Originalmente publicado em 28 de janeiro de 2010.
Rainha
de mão-dupla
por que me manejas
com tanta destreza?
Santa, diabólica
sempre na moda
Invisível, chamativa
discrição de um mulherão
Futebol ou desenho animado
Desfile na passarela apenas fotografado
ou
espetáculo que é jogado
Com muito peso ou muito amor
Tão minha vizinha
que posso sentir o seu bafo
Mas ele é tão gelado!
Tão distante
porém nunca pense em obstáculos
que amedrontem um Orfeu
Assim careta ou destilada
Serelepe, quem sabe alta
Risonha, mais calada?
Tão ocupada em seu desleixo
tão desleixada em seus romances
de que secretamente
eu me queixo
Todas as delongas e brevidades
significam que te tenho
mas para sempre
abdico de ti?
Resolva-me o paradoxo,
Criatura única!
Falta de fome, excesso de sede
até quando posso dissecar minha própria sublevação
ou desolação
dessa paixão
duplamente – e por isso nunca –
correspondida?
Porque mesmo que nessa matemática 2 valesse 1 + 1
seria D+ pra qualquer um!
Sinto vontade de viver
– sem lógicas e bê-á-bás… –
Bá!
Sotaque gaúcho não vai me ajudar
…dor, torpor, piranha, mordida, ferida
TREvas e relâmpagos e fé
moleca-mulher
tomar a iniciativa?
És de fato muito ativa
Será dessa categoria que precisas?
Por outro lado
quão galante
é uma garo(t)a
Paulista
Sereia do mar
faltam praias!
e redes sem furos!
Amiga, amiga
elegia
Fim da aristocracia!