[ARQUIVO] METALLICA X NAPSTER: O CAPÍTULO MAIS NEGRO DA HISTÓRIA DA MÚSICA

Originalmente publicado em 6 de março de 2010.

A idéia original era dar curso a uma série intitulada “Os 10 atos mais estúpidos da Música Contemporânea” ou coisa próxima disso, mas por falta de dados bibliográficos e disponibilidade de tempo pude executar apenas “a parte mais nobre” desse “desonroso pódio”, se assim podemos dizer; e minha ansiedade é tanta (talvez do mesmo tamanho que meu amor pelos ofendidos neste artigo!) que decidi publicá-lo logo de cara, sem saber se um dia voltarei à baila com os outros 9 atos “quase tão estúpidos” quanto este no universo da indústria fonográfica.

* * *

Na virada do milênio, uns dinossauros da Música mostraram que realmente estavam caducos e caretas e perpetraram a atitude mais covarde da Música desde o advento do WWW, e que permanecerá no topo desse ranking infame por um bom tempo…

Este comentário é um recorte no tempo, por isso não interessa o que eles fizeram antes nem depois: o grupo de thrash metal / heavy metal / hard rock /pop rock (a depender da década e da taxa de ingestão alcoólica dos membros) mais popular da História (considerando-se que encabeça o Big Four californiano e que possui um leque de ouvintes tão ou até mais variado que outras bandas do estilo metal que se consagraram diante do grande público “exterior”, como o Iron Maiden) iniciou uma guerra perdida contra as novas tecnologias, o “barbarismo digital”. Tudo porque não enxergaram que o formato compact disc havia sido absolutamente suplantado pela disseminação das MP3, fazendo parte hoje apenas de um culto ou uma homenagem que os mais fanáticos sentem a necessidade de prestar aos músicos que tanto causaram impacto em suas vidas. Em outras palavras, tudo o que começa como diversão (4 rapazes sendo “autênticos”) termina com a guerra da única coisa que passa sem deixar nada de significativo no coração humano, mas que outrossim é a única importante no mundo atual: do dinheiro. Direitos autorais, isso o artista tem de saber: são mera convnção, bem anterior ao capitalismo e ao “profissionalismo”, privilégio consensual direcionado aos mais talentosos de uma sociedade, sob diferentes formas de acordo com a era e a religião. Não obstante, aquele que não é mais grato para com seu público perde a honra e o direito de estar sobre um palco, pois não há criação que se sustente sem quem a contemple, não há grandes espíritos sem mediocridade em torno deles e não há como não perder a dádiva dos deuses sendo avarento… Para o trio culpado, James Hetfield, Kirk Hammett e Lars Ulrich, serve a antiquíssima frase: “Aqui se faz, aqui se paga”. O que veio a seguir é a maior prova, e também está nesse top 10. Mas cansei de falar. Sou jovem e não vivi essa época, por isso trago à tona alguém que esteve lá, com consciência para discernir o que se passava, desde os idos dos anos 80:

Uma grande parte da cena thrash sobreviveu graças à troca de fitas K-7. Os trocadores se comunicavam por seções de pen-pal em revistas norte-americanas de hard rock como Kerrang! e a hoje defunta Sounds. Havia poucos estúdios de gravação preocupados com o metal àquele tempo; trocávamos demos e fitas ao vivo de dúzias de bandas que nunca tinham gravado nada oficialmente. O metal underground era tão legítimo quanto qualquer cena punk, especialmente na Bay Area de São Francisco. Algumas das bandas chegavam eventualmente a um sucesso limitado; poucas ainda estão por aí (destaques especiais para Anthrax, Megadeth e Slayer), mas a maior parte dessas bandas nunca chegou a lançar mais de um álbum ou um single, e a maioria está agora, de fato, esquecida (menções que não podem faltar: Jaguar, Blitzkrieg, Control e Anvil Chorus).

(…)

Em 1982, uma banda em início de carreira chamada Metallica abasteceu alguns amigos trocadores de fitas com uma demo contendo 7 músicas, chamada ‘No Life ‘Til Leather’. Copiada, re-copiada e re-re-copiada, a fita fez seu caminho da Califórnia a Chicago, de Nova Iorque à Inglaterra, à Holanda, à Alemanha. Em meses, a banda tinha fãs espalhados pelo mundo inteiro – sem a ajuda de um só jornalista, de alguém de assessoria ou de qualquer campanha de marketing. Não passam de chutes afirmações sobre quantas pessoas estavam envolvidas nessa rede de troca e multiplicação de fitas, mas um bom número desses fãs de carteirinha (casseteiros) do Metallica era contribuinte amador em vários zines underground da época (e destacamos aqui o Metal Mania, Whiplash, Aardschok, além do Metal Forcer); seu entusiasmo por essa banda desconhecida da costa oeste foi cedo retransmitido para milhares de outros leitores.

O resto, como dizem, é história. Kill ‘em All foi uma sensação; Master of Puppets ficou entre os 40 mais vendidos do planeta; alguns anos depois, o Black Album seria responsável pela venda de 12 milhões de unidades.

(…)

Avançamos rapidamente no tempo para 13 de abril de 2000, e o anúncio de que o Metallica e seus representantes haviam iniciado uma ação judicial contra a companhia de softwares Napster e as Universidades de Southern California, Yale e Indiana nos surpreendeu bastante. Não deixa de ser trágico e irônico vindo de uma banda que se ergueu sobre pirataria de fãs.”

(Fonte original das aspas: Brian Lew, 09/05/2000, Metallica, como você pôde?, traduzido e levemente modificado por mim.)

[ARQUIVO] O PONTUAL

Originalmente publicado em 3 de março de 2010.

Mais uma vez esta reflexão – e reflexão não significa mastigação? – “cinematográfica”: a maioria de nossa vida, de nossos ofícios, é de enfado. Segundos, pílulas de atos incontestes. No grande homem da História ou simplesmente na vida daquele que não era nada, mas sabia ter seus mini-dias perfeitos, de zelo e beleza. Acabei de assistir à majestosa final da Copa do Mundo de 70, exibida na íntegra, em cores e renarrada. Talvez sem tanta realeza para moleques anos 2000, que não aprenderam ainda o gosto clássico. Partida, em geral, morosa, cheia, no entanto, de picos e flashes, de explosões de velocidade e de manobras divinas, tão breves quanto áureas. Linhas de passes dos sonhos… Esse não é um artigo sobre futebol, mas encontrei ao acaso a ilustração perfeita. E o jogador ideal para discorrer sobre minha “pontualidade”: o badalado Pelé. Não estava no seu jogo perfeito, na exibição maior deste mundial – só que suas figurações de luxo foram o bastante para eternizar a(s três) estrela(s). Talvez despontar demais, se outros também davam conta do recado, fosse falta de elegância! Normalmente o aniversariante não é o piadista da festa, o mais desenvolto (até porque não é quem bebe mais, tem obrigações protocolares), nem a pessoa que está mais bem-vestida, mantendo a discrição salutar. Simplicidade calha bem sob os holofotes, durante a tensão da decisão. Pois bem: cada um de nós é um Pelé renascido, inventivo a seu modo. Grande parte desse jogo de 90min ou 90 anos é uma passagem com falhas, impaciências, soros, feiúras, falta de harmonia, insegurança, enfim, aborrecimento, senão ansiedade (“vai, não vai”).

Eu sou pingos. Pingos de textos. Acontecem muitos mal-entendidos e angústias nesses intervalos entre um artigo e outro; sinto-me mortal! A tacada milimétrica vem na hora certa – e desaparece no mesmo instante, pulverizada pelo seu próprio sucesso: foi quase que uma neblina, uma picada de inseto, que não sentimos, não somos nós, éramos outros, focados, jogadores ancestrais e cascudos, não “pensamos”, só executamos aquilo para que viemos a esse mundo. Nosso ofício. Até a casta dos “favorecidos” sabe dessa crueldade da distribuição das apoteoses na natureza. Animais sublimes não perderiam tempo se lamentando! O consolo é o vizinho talentoso… O castelo dele também cai. O castelo de qualquer Napoleão ainda é só de areia. Podemos invocar nossos self olímpicos como uma tequila é entornada: um rasgo mal-sentido; o impacto deve ficar para os expectadores na sala, para o relato do avô – talvez Zeus agisse inconscientemente, castigasse sem temer, sem a pena, tão humana…

A confiança é tanta, em resumo, que o artista se dá ao luxo de desligar seu motor, a parte de seu organismo responsável pela eficácia máxima, hibernar mesmo, a fim de que a máquina não seja depreciada com o banal. É-se nobre o suficiente para aceitar uma magra coleção de vitórias, tal é a representatividade, a integridade, delas. Cobremos menos – e com isso mais! – de nós mesmos…

[ARQUIVO] IMPÉRIO DA EMPÁFIA

Originalmente publicado em 23 de junho de 2009.

Flamenguista é um bicho abusado

quando leva tamancada

fica desnorteado

Admite que o árbitro está certo

se do gol um rubro-negro está perto

Esconde com vergonha o retrospecto

dos vices e fracassos acumulados

Se cria uma fantasia

um time que em finais “exala magia”

Politicagem, aos foliões não interessa

Enquanto houver 3 pontos e Obina

a tristeza não tem pressa

[ARQUIVO] ONE-DIMENSIONAL MAN: Estudos em Ideologia da Sociedade Industrial Avançada, 1964. – Herbert Marcuse

Originalmente publicado em 12 de fevereiro de 2010.

INTRODUÇÃO: A Paralisia da Crítica

Até mesmo a análise mais empírica das alternativas históricas parece especulação irreal, e a adesão a ela uma questão de preferência pessoal (ou grupal).”

  1. AS NOVAS FORMAS DE CONTROLE

Impressões: texto charmoso, períodos curtos e um conhecimento extraordinário: um pastiche de tudo que eu mesmo sei. Não sei se é meu estado de espírito de momento, mas estou rindo das definições do nosso querido Ocidente totalitário.

Como toda a teoria exposta já é minha conhecida (eu diria que é uma arte trezentos sujeitos dizerem a mesma coisa de formas diferentes), vou anotar minhas sensações:

Eu costumo viciar no texto e orientar meu dia por ele – enquanto leio e enquanto a experiência é recente, torturo-me com a perspectiva de “esquecê-lo” e ficar idiota, no que já percebo um auto-deboche, pois não sou eu exatamente, mas o inexorável quadro de humores e superficialidades a que logo somos dragados. E veja: durante o dia 18 conversarei alegremente sobre este livro – hoje, na madrugada do dia 17, eu ainda penso: jamais falarei uma palavra, é “inútil”. Como se minha necessidade fisiológica não estivesse acima dos parâmetros funcionais.

Talvez – talvez – eu esteja ficando maluco e a única medicação que posso tomar é: dosar as leituras em cronogramas diários mais fixos que aqueles que vinha tomando (foda-se O AMANHÃ, pensemos apenas em termos de saúde mental), e bem mais modestos. No máximo 2 capítulos por dia em horário sem sol se o teor deles for tão pesado quanto o deste 1(+INTRO). Logo, para que eu não me sinta mal por estar sendo lerdo ou aquém do que deveria ser na bosta da universidade, me autorizo aqui, expressamente, a demorar… O engraçado é que eu vicio nessa coisa maldita, não consigo passar o dia sem ler. Mas… toda vez que me sentir culpado: “EU NÃO PRECISO MAIS LER NADA NO MUNDO SE NÃO QUISER!”.

  1. O FECHAMENTO DO UNIVERSO POLÍTICO

(…)

  1. A CONQUISTA DA CONSCIÊNCIA INFELIZ: DESSUBLIMAÇÃO REPRESSIVA

Eros e Civilização é considerado a continuação desta obra.

DES-sub… não é perda da OPORTUNIDADE de sublimar, mas é esvaziar o sentido da ação sublimante, quer seja: o onanismo não é mais “proibido”, então como pode constituir alívio quando executado? Banal. Ora, isso (essa liberalização, tolerância) indica a marcha rumo à condição trágica. Sexo como não-vergonha. O sujeito se revoltará menos à medida que a sociedade dá mais vazão a seu inconsciente.

  1. O FECHAMENTO DO UNIVERSO DA LOCUÇÃO

(…)

  1. PENSAMENTO NEGATIVO: A DERROTADA LÓGICA DO PROTESTO

(…)

  1. DO PENSAMENTO NEGATIVO PARA O POSITIVO: RACIONALIDADE TECNOLÓGICA E A LÓGICA DA DOMINAÇÃO

(…)

  1. A VITÓRIA DO PENSAMENTO POSITIVO: FILOSOFIA UNIDIMENSIONAL

Para uma história do positivismo: Saint-Simon, Comte e Fourier.

Wittgenstein: como NÃO filosofar com o martelo.

A limitação da filosofia à descrição degustativa do abacaxi (analítica): não é um problema fundamental, como de onde vem a fruta ou o que se faz para comprá-la, quem dirá “o que é o ser?”.

essa aceitação radical do empírico viola o empírico”

Sim, pode-se falar e pensar daquilo e naquilo que não é”

  1. O COMPROMISSO HISTÓRICO DA FILOSOFIA

(…)

  1. CATÁSTROFE DA LIBERTAÇÃO

(…)

  1. CONCLUSÃO

A verdadeira fisionomia de nossa época se mostra nas novelas de Samuel Beckett”

O protesto social não só não é eficaz como é prejudicial, por iludir a massa de sua eficácia pontual – omitindo a conversão do povo, outrora força revolucionária, em força de coesão.

[ARQUIVO] TURNING POINT PARTE II

Originalmente publicado em 8 de fevereiro de 2010.

Me sinto potente para recomeçar! Demorou para me sentir assim – de novo… A novela da sucessão de erros culminando no ulterior sublime se re-representa… Uma pulsão, momentos e novos planos, ilusórios e hipotéticos, eu sei, mas jogados aqui, encenados aqui, encarnados neste frigorífico aqui! Energia bela e forte o suficiente para justificar e apagar… A borracha da primeira vez tinha sido aniquilada pelo ferro-velho sentimental da segunda onda de rancor. Quando eu fechei aquela ferida horrenda… ou melhor, quando a competente médica a suturou… esqueci-me da injustiça do pior ano da minha vida, me redimi e me considerei merecedor e renovado.

Então essa mesma criatura arrancou os pontos, e se fosse na barriga eu diria: as tripas pularam todas para fora! Só que o ferido de guerra nunca sabe que o último inimigo de pé e as caixas de primeiros socorros estão tão próximos! Cada brisa, cada baque, cada comando conspira a favor – CUIDADOS CHEGARÃO A TEMPO! Quando já se tornava contraproducente ao soldado lembrar a remoer seus tempos abortados de quartel – é como se antes o peso da lista de preocupações tivesse de dobrar, porque o espírito queria recordar todas as dores juntas… e aí as características da reconfortante amnésia das chagas foram dando seus sinais, um a um. Já não tenho que responder pelo que foi quase hoje! Já estou esquecendo, me despedindo de, o que me levou a essa reincidente paragem. É verdade que febres – e textos (e letras ruins!) – fecham ciclos? Na Fortaleza eu quis queimar etapas mas eu ERGUI mais etapas…

Mão amiga, logo ali, porque aprendi a confiar; até naqueles sobre quem deveríamos permanecer mais céticos! A espuma, o ciclone, vai passar? Preciso de um terceiro olho, me deslocar! O horizonte é belo, rumo à próxima ilha. Desencane, dessa vez não serei enganado… com noções de paraíso. A vida é como um rio. Eu me rio.

Estou um caco, que devo fazer? Insista! Há coisas que não são como copos d’água, que é o que menos vicia: apenas mais para cativar, para se domar! Estou procurando essa mulher nada aquosa: aquela que dá por si só a sede!

[ARQUIVO] WHEELS OF CONFUSION

Originalmente publicado em 29 de janeiro de 2010.

Escrever reviews foi minha forma de “burlar” o calendário e a agenda de uma pessoa crescida? Foi uma fuga covarde das responsabilidades e necessidades de novidades? Ou eu apenas vivi bem? A imaturidade para trabalhar é um resquício da vontade de jamais ser, vir a ser, outra coisa? Muito apegado, até aos romances do passado? Tentando cavar sempre alguma coisa insólita? Mas eis que a quebra de um ciclo talvez seja o principal fato gerador da minha persona: até ali eu não era nada; eu era só mais um. Então fui chacoalhado e deixado abandonado. Descobri um cobertor, me enrolei e fui me aquecendo aos poucos. Então, saltei de pára-quedas como um louco… Me esborrachei e acho que o hospital não funcionou muito bem comigo… Mas dois grandes giros depois, aqui estou eu, tatu renovado. Somos ruminantes num vaivém excitante de 4… anos? Eu até acho que essa nova empreitada – e a cada uma eu pareço querer armar escândalo – pode resultar na minha morte! Antes de conhecer muita coisa, mas também “já vai tarde”! Melhor a rotina a qualquer custo, mesmo a um negro custo? Mas aqui estou eu e por ora – e talvez para sempre – este é o único juízo comprovável.

Ei! Não é um mistério perceber depois de tudo que a vida é só um jogo? Que não precisava dar reset, ou que tanto faz, desde que não toque no “desliga”? Talvez haja um defeito de fabricação, ou este novo console acolchoado já não se preocupa com esse layout ultrapassado? E que graça tem vencer?

Was it illusion?

[ARQUIVO] RAPOSA

Originalmente publicado em 28 de janeiro de 2010.


Rainha

de mão-dupla

por que me manejas

com tanta destreza?

Santa, diabólica

sempre na moda

Invisível, chamativa

discrição de um mulherão

Futebol ou desenho animado

Desfile na passarela apenas fotografado

ou

espetáculo que é jogado

Com muito peso ou muito amor

Tão minha vizinha

que posso sentir o seu bafo

Mas ele é tão gelado!

Tão distante

porém nunca pense em obstáculos

que amedrontem um Orfeu

Assim careta ou destilada

Serelepe, quem sabe alta

Risonha, mais calada?

Tão ocupada em seu desleixo

tão desleixada em seus romances

de que secretamente

eu me queixo

Todas as delongas e brevidades

significam que te tenho

mas para sempre

abdico de ti?

Resolva-me o paradoxo,

Criatura única!

Falta de fome, excesso de sede

até quando posso dissecar minha própria sublevação

ou desolação

dessa paixão

duplamente – e por isso nunca –

correspondida?

Porque mesmo que nessa matemática 2 valesse 1 + 1

seria D+ pra qualquer um!

Sinto vontade de viver

sem lógicas e bê-á-bás… –

Bá!

Sotaque gaúcho não vai me ajudar

…dor, torpor, piranha, mordida, ferida

TREvas e relâmpagos e fé

moleca-mulher

tomar a iniciativa?

És de fato muito ativa

Será dessa categoria que precisas?

Por outro lado

quão galante

é uma garo(t)a

Paulista

Sereia do mar

faltam praias!

e redes sem furos!

Amiga, amiga

elegia

Fim da aristocracia!

[ARQUIVO] ON THE ROAD

Originalmente publicado em 14 de janeiro de 2010 (anotações de 02/02 a 05/02/09); conteúdo condensado em março de 2024.

as garotas mais gostosas do mundo moram em Des Moines”

“’Ei, rapazes, vocês estão indo para algum lugar específico ou estão apenas indo?’ Não entendemos bem a pergunta. Era uma pergunta boa pra cacete.”

uma melancolia profunda que só mesmo as rodoviárias poderiam possuir”

fase ruim e desgastante que sempre pinta para a rapaziada por volta dos 20 anos”

fiz amor com ela sob a tarântula. O que aquela tarântula estava fazendo ali?”

Disse que éramos um bando de árabes chegando para explodir Nova Iorque”


Wardell Gray

Wardell Gray (February 13, 1921 – May 25, 1955) was an American jazz tenor saxophonist who straddled the swing and bebop periods.”

The Hunt, The Chase and the Steeplechase (1952)

+ wardellgray.org/


nove linhas de crime e uma de aborrecimento” L.-F. Céline

Hoje em dia já não há mais segurança em andar nesse país sem uma arma” Hoje em dia já não há mais segurança em andar nesse país com uma arma.

Quando começam a separar pessoas de seus rios, o que é que nos resta?”

Jack London foi escritor contemporâneo de Nietzsche, de San Francisco. Extremamente pobre, preferiu a vida nômade a trabalhar tanto por tão pouco. Era especialista em saltar em trens cargueiros, como o Dean de OTR. O Filho do Lobo (1900). Teve dezenas de empregos, tal qual Bull Lee. Dialeticamente, a antítese de figuras como Hemingway e Fitzgerald no tocante à postura de desprendimento individual. Suicidou-se em sua fazenda aos 40 anos, de overdose.

Estamos todos perdendo nossos dedos – ha, ha, ha”


Era isso que Dean era, o ESTÚPIDO SAGRADO. Um santo.”

Um BEATo. Beatitude.


Fomos aconselhados a não beber água da torneira agora que havíamos cruzado a fronteira.”

Podemos seguir até a América do Sul, se houver estrada”

Demos todos uma prensa e exalamos nossos cogumelos atômicos praticamente ao mesmo tempo”

Deus jamais brindou a América com uma polícia tão encantadora como essa”

Não sabiam que havia uma bomba capaz de destruir todas as estradas e pontes, reduzindo-as a escombros fumegantes”


MINIGLOSSÁRIO:

bagana: guimba, ponta já fumada

[ARQUIVO] CEM ANOS APÓS O PROJETO VONTADE DE POTÊNCIA OU ESCOMBROS MUSICAIS

Originalmente publicado em 13 de janeiro de 2010 (anotações de 26/01 a 01/02/09); conteúdo condensado e observações enxertadas em março de 2024.

I. Da Vontade de Poder para a Gênese e Interpretação da Filosofia do Poder de Nietzsche

You’re reaching your nadir

Your will has disappeared

Como babacas com a bunda colada a suas poltronas poderiam entender o meta-alcance trágico do Nietzsche e Marx? Referência à velocidade relativa do trem-bala:¹ jamais será possível aos passageiros fazer essa verificação.

¹ (P.S. 2024) Cfr. DESENCANTO E REENCANTO DO MUNDO, 22 de janeiro de 2009, https://seclusao.org/2021/01/01/desencanto-e-reencanto-do-mundo/.

Se, porém, libertarmos a vontade schopenhaueriana do seu fundamento metafísico, o que resta é apenas uma vontade de existência

A única coisa que inexiste – e cuja inexistência está demonstrada – é a autoconservação do sistema, o mítico ponto de equilíbrio.

A “sociedade do poder” é aquela configuração mais poderosa já vista: age com poder sobre seu entorno, diminuindo ao máximo a imprevisibilidade. Efeitos colaterais: desastres naturais são fenômenos cada vez mais freqüêntes, “regulando o sistema”, readicionando a imprevisibilidade que o sistema político pensou exterminar. E na vida urbana o sedentarismo seguro dá lugar aos desastres contumazes de automóvel, boa parte letal.

II. A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos: Da Sabedoria dos Filósofos Trágicos à Inversão do Socratismo

(…)

III. Espinosa e Nietzsche: A Vontade de Poder

(…)

IV. Nietzsche e Kant: Em Torno do Niilismo

(…)

V. A Corporeidade como Esquematismo da Razão em Kant e Nietzsche

(…)

VI. Hegel e Nietzsche, Hermeneutas da Modernidade

Levar o mal da Europa para fora.

POR QUE AS GUITARRAS ELÉTRICAS VIERAM DEPOIS DE HIROSHIMA? A música clássica é sabidamente música romântica, para além do nome. O Classicismo chega atrasado nessa arte das artes. No século XX temos Stravinsky, um Baudelaire atrasado. Qual é a realidade representada pelo espelho da Bay Area nos anos 1980? Disposable Heroes se parece com o Vietnã. Peace Sells com o arrocho dos regimes comunistas orientais. The System has Failed com a (primeira) Guerra do Golfo somente (14 anos de hiato). United Abominations cheira a apartheid. O indie me recorda a fossa econômica das massas no reaganismo. O rap anos 90 é tão Martin Luther King…

ONE PIECE: Não deixar a academia me intoxicar. Ela fala de um século perdido (século vazio). E chega de reformadores! Eu realmente mexo com IT: Idade Trágica! Depois de sorrir no enterro, eu irei presenciar jovens que choram no parto de seus filhos… O lado insuportável da egomania: os millennials, meus coetâneos!

VII. O Papel da Idéia de Eterno Retorno na Gênese do Projeto de Transmutação de Valores

Aos olhos de Nietzsche a crítica de todos os valores estava concluída no momento em que, no início de janeiro de 1889, a sua consciência se afundou no silêncio”

Quando se vem a conhecer aquilo que se é já é tarde demais para ser o que em tese se gostaria de ser.

O que faz o cristianismo? Condena o passado, sempre, qualquer que seja a vertente. E insiste na promessa do futuro. Já o desprezo do passado (característico do supra-homem) não equivale a nenhuma malversação. É como se ele fosse uma ponte permanente para algo mais.

FROM THE PAST COMES THE STORMS: Desprezar não é nem passar uma borracha, nem endeusar. O futuro pune em ambos os casos. O inaceitável é que a agressão e o trauma não sirvam de estímulo, mas de paralisante. A nuvem negra do cristão é achar que a vida vai melhorar – que é desejável que ela melhore.

VIII. Nietzsche e a Modernidade: Considerações em Torno da II Intempestiva

De onde vem a distância necessária para se falar sobre a época, estando dentro dela?”

não significa que a destruição total não seja possível (…) mas ser possível quer dizer ter já ocorrido na imaginação”

IX. Pragmatismo e Perspectivismo

Citações de Rorty e Peirce.

X. Nietzsche e Pessoa

(…)

[ARQUIVO] O POODLE PRETO DE HANA, A RAIVA DOS AMIGOS

Originalmente publicado em 4 de fevereiro de 2009.

Eu matava Max Cavalera com um tiro no meio de um show – continuava no local e horas depois conseguiam me identificar na gravação da câmera de segurança. Acho que não era linchado só porque a representação terminava antes disso!

Não me lembro de sentir tanto remorso por uma coisa em toda minha vida real. Só conseguia pensar: “minha sede de sangue destruiu meu futuro” (curiosamente, o segundo sonho que vou contar não está destacado deste, pois eu tenho lembranças de estar no mesmo local acompanhando mais shows até que tarde da noite ia embora para casa a pé e…).

…Hana me dava sua mão. Não nos víamos há meses. Ela tinha um cão do tamanho de uma van que babava um copo d’água nosso a cada gota de si. Uma coisa enorme que manipulava a dona como um doce brinquedo – tal qual o frango do Ralph, um outro cão que conheço. Parecia brincalhão, manso. A dado ponto Hana não estava mais a meu lado, mas eu cuidava de sua cadelinha preta (um segundo cão). Passava por um quintal repleto de cães raivosos e dois nanicos começavam a persegui-la. Eu estava lá pela 707 norte, naquelas ruelas entre residências baratas e comércios… Acabava matando a dupla de tanto espreme-los nas mãos, mas por engano também assassinava aquela que queria proteger.

Não consegui salvar a amizade…

[ARQUIVO] GÊNIO PRECOCE? GENEALOGIA DE UM MAL, VISLUMBRE DA CURA.

Original – e PROFETICAMENTE – publicado em 14 de outubro de 2006! Com trechos censurados, por motivos óbvios.

Sou Rafael e Araújo Aguiar, 18 anos, cursando jornalismo (2º semestre, turno noturno) pelo UniCEUB-DF. Estou no projeto Abrigo Polar¹ por intermédio de B., o qual conheci por M., antigo vizinho e estudante do Colégio Militar de Brasília, onde estive detido por quatro anos e meio.

¹ (P.S. 2024) Era um blog com mais três pessoas, nenhuma delas do curso de jornalismo.

Como bicho solto, vejo o mundo de uma forma ainda pior e mais ácida. Minha cefaléia deve decorrer das relações invariavelmente atritantes com pessoas de intelecto inferior (porém, em oposição à capacidade cerebral, insinuantes demais), que proliferam no meio em que me encontro.

Sempre tive uma rotina de postar em blogs, de traduzir matérias do inglês, de divulga-las entre amigos, no MSN Messenger e mais recentemente no Orkut, além do finado IRC, é claro. Às vezes me cansa ser tão atarefado. Mas pela primeira vez em muito tempo pareço sentir aquela lesão por esforço repetitivo nos meus dedos ao digitar este excerto, e uma fadiga muscular generalizada. (…)

Sinteticamente, eu não sei quando farei meu regresso com matérias palatáveis. Meu estado físico-mental é muito mais lastimável do que a descrição permite imaginar. Não tenho certeza do meu futuro como jornalista, muito embora esteja virtualmente certo de que vá me formar. O curso em si me agrada, não obstante os estágios nas redações me dêem calafrios. Todos são deveras burros, seu eufemismos: burros. Talvez seja coisa de jornalista esportivo. Talvez seja coisa de jornaleco da capital. Não gosto de apurar matérias na rua ou falar ao telefone. Gosto de “googlar”. (…) até ter um espaço de livre emissão de opinião um profissional do ramo sofre muitas perdas, para as quais não me julgo preparado. Ou, se assim me julgo, meu sistema nervoso me faria ser demitido antes do tempo.

Recentemente briguei com o staff do horariodebrasilia.com e larguei o “projeto” (“pôjéto do pôfêxô”, como diria Vanderlei Luxemburgo). Veja que o Abrigo Polar é PROJETO, sem aspas.¹ É que no HdB são todos muito burros. Sem exceção. Nem hipérboles. Não são “iniciantes”, “caras com falhas”. São arrogantes, prepotentes, cínicos, despreparados gramatical e intelectualmente, e se julgam no direito de oprimir – os mais fortes –, quanta petulância! Não têm coisas produtivas a dizer, e tudo que explicitam o fazem de modo incrivelmente abestado. Abestado, um adjetivo bem nordestino; gosto de remontar a minhas origens (…) Eles mudavam meus textos, depois de enviados, sem que me avisassem dessas insidiosas alterações. “Manipulação do repórter.” Ah, se eu não tivesse olhos de águia (envoltos por lentes de 7 graus e meio de miopia)…

¹ (P.S. 2024) Embora tenha durado tanto quanto as calotas polares estão destinadas a durar frente às protelações na redução da emissão de CO2 pelos países ricos, dentre outras medidas.

Eu vou dar a volta por cima. Eu vou colocar todos os burros em seus devidos lugares. Eu juro. Nem que seja como professor de sociologia, distribuindo conceitos II e MI. Nem que seja como funcionário público que trabalha pouco, ganha bem e dedica seu tempo ao ócio cibernético. Como jornalista minhas chances serão menores, sem embargo permitam-me assim denominar-me ao menos pelos próximos 4 anos.

Eu grito com as pessoas quando não gosto. Alto. Se é pela internet, dizem que é ainda pior – e eu não uso microfone.

Sou Rafael de Araújo Aguiar do Abrigo Polar. Em meu iglu vou aguardar, até a dor de cabeça passar.

[ARQUIVO] DO ÚTERO ÀS ESTRELAS…Into The Void

Originalmente publicado em 24 de outubro de 2009.

Fábula mental dividida em 4 episódios insanos, narrados na ordem em que foram lembrados, em suas minúcias, cerca de 5 minutos após a consciência cumprimentar o nascer de um novo dia…

Dormia com B. tentando desvirgina-la; acordava com P. (…) estava atrás de baixar algo com o PC ligado a um sem-número de cabos sem função aparente. B. tinha desaparecido roubando coisas minhas, e P. havia deixado a porta do forno do fogão aberta e o gás ligado a madrugada inteira. Depois descobri que B. não havia roubado o monitor LCD como pensara, mas que ele, da cor negra, se confundia com a bancada de granito na mesma cor, virado de cabeça para baixo que estava. No entanto, eu seguia caminhando pelo apartamento sentindo certa opressão pela falta de vários objetos… Matutava comigo: essa cena não pode ser real!

Anteriormente, escutava todas as faixas de um álbum do Black Sabbath … Sonhava com o dia em que poria à prova meu talento nos vocais, com o suporte da Fierce Fire, mas temia esquecer a letra na hora “H”. O Megadeth tinha duas canções chamadas “Mastodon”, uma de 6, e a outra de 11 minutos. Eu também ouvia, a provava, todos os vinis do Sepultura.

Eu e A. jogávamos a Star Cup no modo Grand Prix de Mario Kart 64. Eu escolhia o Luigi e estava na tela de baixo. Vencia a 1ª corrida, Wario’s Stadium, com meu rival chegando em segundo. Após as 4 pistas, eu tinha somado um número ridículo de pontos e perdido a disputa, imaginando: quando éramos crianças, fazíamos 33 ou 36 pontos (100% de aproveitamento) sem dificuldades! Decadência da estrela…

Eu passei a viver num quarto modesto que era toda a minha casa. … Recebia várias correspondências. Minha mãe as entregava. Eu as depositava sobre a cama; muitas cartas eram contas e avisos, coisa de gente grande. Eu as ordenava conforme algum critério agora indefinido e vago. … havia uma mensalidade pendente do curso de jornalismo. De repente recebia uma ligação do estrangeiro, de alguém muito idoso, provavelmente do Japão. Meu irmão foi “o secretário” que me passou o telefone. Calmamente pedi que esse homem, que tinha a voz de P., aguardasse na linha enquanto eu tirava minha roupa e tomava uma ducha reconfortante. De volta à linha, ele me solicitava a resolução de várias pendências burocráticas. Passei a possuir entre as mãos uma curiosa seqüência de pagamentos ou recibos de extrato, algo seguramente emitido por um banco, com datas de 2005 e 2006; de uma delas, aliás, eu ainda me recordo textualmente: “06.abr.2005, dia das crianças” – era o que constava no papel, não estou mentindo.

Finda a novela financeira, recebia uma linda visita, C., magra e sorridente; não disfarçava seu encanto instantâneo por mim. Ela trajava um sensualíssimo vestido carmesim, e meias-calças negras. Demonstrou inveja por ter um cabelo mais curto que o meu – e isso era impressionante, porque o dela já atingia o meio das costas! Não importavam mais as questões sérias, nós dois só queríamos arranjar um pretexto qualquer para nos agarrarmos e nos beijarmos ali mesmo, porém minha família se encontrava na casa, talvez no quarto ao lado.

Despertei. 

[ARQUIVO] PIAMENTA

Originalmente publicado em 10 de janeiro de 2010.

(…)

Tinha alguma coisa além de cabelo caindo, saindo… Alguma substância, alguma nojeira… Coisas amarelas, líquidos preto e verde… e a torneira aberta, e aquilo se acumulando, entupindo a pia. Talvez até bosta tivesse ali, a água estava realmente abjeta. Houve um momento em que o nível d’água na bancada da torneira estava acima da própria pia, de modo que deveria a água cair em direção ao chão ou então estar acumulada desde o chão do cômodo e já batendo no meu peito, como se fôra uma piscina, no entanto não era o que provocava a minha repulsa – meus membros estavam dormentes. Engraçado, eu olhei ao redor e achei que aquela água estava desrespeitando as leis da física!

(…) eu comia pão com alguma outra coisa apimentada. Mas nunca conseguia colocar pimenta o bastante. Ao meu lado, um amigo de certa ocasião em que virei sem querer o vidro de pimenta sobre uma pobre lingüiça contava esse cômico caso a outra pessoa, um estranho qualquer. Ambos riam, gargalhavam, eu também estava de bom humor e ria junto, porém sentia que ambos não se davam conta de minha presença, eu estava ausente do recinto. Manuseei de novo o vidro, tentei virar seu conteúdo sobre minha mão. Só caíram duas ou três gotículas. Lambi-as.

[ARQUIVO] DIÁRIO DE UMA VIAGEM A FORTALEZA

Originalmente publicado em 10 de janeiro de 2010. Escrito entre 30 de janeiro e 1º de fevereiro de 2008.

30/01/2008

Talvez também sob influência de meu pessimismo contumaz, das minhas mais recentes leituras (num prazo de dois anos) e do desprezo que sinto por interlocutores de pensamento vil é que apresento este fragmento. É necessário deixar claro que o “interlocutor vil” em questão é um magnata cearense de nome Pelé, sem embargo, não conservo a mínima vergonha de meus antecedentes familiares (ele vem a ser meu tio-primo), resquício algum de racismo regional (vulgo xenofobia) ou aversão por cidadãos financeiramente afortunados. O que não tolero é a incapacidade dos ricos em complementar sua educação socratizando-se um pouco que seja – para ser mais atual-televisivo: vestindo as sandálias da humildade. Tampouco apresento, então, a essa altura, qualquer desprezo pela nomenclatura do maior atleta da História deste universo! É só um codinome, e ter chegado a ele tem lá seu método… Seu erro, meu algoz, foi ter aberto a boca demais! Isso e apenas isso…

Eu, tão lento para apreender opiniões concisas acerca de terceiros, descrevê-lo-ia como um sujeito de mediano para bom no entender político, no que dependesse de nosso primeiro encontro. Mas, de segunda, afirmo: és um parvo, um paspalho! Das coisas da vida, da essência invisível, do mundinho paralelo, do faz-de-conta de que I. falou tu nada entendes! Como aquele povaréu de Tianguá, só há uma coisa que mova sua vida: o dinheiro. É inútil encobrir teus anseios com esta capa, homúnculo! Para essas futilidades se é sempre competente, se desejável. De resto você não passa de um velhaco com alma de menino – não, nada de “puro”… Apenas parece distante do olhar filosófico e próximo demais do seu útero-sol, padece de um complexo de Édipo mal-resolvido. Por tabela, é um amoral inconsciente. E não são estas bestas (ou burros de carga) da igreja os mais perigosos? A filha, N., não pode julgá-lo porque não o conhece. Olha para cima ao divisá-lo – aliás, como toda e qualquer Electra. Eu não sofro desse problema, incontornável na terra (não-física) do cabresto, onde ser de elite não significa muito, no meu mundo de (não-)valores.

Sua infantil presunção de que, assim se julga e não esconde nem por um minuto à mesa, se trata de um homem culto quase me comove. Porque homens cultos não podem afirmar a juventude como único período de erro. Sua concepção assoberbada da vida, neste ponto, só já não me assustava pelas prévias revelações de seu caráter fascista.

No momento troco poucas frases com meu tio – menos pretensioso e de raciocínio mais ligeiro que o de Pelé, o pseudo-mecenas da família Ferreira. Mas tais balbuciações já se afiguram como material suficiente, meu caro “Maluco Beleza das Metamorfoses Ambulantes”, para tecer o único elogio à pessoa aqui em evidência: seu correr na praia – ou caminhada, já que é um frágil, mesmo – é meu escrever. Sim, que falta me faz descascá-lo, debulhá-lo nestas folhas como insípido feijão que vem a ser! Enquanto isso (já não sei mais se falo dele ou para você – de você ou para ele; com você ou 2ª pessoa, com tu ou a terceira), nosso nobre magnata precisa de seu retiro existencial bi-semanal. Pode me enganar, vou fingir que no pacote não está inclusa aquela masturbadela na água quentinha do nascer do sol – coisas bem-aceitas para um cara casado que enfrenta a crise da meia-idade.

Mas o papo, comigo, raras vezes esteve ou foi tão prosaico. Parece (ou mais do que parece) que peguei uma raiva excessiva do sujeito. É que realmente usar Darwin para a raça humana é chumbo grosso… E um indivíduo, ou menos, ente, que se auto-define como conhecer e interessado em buscar mais conhecimento, tolerante, bom ouvinte, reflexivo, sempre aberto a novas quebras de paradigmas (e que não sabe por certo o que representa um sintagma, p.ex.), não pode ter 10% do utilitarismo neo-yuppie (ops, embaralhei dois nomes) apresentado na pior festa que freqüentei desde que boêmio sou (o churrasco do enterro e da fossa). Se foi uma ocasião ruim é por dois (e entrelaçados) motivos: não bebi o suficiente e você (de novo minha mistura pronominal, já não dou um dedo mínimo) estava presente. (Mesmo Dostoievsky mistura pessoas na conjugação.)

O que depõe a meu favor neste cenário de aparente sordidez é que, se não bebi e não usufruí dos dotes das convidadas como mais desejaria (além dos regalos alimentícios), ao menos posso lembrar de cada ato falho seu (do Pelé!) sem a mínima distorção. O caro colega, deixe-me ver, acredita no bem e no mal. Nunca ouvira falar de Nietzsche. E nem que o Raul é um dos brasileiros mais escutados e idolatrados fora de palco de todos os últimos 400 anos. O que pode ser mais ridículo que um homem que acredita no diploma universitário como sinônimo de credibilidade irrefutável? Nem Descartes e Kant juntos!

31/01/08

(fim do 1º mês de um ano de até agora agonia gástrica)

Sabe o que é bastante interessante também?”

O quê?

Que em virtude de meu atual patamar…”

Vá às favas, com todo o respeito que seu ar grisalho merece mas que as ligações neurais comprometem!

Eu sob a mais crônica das diarréias certamente tenho, ainda, um pensamento mais ajustado e coerente que o seu! [Neste ponto decidi-me pelo emprego definitivo da interpelação direta, num misto de falta de vontade de escrever “fascista” a cada duas linhas e de excesso de disposição de fantasiar uma repulsa à la genro-sogro – explicando melhor: gosto da alternativa impossível em que sou um desafiante jovem, apontando o dedo de maneira não-acovardada para a cara do tolo pai de uma princesinha metida a roqueira… Em termos mais breves: meus devaneios com o corpo, o sorriso, a ginga e a burrice da distante prima N. — infelizmente distante em vários sentidos – parecem tornar Pelé alguém mais custoso de engolir, até porque a filha já é comida o suficiente]

01/02/08

Torcendo para escapar do Inferno…

#offtopic MEGADETH et al. (A luz no fim do túnel)

(comentando execuções aleatórias no meu MP3 player.)

  1. Train of Consequences

A estória de um assaltante de trem cargueiro e a moral por trás de seus atos me convocam novamente a uma série de questionamentos de natureza recente: o bem, o mal, os subjugados a eles e os acima dos valores. Minha opinião não é escutada por ninguém que não eu mesmo. A teoria dos grupos de influência não precisa ser lembrada aqui porque considero as pessoas suficientemente autônomas para escolherem seus veículos de comunicação, interlocutores e ações por si próprias. Eu sou apenas mais um canal, uma fonte informativa, integrante de um todo mais complexo ou descartável.

Figuras como Deus são ambíguas, duais. E representações como o diabo ou o ladrão são consideradas “puras” no sentido da essência. Mas hoje ouço falar tão pouco no diabo! Ninguém razoável e com mais de 6 anos realmente acredita em uma forma de vida (ou de morte) parecida, pois já incorporou as lições fundamentais do processo de socialização: o mal está no homem, que ejeta os direitos humanos não por outro motivo que a necessidade de controlar seus sórdidos e irrefreáveis (doutro modo) impulsos.

Fazer o certo e fazer o errado. Ser sacana e ter peso na consciência. Receber o castigo merecido. Essas discussões estão enredadas ao passado. Na situação da sociedade dos jogos ou niilista o único valor de si é aquele percebido por si mesmo, imortalizado em alguma imagem auto-louvável. O ladrão de cargas dilapida todas as vidas dos passageiros e trabalhadores do trem ao pilhar seus pertences. Conquanto não se é um deles, seus atos variam da aprovação à indiferença, em cujo trajeto mora a inveja. Às vezes penso como a vida do roubo é fácil: um sujeito se apropriou do meu televisor e do meu micro sem executar nenhuma transação financeira. Usou da violência, da imprevisibilidade física. Mas o complicado é cogitar-se pondo em prática esse “fácil”. Por que eles podem e eu não posso? Questões de berço (não literalmente, mas de uma ótica fatalista – há os furtadores provenientes de berços de ouro maciço).

  1. Killing Yourself to Live (Black Sabbath)

O ano deve ser um dos da irreversível crise do welfare state. “This is not the way the world was meant” e “Take a look around, what do you see? Pain, suffering and misery”. Além, claro, do título da música. Um ambiente de insegurança suportável graças às benesses teatrais da liquidez do dinheiro. Só o que almejo é o mesmo lar doce lar alheio, e com menos papel-moeda. O montante suficiente, que seja.

A onda de violência obriga o indivíduo a desconfiar de todos e se ver seguro – se possível – apenas dentro de seus próprios portões, ou jaula, a dita propriedade privada, capaz de resguardar até certo ponto todos os outros, tudo que já perdeu sua liquidez e não é mais pertencente a nada nem ninguém. Nem ao capital estrangeiro.

  1. Gears of War

Se a cultura não fosse a simples negação da natureza e respeitasse mais os princípios de sua Mãe o ser humano, além de cagar novas vidas e impor-lhes o ônus do trabalho, não fabricaria um arsenal nuclear, terminando, com tal atitude, por mais desestabilizar que “ajudar” (não precisa ser ajudada) sua biosfera. Uma mente tão corrupta olha a Terra com bons olhos só enquanto não coleciona as prometidas colônias espaciais que permitirão nossa continuidade. Vã continuidade. Viagem modorrenta. Muito curioso esse desenvolvimento, no sentido cíclico mesmo. Nada de linhas retas ascendentes. As marchas da guerra [ou equipamentos, armas] não pensam na preservação da espécie. Não há a menor garantia de que uma hora a rachadura não abra de vez. É um empreendimento de incomensurável risco, bem ao gosto do modo de produção ocidental e… está caduco dizer ocidental. No passado foram os muçulmanos, depois os soviéticos, japoneses… Agora qualquer olhos-puxados. O mundo. A família acabou. O Eu a engoliu juntamente com tudo. Os co(o)rporativistas ainda carregam aqueles livros debaixo do braço, mas, tal qual qualquer imbecil adaptado ou jogado de lado, só aguardam uma brecha para aparecer. Cada um com sua colossal melancia, preocupados que estão todos em se mostrar. Saldo final: não há um singular juiz. Os tecnicistas criaram um monstro que pode reduzir toda a filosofia ao nada instantaneamente… É… venceram!

* * *

Esses boletins sonoros estão me agradando e podem “intervir” na programação futura (Filosofia – Chauí).¹ Terei cerca de cem possibilidades extras…

¹ Este foi um presente de um primo distante do meu pai pelo qual sou muito grato, especialmente dado meu momento desarticulado em terras estranhas e possuído pelas terríveis marcas da saudade (do quê é que não sei, mas tenho certeza que é a parte de maior desamparo no anthropological blues). Neste preciso momento o amigo atencioso está em seus últimos minutos de praia e já vai retornar a seu meio. Eu não. Acrescento que, para saldar honrosamente meu débito, devo reler esses fragmentos ao chegar em casa e cumprir com o combinado: enviar-lhe por e-mail as ementas solicitadas da área de sociologia da UnB. a Mesmo que seu presente – e o meu futuro – não lhe – me – tenha custado nada, considero a necessidade dessa troca para a continuidade sem turbulências do cotidiano; afinal, humanos, culturalmente, vivem se devendo favores.

a Aposto que me esqueci disso!

Uma de minhas maiores vontades momentâneas é tomar uma cerveja gelada, não obstante meu sistema digestório-excretor precisar de um tempo até se restabelecer. Consolar-me-ei em pensar – e só pensar – no dia em que serei auto-sustentável e terei um novo lar – ainda que eu esteja pensando no aluguel: enquanto se pagar em dia, é todo seu. A independência… Uma cerveja gelada é um pedaço disso, por isso a quero tanto. Porém, conforme venho tentando me ensinar ultimamente, em lembretes mentais esporádicos, vive-se um dia de cada vez e, exilado, é-se plenamente impotente, o inverso de plenipotente. Um exílio implica em um outro exílio ao fim do primeiro, pois a terra natal terá mudado, eu mesmo terei, e será necessária uma readaptação ao local e aos afazeres de origem. E em verdade desconheço se poderei fazê-los todos, esses afazeres. Depende muito das circunstâncias. Ainda assim, ainda se puder, teimosamente deles prorrogarei minha licença, em prol de um só: as leituras atrasadas, que só parecem se agigantar enquanto os prazos encolhem e se tornam onerosos. Pelo menos já me livrei da autofobia e, no horizonte, nem o amor eu vejo. Agora bastam as músicas e as renovações, transferências, trancamentos e reda(reden)ções…

[ARQUIVO] SÓ É BOM PRA QUEM NÃO TEM (O²)

Originalmente publicado em outubro de 2006. Editado em 8 de janeiro de 2010. Editado novamente em 27 de fevereiro de 2024.

A crônica abaixo, assinada com pseudônimo, havia sido publicada em 2006 num “blog de parceria” entre escritores e jornalistas. Em 2010 foi republicado por mim pela primeira vez.

Não existe uma ordem. Possivelmente corroo, outrora – ao ser inalado – proporciono a sustentação biológica. Não sou, porém, justo. Mato e concedo o dom da vida por conveniência. Minhas conveniências mudam rapidamente. Não me mato porque sou imortal, o que não quer dizer que nunca tenha tentado. Apesar de um blog ser exclusivo do reino dos humanos, dentro do próprio gênero Homo existem de amebas a baleias, de briófitas a elefantes, de lagartixas a um filósofo. Sou unilateral, não ligo para o valor, moral, de nenhuma dessas entidades. O² para os íntimos. Um nome mais curto não representa a ausência de rusgas. Você precisa de mim e briga comigo. Você fecha o blog, não me lê mais, não obstante tudo que disse ecoará em sua mente. Até que o Oxigênio não queira mais sustentar vidas – pela escolha dessas vidas.

Sinceramente não sei o nível de metáfora ou literalidade do parágrafo acima, seja para mim, seja para um círculo restrito, seja para o anônimo – aquele para quem EU sou anônimo. Minha primeira reflexão é a seguinte: gostarei do que sou? A resposta da maioria é não. E do que posso vir a ser? “Se alcançasse esse objetivo, finalmente me daria por satisfeito.” Essa noção está errada.

Não tenho (mais) namorada (o que representa muito, posto que é a queda do céu ao inferno). Não sou assalariado. Não que não tenha trabalhado, mas receber aquele quinhão ao final do mês é um privilégio do qual me sinto virgem. Minhas idéias não entram em conformidade com a ordem social – eu gosto da desigualdade, mas me irrito ao ver que na maioria das vezes me encontro do lado de baixo. E então… Projeto-me no corpo de um amigo. Três anos de namoro, vai casar, estágio onde trabalha pouco e é bem-pago – pelo que dele sei, é realizado musicalmente (esqueci de dizer: gostaria de tocar bateria ou cantar, o que me é impossível, por razões genéticas, de humor e de tempo), apolítico, sabe, daqueles que não se esquentam com facilidade… Sente-se bem. Não tem um blog oficial ou outros dez em que “bica” – e eu, que sempre ANOTO MAS NÃO ESCREVO no meu, acabo fazendo o bom trabalho no dos outros! Quis dizer que meu amigo, codinome Plutônio, é a vida que eu projeto para mim mesmo.

Minhas aspirações são essas. Alguém para “comer todo dia” (sendo bem direto), dinheiro para gastar a curto, médio e longo prazo. Uma banda. Despreocupações. As aspirações de Plutônio são… Não tenho a intimidade necessária.

Despreocupação é o que eu não teria sendo Plutônio. Isso porque eu sou eu, mesmo dentro dele. Começaria a me perguntar: “Quando vamos casar?”, “Ela vai terminar comigo?”, “Quando, como porque e onde? O que eu lhe teria feito? Vou sofrer tanto assim – de novo?!”, “E a separação dos bens?”… Os ciúmes, ah, os ciúmes… Afinal, a namorada dele é novinha, mas é bonita. Tenho certeza que Plutônio não pensa nessas coisas. Quanto ao dinheiro, “em que gastar?”, “tê-lo-ei para sempre?”, “E se eu for demitido? Por justa causa?”. Bandas são como relacionamentos, outrossim. Descobri que a vida de Plutônio é tão insatisfatória quanto a minha, afinal – pelo menos “pra mim”!

Ah, Estou bem. E ontem eu fiquei ainda melhor do que numa sexta-feira normal, porque me perguntaram “Para que isso de escrever em blog?” (não foi meu colega de time Sódio). Respondi-lhe: Para ser contra-argumentado. Pelo meu bem, espero que sim. O céu está cinza. O de Plutônio também, embora ele não se dê conta. Não, apaga tudo, o que foi que eu escrevi?! Plutônio, você está bem?!

(Post Scriptum de dezembro de 2006:) Para azular o cinzento… eu já sei! Vou dizer a todas que pensam que eu (ainda) as amo que não é bem assim.

Por Oxigênio

Monica em

EM NOME DA HONRA”

Originalmente publicado em 8 de janeiro de 2010.

Inspirado na fábula da Chapeuzinho Vermelho

Cabelos loiros, lisos e que mal chegavam aos ombros. Nariz afilado e empinado. Lábios finos e rosas. Uma flor delicada. Monica tinha dezesseis anos e começava a ser uma preocupação para os pais. Filha de um poderoso industrial da Wolfstation – pequena vila inglesa – do século XIX, sua beleza aliada a sua riqueza a tornavam um objeto de intensa cobiça por parte dos homens da cidade. Galanteios de meninotes, rapazolas e mesmo dos amigos do pai nunca foram surpresa na vida da colegial. Porém a atenta Sra. Williams percebeu que a filha não mais recusava as investidas de imediato com um firme: “Não desejo um faz-de-conta burguês e ambas as nossas infelicidades”. Na sala de visitas, dava a entender que não cederia, mas já não era tão resoluta como antes. Se não se tratasse de uma moça rica, poder-se-ia pensar que Monica gostaria de prolongar os casos, quem sabe forjar um noivado, unicamente em busca de dinheiro. A Sra. Williams, como qualquer mulher madura, conhecia muito bem aquelas transformações no corpo e mente da adolescente, da menina-adulta. No entanto, sentia-se constrangida diante dos arroubos de sensualidade da criatura fervilhante que se exibia pela primeira vez debaixo de seu teto e diante dos seus olhos. Cantarolava ao espelho, perfumava-se toda. Nunca havia visto sua filha assim. Resolvera esperar até o dia do baile escolar para dar um passo além da simples observação: chamou Monica a um canto, na cozinha, enquanto assava alguns bolinhos, e pediu que não comprometesse a posição da família na alta sociedade com burlas namoradeiras. Monica sabia o que a palavra burla queria dizer.

Manteve-se afastada de bons partidos na escola; reprimiu seus sentimentos até aquela idade, em que já não era possível ocultar os batimentos acelerados e a maçã rubra das faces quando o assunto das garotas adentrava o sexo oposto. Julgava usufruir de uma vida muito mais confinada do que a das amigas, e mais recatada do que o necessário. Mas não ousava afrontar o pai. Não se sabe ao certo se planejava algo, se nutria rancor pela educação severa que recebia, porém tudo indica que o respeito que demonstrava pelo Sr. Williams não devia ser dissimulação. Acontece que toda santa alma um dia se cansa…

Há meses Monica observava, de longe e sem ser notada por nenhum dos colegas, um bando de alunos da série superior. Populares entre a juventude e malvistos pelos professores, constituíam seis ou sete bolsistas da região pobre da cidade. Não provinham de família abastada, mas freqüentavam a mesma escola da filha de Henry Williams. Este, dono de tecelagens por todo o país e bem-informado pelas amizades e pelos jornais, sabia da política acolhedora da instituição de ensino, e espumava de raiva a cada lembrete do tipo de gente que podia sentar-se às carteiras adjacentes à de seu tesourinho.

Talvez se inclinasse a lutar no parlamento por mudanças na aceitação de estudantes pobres, mas adiava a iniciativa, combinando com o advogado os argumentos perfeitos para a sessão plenária (onde pisava quando bem entendesse), além de aguardar que um célebre comerciante, conhecido seu, assumisse a cátedra de diretor, no rodízio previsto pelo regimento da escola, em apenas dois meses. Poder-se-ia dizer que o inconveniente de misturar a rebenta com uns pobretões da zona operária de Wolfstation não era de trato urgente. Enquanto isso, fazia vistas grossas até mesmo às filhotas dos outros industriais, a inculcar em Monica a idéia de comprar novos vestidinhos, tomara-que-caias, que deixavam as rapariguinhas de ombros escandalosamente desnudos, ou saiões com cortes indecentes.¹ Considerava as filhas dos outros capitalistas putas de luxo, sem exceção.

¹ A tomara-que-caia é “invenção” do século XX, mas esse conto se dispensa da obrigatoriedade de fugir de anacronismos.

Monica decidiu que se aproximaria dos bolsistas na festa do baile. Sabia que, quando muito, um ou dois valeriam a pena; os outros seriam grosseiros por saberem quem ela era – se tem uma coisa por que os sem-dinheiro zelam é o velho orgulho de classe. Não disfarçar antipatias. Não alimentar falsas esperanças de “subir na vida se casando com uma princesa ao invés de uma plebéia”. Não quando seria de cortar o coração de tão humilhante, e aquele Sr. Henry não era o tipo de pai que deixaria barato em uma entrevista eliminatória. Quando se estuda em escolas assim, além do mais, seria muito mais gratificante descontar essa frustração de berço cuspindo no chão e apontando o dedo para ricaças insinuantes.

A princesa penetra da história já desconfiava do gênio desses rapazes. Mas é provável que a cólera direcionada aos burgueses não fosse uniforme. Um ou dois poderiam pensar diferente, no íntimo. E estava cada vez mais complicado para uma loira vistosa e enfeitada de jóias hipnotizantes ao longo do pescoço, dos pulsos, das orelhas e dos dedos, quando não incrustadas nos vestidos, enfim, para uma baronesa com corpo de sereia, lidar com esses novos impulsos: a necessidade de amigos descolados das tradições, o instinto de buscar o diferente, o exótico, o rebelde. Todos têm a idade desse despertar. Ao mesmo tempo, continuar fiel às amigas. E, para isso, deveria ter alguma proeza para contar. Era a mais inexperiente do grupo, e já gerava risitos incontidos nos falatórios no departamento “homens”. Não tinha opinião formada sobre casamento, sobre o melhor estágio da vida para descobrir o marido ou o grau de liberdade que deve ser tolerado entre casais não-reconhecidos pela Igreja. Tudo veio rápido demais para essa moça. Monica quis apenas se auto-afirmar em seu grupo de amigas, não que isso implicasse em ser uma Williams maculada.

Foi no baile que, surpreendentemente, Monica, sem tomar nenhuma iniciativa, foi cortejada pelos famosos bolsistas da Wolfstation Noble School. Do mesmo jeito que costumava ser, debaixo das vistas da própria mãe, só que agora num amplo salão sem obrigações de sangue a interferir. Sorriu muito com o mais alto, aparentemente o “líder”. Respondeu todas as perguntas com inocência e temeu fazer alguma. Confirmou que era filha de Henry Williams, o famoso cidadão freqüentador número 1 do único banco da cidadezinha. Sabe-se lá o que vai fazer duas vezes por dia, religiosamente, às catorze e às dezoito horas, sempre demorando quinze minutos do lado de dentro. Assentiu também às suspeitas de que o pai era dono inclusive de termelétricas e exploradoras de carvão em Northsville, a cidade mais próxima de Wolfstation. E que aqui ele ainda era dono de uma companhia de bondes, mas adorava seus passeios de charrete. Possuía um cocheiro, três cavalos de elite e um carro pintado de ouro. Se era a tinta ou se era ouro de verdade, sobre isso não especulou. Dúvidas tão tolas as daqueles rapazes. E eles aparentavam segurança e auto-domínio quando conversavam longe de seus ouvidos, no gramado. Pessoalmente, não passavam de molecotes. Havia entre eles uma mulher, que Monica não tardou em julgar ser uma prostituta literal. Tinha aquela pinta perto dos lábios que rapidamente se associa à profissional mais antiga do mundo. E aquele sorriso de canto de boca, naquela noite de gala com um decote que fazia os gorilas do sexo oposto arfarem.

* * *

Dois dias depois de ter trajado aquele vestido vermelho de brilhantes e aquela tiara da mesma cor, com sapatos pontiagudos e de salto, além de uma pesada maquiagem, Monica e Edward, o rapaz alto do bando, já trocavam juras intensas de amor. Um amor infantil, diga-se. Nem mesmo se beijavam, só davam-se as mãos, cruzavam os braços ao caminhar, mal se tocavam. Ela já se sentia à vontade entre os bolsistas, no horário das classes. Ou melhor, nos intervalos, uma vez que as regras da distinta instituição eram rígidas e Monica tinha medo de que as fofocas viajassem alguns quilômetros até o escritório do pai.

A Sra. Williams, dotada daquele clássico sexto sentido feminino e materno, esperava a melhor ocasião para abordar a filha. Não perguntaria: “Está se encontrando com um homem às escondidas?”, mas “Qual o nome dele?”. Justo numa tardinha, quando ambas silenciavam na sala e a mãe tricotava ensaiando o discurso na cabeça, uma carruagem deu sinal à janela. Segundo consta, era o criado de Henry, dizendo que Monica devia seguir com ele até onde estava o pai. “Uma conversa no meio do expediente?”, pensou a madame. Mas se tranqüilizou ao se dar conta de que o pai também notava os pormenores da agitada vida da filha: “Vá, vá conversar com ele!”.

Era de fato o criado, mas no banco de trás estava Edward. Ele havia pagado duas libras para que o condutor enganasse a dona da mansão. Capataz muito confiável, sucumbiu à pomposa gorjeta. É um valor que um bolsista duvidosamente poderia desperdiçar pelos cantos. Monica se sentiu divina com este regalo apaixonado. Ambos foram deixados a sós em um parque, o mais espesso da região. Brincaram, rolaram pelo gramado, se enroscaram pelos troncos. E aí Monica percebeu que toda a sua etiqueta não seria suficiente contra pulsões tão selvagens. Pediu, quase tremendo, de excitação, não de pavor, que só continuasse enquanto ela consentisse. O rapaz balançou a cabeça verticalmente. Ambos se embrenharam nas matas mais altas e no canto mais afastado daquele passeio verde, e Monica tentou fazer silêncio. Quando a afoiteza de Edward já era evidente, aliás, o único que se podia notar nele, ela pediu para seu namorado parar. O garotão não podia se conter diante daquela beleza loira tão frágil e agora corrompida. O sangue, o suor, a água da garoa que caía, tudo se juntou com outro fluido. Como nas garras de alguém com quem não se pode comunicar, Monica apenas rangia os dentes, paralisada pela dor do arrependimento e da genitália azarada. Tudo estava turvo demais para reações precisas como aquelas da polida sala-de-estar de antigamente, e ela sequer soube em qual segundo as coisas tinham passado de uma brincadeira entre dois inconseqüentes para uma outra coisa, uma violação; em que momento ela própria se converteu de aventureira intrépida em vítima de estupro.

Edward a largou de bruços, esgotada, e se retirou, como se nada tivesse acontecido. Depois daquele encontro voraz, Monica regressou a pé para casa, de saltos quebrados nas mãos, trancou-se no quarto durante três dias e só aceitou duas visitas: a mãe e a criada que trazia a comida, ainda que quase não a tocasse. A par do que talvez tivesse ocorrido, desconhecendo contudo os detalhes mais ásperos, a Sra. Williams apenas consolava a filha: “Há homens que não revelam sua natureza lupina logo ao segundo encontro”. O senhor e a senhora da casa julgavam ser uma fatalidade natural, o primeiro desengano amoroso de uma garotinha, e se aliviaram por saber que a preocupação com os desordeiros do colégio e as precipitações de Monica não iriam se repetir, resolvidas ambas de uma cajadada.

O que os amigos de papai iriam dizer?”, foi a frase fixa, o fluxo neurótico que latejava na má-consciência daquela adolescente em prantos e frangalhos. Mas a experiência não fôra tão traumática, a ponto de no quarto dia o bom humor ter instantaneamente se restabelecido. Na escola, pôs as conversas com as antigas amigas, com quem rompera brevemente, em dia, chegando a uma concordata. Não contou nada a ninguém sobre “o bosque”. Na saída, Edward apareceu. Monica se limitou a fitá-lo com uma extraordinária repulsa, curvando-se em meia-circunferência, ainda abalada. Foi agarrada pelo braço esquerdo. Mas quando virou o oleoso pescoço, banhado em suor frio, não era o rosto do rapagote canalha, aquele arquétipo de Don Juan com requintes de maníaco, aquele que enxergou. Era um de seus comparsas, que defendeu o parceiro Eward: “Olha, ele achava que você era um tipo mais arrojado de garota. Ele chorou no meu ombro, disse que confundiu tudo, pensou que sua aflição fazia parte daquele momento de quebra de regras, da nova vida aflorando, de não ser mais uma menininha do papai…”. Uma bofetada na cara seria a reação mais natural, mas Monica apenas baixou ainda mais o rosto, constrangida.

* * *

Passaram-se mais duas semanas sem que ela dirigisse palavra àquela turma. Um dia antes do recesso de fim de ano, decidiu finalmente endereçar uma mensagem a Edward, ao vê-lo desacompanhado. Entregou-lhe um bilhete: “Encaminhe-se ao mesmo local do nosso primeiro encontro. Eu, Monica Williams, por ter sido manchada em meu sangue azul, dou-lhe uma segunda chance, com o ônus de que seja meu pelo resto da eternidade. Contei a meu pai sobre você.” As extremidades do corpo de Edward gelaram. Pensava vertiginosamente em todo o conteúdo do bilhete. Queria saber o que era contar ao pai sobre si, a que nível de profundidade o relato chegara. E conjeturava – se aquilo era mesmo uma proposta de casamento, quão rude não havia sido! Porém, como se esperasse por um acontecimento não muito diferente desse, pôs-se mais uma vez sereno, ajeitou a gola da camisa, pigarreou, socou uma mão na outra, suspirou, relaxou as costas e começou a andar em velocidade até uma casa, de propriedade anônima. Telefonou para a mansão Williams e disse: “Banco Wolfstation. Por favor, transmita o recado. O Sr. Williams precisa falar com o gerente de saldos, ele estará presente apenas às dezoito horas”. Era meio-dia e ele teria tempo para agir.

No reencontro, nenhum movimento suspeito, ainda que num certo breu das árvores. Pelo contrário, rumaram para a casa de Edward, onde a mãe os recebeu com pães de queijo e tagarelices amistosas. No correr da modesta reunião, mudança de planos: “Vamos nos reunir todos, os bolsistas do décimo ano, na casa de Mike”. Lá, um sobrado cinzento, a campainha tocou três vezes até que um risonho Mike desse as caras. Um teto a quatro metros de altura dos convivas, escadas em espiral, sofás fedendo a mofo. Um sítio suntuoso, embora semi-abandonado.

Onde estão os outros? – perguntou Monica.

Não haverá outros. Você está em cativeiro.

Alguém veio por trás e abafou-lhe o grito agudo com um saco grosso de algodão, que agora encobria toda sua cabeça. Monica foi levada para o sótão.

Enquanto isso, a garota soube que seu pai seria conduzido a uma cilada. O mais velho do grupo, ainda um rapaz, entretanto mais robusto e barbudo o suficiente para se passar por um respeitável representante bancário, interceptou o Sr. Williams antes que ele pisasse no banco, pelo fim da tarde. Passeavam pela cidade a quatro rodas enquanto conversavam, mas Henry percebia o tom abstrato do “sermão matemático”.

Conte-me de uma vez, furtaram o meu cofre? E onde está o Sr. Phillips?

Não, mas iremos… – respondeu o adolescente parrudo, ignorando por completo a segunda pergunta, sobre o real gerente do banco.

Henry Williams nunca havia levado um tiro. Ao ler romances e estórias de detetive sempre se indagava como seria a dor da bala perfurando a pele e a carne após disparo à queima-roupa. Era um ardor ou trauma semelhante a uma mordida brutal. A mordida de um urso, por exemplo. Foi na tíbia direita, pouco acima do osso do tornozelo. A perna inteira parecia ter sido tragada por uma fogueira. Mas fogueiras não fazem sangrar. O vermelho que grassava e se espalhava agora pelo chão da carroça mudou também o tom da dor, agora um repuxar insuportável dos músculos. O atirador puxou o homem pela camisa, imperativo: “Estamos com sua filha; se quiser que os jornais de amanhã contem o que está acontecendo na casa onde ela está, senhor industrial, não faça nada, e nos mande pra cadeia, inclusive. Não vai nos matar porque somos muitos”. “Tu…do bem.” E prosseguiu: “Nós queremos que na sua próxima visita ao banco peça ao gerente, o gerente de verdade, que aumente seu limite de transferências e deposite o lucro do ano anterior da sua tecelagem Wearing Co., que eu conheço pelas notas da imprensa, nestas quinze contas. Vai dizer que essa bala partiu de um ex-cliente furioso que não pôde identificar e que está fazendo isso para sua segurança legítima, pela integridade de seus bens e de seus familiares”. Depositou então um papelote no bolso do sobretudo daquele grisalho outrora imponente. “Não vai perguntar sobre sua filhinha, não é mesmo?… O que importa é… Bem, ela lhe será entregue assim que confirmarmos as transferências; esteja neste mesmo lugar.” Chutou-o para fora da charrete de ouro: “Esteja aqui, não chame a polícia! Nós temos tudo que a força da guarda desta cidade não tem!”. E não era mero blefe. O Sr. Williams mal se mexeu por duas horas, reclinado sobre um tronco, recusando até mesmo a assistência vespertina de uns andrajosos que passavam por perto. Até que percebeu que, pelos dizeres do malfeitor, deveria caminhar de contínuo até o banco, não longe dali, ferido como estava, para realizar o protocolo. Estava atrasado, atrasaria ao todo em mais de meia hora em relação ao combinado. Os cuidados médicos poderiam esperar.

Em torno de oito e meia da noite, com a conta da Wearing esvaziada e o referendo da matriz do banco em Londres (a soma era vultosa), chegava àquela clareira do parque público o reluzente carro do próprio Henry Williams em que um tiro havia soado, dessa vez com três capangas e Monica, toda encolhida. A filha parecia feliz e aliviada ao ver seu progenitor. Abraçaram-se, e ele perguntou:

Aconteceu alguma coisa?

Nada, papai… Claro que não houve nada!…

[ARQUIVO] A TEIA DE ESCOLHAS E DETERMINISMO NAS TEMPORADAS MAIS RECENTES DE LOST

Originalmente publicado em 11 de maio de 2009.

A despeito da atratividade da idéia de que se pode viajar para o passado, o autor dessa série escolheu o fatalismo, a irrevogabilidade das culpas: o passado refeito é exatamente o passado que havia sido feito! Um círculo histórico fechado.

Paradoxo do avô – mato meu avô quando meu pai sequer havia nascido. Mas e então? Resposta: não matei, eis o impossível. O que está no passado é imutável. Significa que qualquer viagem no tempo “já houve” nesta época para onde se viajou. Você já esteve diante do seu jovem avô, apontou-lhe a arma, a bala pegou de raspão, você voltou à máquina e quando perguntou a seu pai se o pai dele já havia sofrido um atentado à vida, ouviu falar do maluco que era você.

APLICAÇÃO NA ILHA Nunca começa, mas eis o universo. Os viajantes que “aparecem do nada” e assumem cargos. Normal do ângulo dos nativos. Ah, o Ben sabia que um avião viria a cair ali… A primeira rixa, do ângulo do Ben, entre ele e Sayid foi: “Sim, sou um assassino!” – tiros no peito. “Por que aquele homem, dos outros, me agrediu?” Sem embargo, como mostrou o desenrolar do capítulo sua memória infantil foi extirpada. Todos os “novos dharma” estarão envolvidos na questão do massacre, mas é de se pensar quantos anos ainda faltam. Mais reflexões poderão ser ensaiadas por essa mente balbuciante assim que flashes do futuro forem exibidos (Locke x Ben; Sun, a esposa do desaparecido Jin, etc.).

* * *

Originalmente publicado em 8 de junho de 2009.

A viagem nº 1 de Desmond não foi como a de todos os outros. Ele foi para o futuro, mas se estava lá não podia morrer no passado. Daniel sofreu na carne ao subestimar, com seu novo corpo, sua sina.

[ARQUIVO] SAÚDE NOS MAUS HÁBITOS

Originalmente postado em 8 de janeiro de 2010. de novembro de 2009. Atualizado em 25 de dezembro de 2023.

Excluindo-se uma piora sensível da saúde, parece concludente que não consigo suportar mais do que 5 dias sem ao menos um cigarro.

Se é verdade que o ser humano viciado tem livre-arbítrio, a escolha é entre:

– sustentá-lo;

– explodir de outras maneiras.

Como as condições vigentes não me permitem exercer as atividades de artista quando eu bem quiser (posso passar imensos períodos lidando apenas com procedimentos burocráticos), isso significa eminentemente: duelos familiares. Muitas acusações e nenhum resultado.

Portanto, sei que minha garganta se condói, e o calor é infernal, mas a carteira deve estar sempre à mão. Horas em que morar sozinho não é só ilusão de autonomia…

Ciclo semanal (esse que só eu percebo):

inviabilização do fumo principalmente na dolorosa terça-feira. Prerrogativas, prerrogativas… Canário que não sou…

De resto, parece um paliativo ao efeito Diogo. Mal-aproveitado até aqui. Fumar com música e fumar em silêncio: ambos me agradam.

Apenas não esquecer que até os doentes têm uma saída…

[ARQUIVO] HOMEM-BORRACHA hombre borracho

Originalmente postado em 4 de novembro de 2009. Retocado em 25 de dezembro de 2023.


Especialização: que papinho ridículo de porteiro semi-letrado-afilhado!

O mestre-psicólogo com bacharel em sociologia: brindado com o descrédito, o tabu, portas na cara.

Cara bonita, letra bonita.

Você vai atender os loucos? Engana-se quem pensa no anti-boêmio.


RIR & RECEBER

Salário

Já estou pago

Ora, vim ao mundo nu

Paraíso das almas de mendigo

Sou um Sócrates

Um maduro

Mas não farto

Faltam alguns

(desobrigados) partos.


Quantos alimentos minhas paredes podem suportar

Antes de dissolver com a própria comida vermífuga

(sim, porque essa carne exótica os mata, Dr. Benway!)


Rendered useless to mankind

destroy the logic volume

in the confines of the mind.

I saw tomorrow becoming today

Pântano de lixo curioso e danoso

O mundo é uma bola jocosa


7 anos debaixo dos panos

101 110 160 o quanto o motor

bitolado agüenta

gasto de folhas

cigarra fanha festa celulóide

Meu próprio enigma –

[ARQUIVO] CONSTANTINO SEVERINO, O FUMANTE

Originalmente postado em 5 de novembro de 2009. Retocado em 25 de dezembro de 2023.

Constantemente tragando através de um terceiro olho. Na verdade de uma chupeta. Bem o que uma criança deve fazer.

Mais um blasé

Música quadrada Prodigy não podia faltar

A aposta entre deus e o diabo – humano campo neutro

O olho do gato

Carros velhos retorcidos orcs

O seu destino é o meu destino?

Ele se sente tão cansado quanto eu. Apuro para essas novas coisas.

Híbridos vomitados neste mundo e o rebotalho espertalhão

O filho rebelde do filho rebelde é o santo

Que a casa transtorna

Mosc’azul blockbust’encial

Wasteland

Alguém é blasé só até conhecermos melhor? Idade dos homens-capa. Desembrulhei todos até agora.

como andar de bicicleta” – eu tenho certeza que ressuscitei num corpo novo.

the black guy

O lamacento presidiário italiano de Prison Break

Como você efetuou suas escolhas profissionais?