)

BABBAGE, On the Economy of Machinery and Manufactures (Sobre a Economia de Maquinaria e Manufaturas), 1832.

BLANC, Direito ao Trabalho (1848)

BOISGUILLEBERT, O Memorial da França

BOTERO, Sobre as Causas da Grandeza e da Magnificência das Cidades, 1558

CAIRU, Princípios de Economia Política

CANTILLON, Richard, Essai sur la Nature du Commerce en Général (mestre de Adam Smith, pulveriza Hume!) 

COURNOT (1801-77). Recherches sur les Principes Mathématiques de la Théorie des Richesses (Pesquisas sobre os Princípios Matemáticos da Teoria das Riquezas), 1838.

DU PONT DE NEMOURS, Origines et Progrès d’une Science Nouvelle (Origens e Progresso de uma Ciência Nova)

FICHTE, O Estado Comercial Fechado

GIOJA, Nuovo Prospetto delle Scienze Economiche, 1815.

HILDEBRAND, A Economia Política do Presente e do Futuro

LOCKE, Considerations on Lowering of Interest and Raising of Money

MONTCHRESTIEN, Traité de l’Économie Politique (Tratado da Economia Política)

NECKER, Elogio de Colbert

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NORTH, Discourses upon Trade

OWEN, A New View of Society or Essays on the Principle of Formation of the Human Character

____,  Book of the New Moral World

____, Lectures on an Entire New State of Society

____, Life of Robert Owen Written by Himself

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____, Nouveaux Principes d’Économie Politique

SMITH, A Riqueza das Nações (procurar edição crítica de Cannan, ou tradução nela baseada)

STUART MILL, Princípios de Economia Política

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CHAMBERLIN, A Teoria da Concorrência Monopolista (1933)

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L’ENCYCLOPÉDIE – AB

AB

AB, s. m. onzieme mois de l’année civile des Hébreux, & le cinquieme de leur année ecclésiastique, qui commence au mois de Nisan. Le mois ab répond à la Lune de Juillet, c’est-à-dire à une partie de notre mois du même nom & au commencement d’Août. Il a 30 jours. Les Juifs jeûnent le premier jour de ce mois, à cause de la mort d’Aaron, & le neuvieme, parce qu’à pareil jour le Temple de Salomon fut brûlé par les Chaldéens; & qu’ensuite le second Temple bâti depuis la captivité, fut brûlé par les Romains. Les Juifs croyent que ce fut le même jour que les Envoyés qui avoient parcouru la Terre de Chanaan, étant revenus au camp, engagerent le peuple dans la révolte. Ils jeûnent aussi ce-jour-là en mémoire de la défense que leur fit l’Empereur Adrien de demeurer dans la Judée, & de regarder même de loin Jérusalem, pour en déplorer la ruine. Le 18e jour du même mois, ils jeûnent à cause que la lampe qui étoit dans le Sanctuaire, se trouva éteinte cette nuit, du tems d’Achaz. [?] Les Juifs qui étoient attentifs à conserver la mémoire de tout ce qui leur arrivoit, avoient encore un jeûne [não confundir jejum com jovem] dont parle le Prophete Zacharie, institué en mémoire & en expiation du murmure des Israélites dans le désert, lorsque Moyse eut envoyé de Cades-barné des espions dans la Terre promise. Les Juifs disent aussi que dans ce mois les 2 Temples ont été ruinés, & que leur grande Synagogue d’Alexandrie fut dispersée. L’on a remarqué que dans ce même mois ils avoient autre-fois été chassés de France, d’Angleterre & d’Espagne. (G)

* * *

AB, s.m. en hébreu signifie père; d’où les Chaldéens & les Syriens ont fait abba, les Grecs abbas, conservé par les Latins, d’où nous avons formé le nom d’Abbé. Saint Marc & Saint Paul ont employé le mot syriaque ou chaldaïque abba, pour signifier Pere, parce qu’il etoit alors commun dans les Synagogues & dans les premieres assemblées des Chrétiens. C’est pourquoi abba Pater dans le Saint Marc 14, & dans le Saint Paul aux Romains 8, n’est que le même mot expliqué, comme s’ils disoient: abba, c’est-à-dire, mon pere.” Mon dieu sacré!