HISTÓRIA DAS IDÉIAS 4: HINDUÍSMO & FILOSOFIA OCIDENTAL: Um esboço

Esse artigo (contendo também anotações fragmentárias) visa a integrar os conhecimentos transmitidos pelos Vedas-Upanishads (livros sagrados hindus) com o conhecimento em Primeira filosofia (Metafísica no sentido estrito ou Filosofia Continental, abarcando autores de Platão (séc. IV a.C.) ao pós-estruturalismo francês dos anos 1960). O post poderá ser lido em conjunto com outros da categoria Religião e da subcategoria Hinduísmo já presentes no Seclusão e indexados no menu. Usarei The Roots of Vedanta, de Sudhakshina Rangaswami, como bibliografia principal para as citações dos textos védicos (traduzidos por mim do inglês quando necessário).

Os Upanishads (revelações comentadas) são a cabeça e os Vedas em si são o tronco da visão e conhecimento hindus; a correta leitura dos Upanishads, portanto, pode ser considerada a aquisição da consumação da sabedoria transmitida pelos textos sagrados antigos da Índia. Mal comparando, os Upanishads seriam como os textos dos Escolásticos sobre o Antigo e o Novo Testamentos (Santo Agostinho e São Tomás de Aquino como os principais); mas o paralelo cessa quando se entende que, para o praticante da religião hindu, os Upanishads são de quase tão remota origem quanto os Vedas e, apesar de reconhecidamente escritos por mãos humanas, de indivíduos considerados “gurus”, são tratados como texto sagrado, indispensável para compreender a elaborada natureza dos Vedas. Isso faz com que os Upanishads gozem de uma autoridade que a Cidade de Deus ou a Suma Teológica jamais gozaram no Ocidente, mesmo em face da Igreja Romana.

O fato fundamental dos escritos Upanishads é que eles reconhecem a característica de arbitrariedade e às vezes insuficiência da língua para transmitir idéias, compreensão básica da Lingüística moderna e o esteio principal de toda a bibliografia, por exemplo, de Ludwig Wittgenstein. Como a linguagem, a partir de determinado ponto, se torna inadequada para articular a experiência em sua essência, os sábios antigos do Oriente utilizaram o recurso da exposição de mitos e símbolos como alegorias de seus ensinamentos (paralelo com Platão), chegando mesmo à utilização de conceitos puramente negativos (Hegel), necessários para abordar as intuições que levam ao Absoluto.

Os Upanishads são a primeira fonte direta (śruti prasthāna) do oriental para a cognição da Realidade Absoluta. Há mais de cem Upanishads, de forma que o que se realiza aqui é apenas um esboço de introdução ao tema. Os dez Upanishads comentados pelo sábio Sankara são considerados os Upanishads clássicos ou mais importantes, aqueles que se deve tentar ler, caso não haja tempo para a leitura de todo o catálogo dos Upanishads. Os Upanishads, desde o início, não pretendem ser uma descrição literal ou hiper-concentrada de saberes, dogmas ou revelações, como a Bíblia. Dessa forma, não está organizado em versículos, mas em capítulos de prosa como os livros técnicos ou de ficção ocidental modernos em sua quase totalidade, aproximando-nos do olhar védico. O importante será a compreensão holística de todo o conteúdo ali apresentado, e não debruçar-se sobre uma sentença, procurando o significado de um vocábulo como aforismo ou sentença para a vida. O que interessa é a compreensão global pelo adepto. Fenômeno similar se dá com o estudante de filosofia, que adquire conhecimento aos poucos consultando os vários autores de primeira grandeza, para só então partir para os de segunda ou terceira grandeza, buscando conhecimentos mais específicos. Tampouco há uma ordem preestabelecida para a leitura: pode-se começar por qualquer Veda ou Upanishad. O aprendizado é cumulativo, cíclico e recursivo.

Afora o próprio binômio Vedas-Upanishads, o texto da literatura mais importante para Sankara, a maior autoridade sobre o assunto, é o épico Bhagavad Gita. É como se na Ilíada e Odisséia homéricas estivessem comprimidos toda a doutrina de Platão, Aristóteles, Descartes, Kant, Hegel, Marx, Nietzsche, Kierkegaard, Leibniz, Spinosa, Pascal, dentre outros. O Bhagavad consegue resumir os principais preceitos dos Upanishads e podem ser uma primeira leitura iniciática, ou uma leitura posterior, de reforço dos ensinamentos védicos.

A forma de trabalho da linha dos Upanishads é diametralmente oposta à do Bhagavad Gita, mas ambos atingem a mesma meta: os primeiros enfatizam a renúncia e meditação em Brahma como a disciplina espiritual que conduz à liberação; o segundo, poema-diálogo, ensina a trilha da ação desinteressada neste mundo, a prática do karma-yoga, evoluindo gradativamente ao mais espiritualizado inana-yoga, que pode incluir ou não a devoção a um deus antropomorfizado (objetivo do bhakti-yoga), abrindo, tanto quanto os Upanishads, o caminho para a liberação sem a prática da renúncia ascética. Alguns dos temas deste parágrafo são complexos e foram utilizadas expressões diretamente retiradas dos próprios textos sagrados. Por isso, entraremos em explicações mais detalhadas adiante, “quebrando” os vários temas em seções:

A trilha da ação desinteressada

Em última instância, a prática do karma-yoga equivale a princípios ocidentais como o enunciado de Friedrich Nietzsche “como filosofar com o martelo”. Em Crepúsculo dos Ídolos, Nietzsche, escritor alemão do séc. XIX, expõe seu “método destrutivo do pensamento”. Destrutivo não deve ser entendido de forma pejorativa. Como na frase acima “chegando mesmo à utilização de conceitos puramente negativos, o “pensar destrutivo” nada mais é do que lutar contra preconcepções potencialmente nocivas adquiridas involuntariamente durante o processo normal de educação do ser humano. Através da aplicação do pensamento crítico sobre os valores herdados pelo homem ocidental, Nietzsche pretende pôr em questão algumas afirmações tidas como verdade que não passam, no sentido da filosofia, de “puras aparências”. Filosofar a marteladas nada tem de violento, ou mesmo de atividade corporal voltada ao mundo material em si: é, traduzidas em outras palavras, a função do filósofo. Porém, Nietzsche escreve em um tempo que já carrega uma grande herança da Filosofia, diferente de quando Platão escreveu. Por isso, para ele, é fundamental desconfiar e reler os filósofos do passado, analisando-os filosoficamente, a fim de não acabar criando castelos de areia, isto é: a desvinculação do pensador a noções antigas e erradas deve ser priorizada em relação a “criar novos conteúdos deônticos (princípios éticos para a convivência humana)”. Ele estava aplicando o karma-yoga sem o saber. O karma-yoga é a meditação oriental que ensina a iniciar o caminho da renúncia das ilusões materiais.

Através dos fenômenos, experiências e aparências chegamos enfim àquilo que não é passível de ser pronunciado com suficiência de sentido (a Idéia de Platão conforme exposta n’A República). Quer dizer, o ioga é visto por grande parte dos ocidentais como um mero exercício de relaxamento, equivalente à passividade e inação. Esta é a “aparência enganosa” do ioga e do iogue (praticante). O próprio termo “praticante” levaria à conclusão imediatamente contrária, no entanto: ele pratica, ele age, o ioga é ação – contradição de sentido com a visão exotérica ocidental (vulgar, depreciativa) sobre o ioga. Ação que sufoca a ação através do controle da respiração.

Depois de compreender o ioga como ação, entretanto, é hora de compreender o ioga num nível ainda mais esotérico (de disciplina verdadeira): não como ação comum, mas como ações das ações. Esta assim num sentido novo é tanto oposta à inação ou renúncia conhecidas do público em geral como à ação comum do cotidiano. O que se faz aqui é exatamente o proceder dinâmico da filosofia de Georg Hegel, se tivermos que pensar não mais em Platão, mas no primeiro filósofo moderno de importância que podemos usar para nos auxiliar na compreensão do hinduísmo. Não é que o hinduísmo deva ser necessariamente analisado filosoficamente, nem a filosofia moderna “superada” ou sentida religiosamente pelo guru capacitado por Brahma, mas há essa constatação intermédia: as duas vias são o Um e o Mesmo. Tese (popular, concepções mundanas) – antítese (começo crítico do aprendizado de “filosofar com o martelo” ou do karma-yoga) – síntese (consumação, sabedoria efetiva, inana-yoga ou o conceito da Idéia de Platão em seu sentido mais elaborado).

A trajetória da compreensão pelo sujeito aspirante ao saber de que o mundo das experiências é nosso meio (nossa técnica) para alcançar o Absoluto: assim também pode ser resumido o karma-yoga. E alcançar o Absoluto no sentido carma-iogue é: compreender que participo de um destino em perfeita harmonia com todo o universo, me fundo com ele. A expressão karma, muito mal-utilizada no Ocidente, deve ser interpretada pelo estudante dos Vedas como destino, mas não na concepção clássica e fatídica de destino. Trata-se do destino sentido não como um peso ou castigo infligido ao indivíduo (compreensão popular de c”arma”), mas como a leveza de espírito para a prática da ação responsável. O eterno retorno de Nietzsche buscava a mesma conclusão ética. O saber é sempre recursivo. Estou explicando estas mesmas equivalências pela terceira ou quarta vez no Seclusão Anagógica. Mas isso é uma virtude, não um defeito: a sabedoria é esse ir e vir pelos mesmos pensamentos, até solidificar o conhecimento adquirido. Eu aprendo enquanto ensino; não importa de onde parti, nem onde chego; percorro círculos; não importa se o leitor me lê pela primeira vez agora ou acessa esse texto depois de ler outras explicações anteriores (ou futuras). Ele se junta ao círculo seleto, aprende e também ensina.

A devoção a um deus antropomorfizado (bhakti-yoga)

“O caminho da devoção a uma forma pessoal de Deus abre as portas da liberação mesmo para aqueles incapazes de renunciar ao mundo (inquilinos do mundo).” Esta é uma citação de Sankara nos Upanishads. Ter fé numa entidade divina (religião significa re-ligare, entrar em fusão com) é uma das formas disponíveis para atingir a liberação védica, mesmo sem a disciplina espiritual mais rogorosa dos Upanishads, como ensina o Bhagavad Gita. Ao que se renuncia quando se diz “aqueles incapazes de renunciar”? Ao mundo? Sim e não. Sim no sentido das aparência enganosas, não no sentido de que não se renuncia à vida neste mundo, contanto que a vida neste mundo esteja ligada à busca da verdade mais profunda (o Absoluto). Há que prestar atenção na palavra inquilino. Nossa casa é o mundo, mas não somos os proprietários: estamos de passagem, utilizando uma vida cedida por empréstimo num todo maior.

Apesar da semelhança à primeira vista entre o bakthi-yoga e as religiões ou monoteísmos ocidentais, que são baseadas no culto a um Deus pessoal, a primeira vantagem do hinduísmo sobre o credo cristão (sempre citarei o Cristianismo pela sua maior popularidade e aderência no Ocidente, mas a rigor me refiro a todas as religiões de massa por metonímia) é que o hinduísmo não é um ateísmo, não é um monoteísmo e não é um politeísmo, apesar de ser todos os três ao mesmo tempo (aparências divergem das idéias). O caminho da devoção seria interpretado como “oração” ou “reza” no Ocidente. Está no limiar do que seria a passividade – ajoelhar-se, entregar-se, pedir socorro, etc. – e do que seria a atividade – executar um rito por volição própria, aliar-se ao seu deus, ser ativo na transformação do mundo ao se encontrar apto a transformá-lo, encarnando, representando ou se manifestando como, sendo carne e estando presente no mundo material, a vontade divina neste mundo –.

Em outros termos: ajoelhar-se (símbolo da submissão) e performar são sinônimos. Entregar-se, desistir, dar por encerrado, transferir a responsabilidade, ser o forjador de uma aliança, puxar para si a responsabilidade, iniciar a resolução de um problema concreto são também sinônimos. Pedir socorro e socorrer, ser o agente de alguém, representar algo maior do que a si mesmo são sinônimos. É natural vulgarmente separar todo fenômeno em “ação” ou “renúncia”, inação, como se viu na explicação introdutória sobre o ioga. Porém, as fronteiras entre essas categorizações arbitrárias são enganosas.

Indo além: renunciar ao mundo, seria uma ação ou uma desistência? O discípulo de Cristo, que no ato de se tornar discípulo distribui todas as suas riquezas para peregrinar com Cristo, não age? Aquele que renuncia ao mundo, não desiste da vida, se entrega, se anula? Ambas as perspectivas estão corretas. Covardia ou coragem? O debate ou simpósio entre ambas as alternativas seria eterno e inconclusivo. Há aqueles formatados para o que o mundo chama de ação; há aqueles formatados para o que o mundo chama de inação. Todos são, não obstante, homens, e muito mais parecidos em essência do que revelam as simples aparências. Assim como o ioga pode ser ação, inação, o que é ação e inação e o que não é ação nem inação ao mesmo tempo, o mesmo se aplica à intervenção militante no mundo. Cristo é reconhecido por qualquer cristão, do papa ao mais tímido e “ignorante” dos fiéis, tanto como aquele que disse: “Dai a César o que é de César, meu reino não está neste mundo”; como aquele que militou fervorosamente (veja o advérbio), com bastante ênfase e barulho, no seio do judaísmo: curar os doentes, ensinar a verdade, acusar os fariseus, destruir ídolos, arregimentar um exército de apóstolos. Portanto, tanto o reacionário político quanto o comunista clássico da guerra de guerrilha poderão dizer, com acerto, tanto que:

a) Cristo era, mesmo que de carne, Deus ou o Espírito Santo (mistério triplo, imagens que não correspondem às idéias), a manifestação ativo-passiva (tanto faz) de Deus, o Único, na Terra, com “destino selado”, ao mesmo tempo que dirigente autônomo das próprias ações, para o cumprimento final da Palavra e do Evento. Em última instância, a apologia mais completa de tudo que aconteceu, acontece e acontecerá. O pregador da doutrina de que “não importa o Estado, nos preparemos para o outro, o verdadeiro Reino”.

b) Cristo foi o comunista consumado. Revolucionário, transformador, ativista-modelo para a humanidade póstuma. Mártir, lutou por um futuro melhor para seus camaradas, derramando sangue para que seus filhos pudessem sorrir, viver a vida, sem carregar nenhuma cruz. Um libertador das condições materiais opressoras, desafiador de César e do templo dos hipócritas, instaurador de boas-novas, de uma nova verdade, de novos valores. O mundo se divide em dois, afinal – como negá-lo? Antes de Cristo e depois de Cristo; pelo menos pode-se generalizar dessa forma contanto que não levemos em conta a Ásia. (Curiosamente, de onde vêm os três reis magos? Do Oriente. Folclore popular que se integra com o que existe no Novo Testamento.)

Renunciar ao mundo não é nem uma ação nem uma renúncia, no sentido vulgar. Cristo não foi nem um corajoso herói nem um herege tumultuador e covarde. Ecce homo: Eis o homem. Cristo foi um homem. A única unidade entre esses pólos fictícios que traçamos é nossa própria condição e convivência no mesmo planeta.

A esse ponto, já ficou muito claro, após uma exposição tão numerosa em exemplos, que não importa a estrada, a esotérica (erudita) ou a exotérica (popular), a crença num panteão, num Deus único e supremo, o panteísmo ou o ceticismo extremos, o acolhimento do budismo ou do ateísmo clássico no seio da modernidade pós-Revolução Francesa (a negação do Deus cristão, que após Jesus Cristo, para os fiéis, nada quer dizer para o indivíduo senão “condenar-se ao inferno”)… Todos os caminhos levam ao mesmo caminho, ao mesmo ponto de chegada. É claro – no hinduísmo, a religião mais antiga e perfeita, completada, este caminho é explicado, e desde o Bhagavad Gita foi ensinado o método mais econômico para percorrê-lo.

Seja pela compreensão e estudo aplicado dos Vedas em alto nível de abstração, seja pela crença popular nos avatares de Brahman, o hinduísmo permite o ecumenismo: quem desejar segui-lo poderá atingir o mesmo efeito (em última instância, a fusão com Brahman, a renúncia ao mundo ou a completa inserção no mundo, no real, conforme o próprio indivíduo interprete e descreva o próprio credo). A velha polêmica (tão recente, se comparada com todo o sistema hindu!) entre Calvino e Lutero sobre a salvação via fé ou via obras é uma bobagem, uma dialética de boteco entre os dois mais importantes cristãos da Europa do período reformista.

Para voltarmos ao hinduísmo: As portas da liberação são abertas, sem olhar a quem. O ser humano é um inquilino no mundo. Ou antes: o corpo é o inquilino da alma, que é Brahman. As aparências estão de passagem no seio do Absoluto, que as contém e retém e é o dono do espaço que elas ocupam. Toda morada é temporária, por isso a expressão inquilino: nosso corpo não é o dono do imóvel. O homem é, apesar de tudo, nômade, no sentido espiritual, mesmo o mais sedentário: ele chegou e irá partir. Enquanto mero indivíduo, é um ser provisório.

Pensando na expressão inglesa usada no Upanishad traduzido naquela língua, o house-holder, o chefe de família ou dono do seu lar, no sentido empregado na frase, é o meu inquilino, é o corpo e não a alma. Como posso estar tão certo, pois, de traduzir desta maneira? No próprio inglês haveria um termo muito mais inequívoco para descrever um house-holder que não é apenas um sujeito de ocasião (um inquilino, que mora no mundo apenas de aluguel, no sentido cotidiano). Este termo é o landlord, “aquele que aluga para os outros”. O único landlord num sentido metafísico (e quem é Senhor da terra é Senhor do tempo e de tudo que ambos contêm) é Brahma. Mesmo Vishnu e os outros deuses-avatares da hierarquia hindu, e abaixo deles os sábios inspirados que escreveram, sistematizaram e interpretaram os Vedas numa linha sucessória, são apenas manifestações de aluguel, procuradores (no sentido jurídico daquele que representa) do Um. A explicação, pelo menos para mim, é muito mais intelectiva, simples, que o mistério da Santíssima Trindade, e nem por isso o hinduísmo deixa de ser uma religião, isto é, vira apenas um sistema de regras e saberes secular (por não conter mistérios que não podem ser revelados). Toda religião tem seus mistérios, é um sine qua non (condição de existência de uma religião). Os do Cristianismo, entretanto, podem e devem no mais longo prazo levar à vertigem, à estupefação e a uma incompreensão completa e duradoura.

O hinduísmo, pelo contrário, é explícito e honesto: enquanto alguém que não crê em Cristo é sempre alguém que não crê no Deus-Pai (e vice-versa) conforme o cânone cristão, um hindu poderá dizer: eu só acredito neste mundo, no meu lar e em minha família; isso não “interessa” a Brahman (trilha da ação desinteressada). Caso siga sua crença aparentemente simplória da maneira correta, este hindu (consciente ou inconsciente de sê-lo) entenderá eventualmente que tudo (sua casa, sua família, seu mundo) é real, e que, no entanto e apesar disso, tudo isso é Brahman, oriundo de Brahman. Não crer no ‘divino’ ou crer demasiado no ‘divino’ são uma e a mesma coisa para o hinduísmo: seja um indivíduo como Platão, seja um venerador público de Vishnu, seja um venerador secreto de Indra, seja um ‘venerador’ ou venerador de Brahma… (Quem põe as aspas? Responde-se à pergunta mais adiante.) Se ele sabe quem é Brahma, as portas estão abertas para ele. Brahma é apenas uma palavra.

A evolução transcendental ao inana-yoga: estar-com-Brahman

Quem acredita em Brahma como um colega-acima-dos-outros, que vive em relação com eles, sendo um outro para eles, diferente, como por exemplo Zeus para os outros deuses gregos ou o general para seu exército, é um herege, herege no sentido absoluto do bramanismo (hinduísmo), pois não é isto que Brahma é (malversação das escrituras). E no entanto, Platão, que viveu sob a religião ateniense, e não hindu, onde Zeus presidia, onde Zeus como primeiro-acima-dos-outros-deuses era a única norma sancionada, e pré-requisito da conservação da cidadania na polis (cidade-Estado de Atenas), sem nunca negar explicitamente a mitologia grega, chegou à Verdade, “apenas” trocando as palavras.

Aquele que jejua hipocritamente, ritualiza apenas teatralmente e diviniza ou amaldiçoa erradamente (não chega a Brahman embora pareça ser do credo de Brahman; amaldiçoa em verdade o mundo, que é Brahman, enquanto alega que o faz por Brahman, não entendendo o vínculo entre aparência e Verdade), esse alguém não compreendeu Brahman, então não importa que seja um devoto no sentido clássico ou popular (um asceta que se conduz de modo perfeito no exterior). Pois este que desrespeita tanto a casa em que mora de aluguel quanto as portas da libertação da frase traduzida acima, a única verdade é que se encontra fora da doutrina hindu, condenado à eterna imanência. E este que respeita sua moradia passageira e conduz-se às portas de Brahman, é Um com Brahman. E é impossível desrespeitar a casa (alegoria para o mundo material) respeitando o que é mais importante que o material ao mesmo tempo (pois a “casa” é a via de acesso ao que é invisível, a senda espiritual), como é uma situação impossível desprezar as portas da liberação, a Idéia, ao passo que respeita concomitantemente as aparências. (Respeitar as aparências não é ser materialista – é tratar aparências como aparências! Respeitar é entender.) Não! Não existe distinção final ou factual entre corpo e alma, entre casa e portas supremas, do ângulo hindu: ou se está com Brahman, ou não se está com Brahman, de corpo e de alma.

Estar-com-Brahman é um conceito, portanto não pode ser determinado por um observador externo, o mais zeloso: não é uma opinião, não é aparência. O conceito é Idéia. Que segundo os outros homens alguém esteja ou não com Brahman, e pratique ou não o bramanismo, isto é indiferente no tocante à vida deste homem determinado (e à resposta para a pergunta: ele está com Brahman?). Pois as aparências enganam, e enganam todos os observadores do sensível sem exceção. Enganam até quando enganam ou “não enganam”: o asceta hipócrita, o asceta legítimo, o homem conhecido por seus pares como mau, o homem conhecido por seus pares como bom, todos estes são aparência, mas quem haverá de dizer se correspondem ou não em essência? Quem determina com infalibilidade a hipocrisia? Quem está acima do conceito de legitimidade, de bem e de mal? Quem no mundo das aparências não é apenas joguete dessas noções humanas, demasiado humanas? Quem será o juiz temporal da transcendentalidade de um ser?

O cristianismo cavou a própria cova quando erigiu a Igreja, matéria-carne que proclama o monopólio do espírito. É a infância do ser humano em forma institucional: comete os erros mais fundamentais a respeito das aparências e do caminho ao mundo-verdade. E quando a religião definhava e foi reformada, os juízes saíram das igrejas e se instalaram por todo o mundo debaixo do céu, como câmeras de vigilância de um panóptico da Torre de Babel, tão onipotentes quanto inúteis, pois os reformadores, tanto quanto os iniciadores, não reconheceram o mesmo princípio universal exposto pelos Vedas: não há juízo temporal da transcendentalidade alheia. Não se julga do sagrado (verdadeiro) com opinião (aparência). Ninguém nega boas intenções onde há. Ninguém nega má-fé onde há. Mas no caso do Ocidente as boas intenções dos tradutores, disseminadores e pastores, “democratas do espírito”, geraram o mesmo mal-entendido que a má-fé pura: povoou-se o mundo de sacerdotes, em vez de eliminá-los, tal qual o bramanismo, que já nasceu onisciente e infalível por um simples motivo: é uma religião sem sacerdotes, que proíbe o sacerdócio sobre os outros. É por isso que a origem dos Vedas é tão remota que só pode ser falada em termos de fábulas, mitos e lendas, pois o que já não fosse transcendental a partir de sua estada-no-mundo não poderia gerar transcendência. Indivíduos não autorizam (no sentido tanto de autorização quanto de serem os autores) religiões.

A impossibilidade da divinização do indivíduo e de provar o sagrado: Por que o Ocidente precisa do Oriente

O mundano só existe “em-transcendência”, não é possível tratar uma Revelação como aparência, experiência derivada dos cinco sentidos – mesmo os eventos geradores ou supostamente geradores de transcendência que se localizem após a pré-história (i.e., numa cronologia humana consciente) são fabulosos: Cristo existiu? Onde ele foi crucificado? Qual era sua aparência (ironia tríplice)? Quem hoje tem parentesco mais próximo com ele? Ele ressuscitou? Por que ele ressuscitou em segredo diante de seus mais próximos e de Maria Madalena, e não diante de toda a cidade, de toda a colônia, de toda a civilização romana (a mesma pergunta da crônica esportiva: por que ele não calou os críticos?)? Por que milagres não são fatos científicos (ambos são conceitos mutuamente contraditórios)? Por que cada apóstolo conta um evento de forma diferente, tendo Cristo no mesmo instante pronunciado algo distinto conforme a testemunha?

Porque não seria fato gerador de uma religião de massa nada que não suscitasse tantas perguntas sem resposta! Somente havendo tantas dúvidas sobre a identidade ou mesmo a existência de Cristo é que foi possível tornar fascículos sabidamente escritos pelos homens chamados X., Y., Z. e K., depois reunidos necessariamente em uma outra geração por outro homem que jamais conheceu Cristo a não ser por relatos, Paulo, ele mesmo santificado (num tempo em que santificavam pessoas apenas após a morte; é constrangedor ter de incluir essas ressalvas entre parênteses!), somente por toda essa via errática é que o Cristianismo pôde nascer como uma fé (fora da História, embora ‘na’ cronologia histórica). Tudo isso apenas gerará pano para manga enquanto coserem-se hábitos, surgirem panos com manchas misteriosas para movimentar discussões vãs e enquanto átomos não puderem ser fotografados.

Um exemplo de por que não há novas religiões a partir da modernidade, nem pode haver: Napoleão Bonaparte gerou partidários, admiradores e fanáticos, mas não uma religião. Quem sabe em outro milênio uma figura tornada finalmente mitológica chamada Napoleão, de quem pouco se sabe de concreto, venha a inspirar um novo credo transcendental, o Napoleonismo! Não, porém, enquanto houver uma foto de Napoleão ou o sentido de fotografia não recair novamente no mitológico (esquecimento da técnica fotográfica, tratamento da evidência da imagem como produção sobrenatural). Insisto sobre o sentido de ‘fotografia’ como ícone moderno da palavra chamada ‘prova’ e do método científico, consistente em ‘provar uma série de fenômenos’, visto que pretendo voltar ao assunto no próximo subtítulo.

Mas isso – a divinização no sentido autêntico de Napoleão – seria impossível para a França que tanto sabe sobre ele, para o Ocidente inteiro agora, historiograficamente informado sobre o indivíduo Napoleão Bonaparte, objeto de inúmeros tratados políticos e biografias científicas. O pior tirano imaginável sobre a Terra não poderia fundar uma religião à força e ser bem-sucedido; mas uma miríade infinita de tiranos de esquina poderia se perpetuar no poder firmemente falando em nome do deus estabelecido – o que evidencia a diferença infinita entre a esfera do transcendente (Brahman) e o poder terrenal (mundo de César). De fato, o Ocidente se tornou tão desconfiado que a própria noção de Deus em sua cultura vive no fio da navalha, e seguirá se complicando cada vez mais, enquanto o Ocidente for Ocidente, e não uma cultura nova e reoxigenada, alimentada pelo intercâmbio cultural com o Oriente, o único lugar do universo que hoje pode ressuscitar o sagrado da outra metade do globo mortificada e anestesiada, mundanizada.

Aplicação do anteriormente estabelecido às contradições da ciência pós-moderna (reino da não-filosofia)

…enquanto átomos não puderem ser fotogrados”: retomaremos este trecho como um exemplo prosaico da transcendentalidade de todo o mundano fora do próprio tema religioso: é fisicamente impossível, e isto foi declarado pela própria Física, que o principal objeto de estudo da ciência chamada Física seja fotografado, ou, de forma ainda mais astuciosa podemos dizer, no lugar de fotografado: comprovado (requisito mínimo da cientificização de um conhecimento, qualquer que seja ele). Este fracasso é a razão precípua de dizermos que “as ciências exatas estão em crise”, e de essa crise ser administrada – e sem dúvida ao longo de muitos séculos ainda por vir continuará sendo administrada, o que significa “adiada”, ou “não-resolvida” – desde há não muito tempo pelo inteligente expediente da troca da denominação “exatas” por “naturais”, o que certamente dissipa ao menos parcialmente o constrangimento, o escândalo e a sangria mais explícitos que ocorreriam, tendo em vista a denominação antiga (o que é exato pode ser totalmente definido, sem lacunas), caso contrastassem diariamente o termo exato ou hard com a patente inexatidão atual do conhecimento técnico Esta inexatidão não decorre de erro ou incompetência. Este “fracasso” não é, do ângulo científico, um fracasso: ele é conseqüência natural e direta do grande sucesso da aplicação do método científico por um par de séculos. A inexatidão das ciências naturais é conseqüência inevitável de seu enorme e vertiginoso progresso.

Nos tempos áureos da ciência moderna a “tradutibilidade” dos conhecimentos tecnológicos era ampla. Todo o conteúdo das ciências clássicas está bem-explicado em livros-textos escolares atuais. Porém, os novos conhecimentos derivados do método científico em crise, no que chamo de decadência da ciência moderna ou sua fase pós-moderna, não são comunicáveis ao grande público com a mesma facilidade, pois os dados não são mais o que costumavam ser, e é preciso refundar o conceito de lógica (hoje tributário de Aristóteles, i.e., lógica formal, mas não a única lógica passível de existir) para acomodar resultados de observações e experimentos, vd. física quântica. E é exatamente por isso que as pessoas leigas ficam cada vez mais insatisfeitas com os resultados divulgados como conquistas das ciências, e que cientistas não dão entrevistas em grandes jornais, porque há uma longa cadeia de pessoas que precisa processar e filtrar a informação emanada pelas maiores autoridades em determinado assunto, reformatando a informação para que ela seja recebida pelo grande público em palavras – finalmente para ele – compreensíveis. Talvez os últimos eventos a capitalizarem grande parte da atenção mundial (sem necessidade de conhecimento técnico sobre fabricação de foguetes ou as propriedades dos átomos instáveis usados em bombas nucleares, seja por parte dos jornalistas e comunicadores ou do cidadão comum) tenham sido a criação da bomba atômica e a aterrissagem do homem na Lua.

A quem se pergunta, “compreensíveis” acima significa, no sentido mais sincero possível, que, na verdade, nada de significativo está sendo dito ou veiculado, e talvez devêssemos agradecer por isso, se pensarmos exclusivamente na preservação de nossa saúde mental em uma sociedade tão complexa, e se desprezarmos o outro lado da questão e que é a pior parte de tudo isso, ou seja, que evidências socialmente verificáveis não cessam de indicar que um público necessariamente cada dia mais ignorante passará a exibir comportamentos negacionistas de manada mais e mais aleatórios, ridículos e perigosos – sem que se conheça por ora o limite macabro desta “torção cognitivo-coletiva” –, recusando-se um grande número de indivíduos, por exemplo, para nos restringirmos à época atual e não sucumbirmos à tristeza tentando prever o que virá a seguir, a tomar vacinas que facilmente previnem doenças graves e que são muito transmissíveis, a ponto de que os próprios cientistas de “médio escalão” poderão estar mais e mais sujeitos a esta mesma lei (da involução cognitiva pari passu à evolução do compartimento das ciências em múltiplos e pequeníssimos nichos mais e mais “intraduzíveis” ao cidadão comum), havendo alguns que, não por charlatanismo nem qualquer intenção de ganho pessoal, repercutem os mesmos discursos de manada, genuinamente convencidos por ele, até que num dia não muito distante os físicos, biomédicos e bacteriologistas mais especializados em seus sub-sub-sub-ramos (previsão:) venham a se encontrar mais isolados de qualquer contato humano que K., o agrimensor do livro O Castelo, ponto em que já não haverá possibilidade de retorno (fratura do campo científico como jamais se viu, mesmo durante a sofrida transição da opulenta Idade Antiga para a fervilhante Idade Moderna). Corre-se o risco do turismo espacial se tornar realidade simultaneamente a quebras de recordes para a resposta ‘sim’ em enquetes como “você acredita que vive num mundo que tem o formato de um tabuleiro?” (obviamente que até lá a palavra usada não será tabuleiro, pois esse termo tão complicado terá caído em desuso), e o risco conseqüente de que esse contraste absurdo nada cause em termos de convívio social, pois cidadãos dos espectros mais afastados coexistirão harmoniosamente dentro de suas culturas e subculturas (cada qual enterrado e cem por cento esterilizado em sua própria bolha inexpugnável, chamando tudo o mais de falso e conspiratório, já incapaz, porém, de se incomodar de verdade com isso, apenas reproduzindo comportamentos automáticos como dizer no elevador que “parece que vai chover” ao negar a eficácia de vacinas). Essa situação não mudará caso estejamos falando de colegas de trabalho, roommates ou parentes próximos ou ainda marido e mulher situados em campos extremos e opostos (imagine o casal: um é funcionário de agência espacial e outra uma atleta que vem se preparando para a expedição de exploração das cachoeiras infinitas das bordas do tabuleiro terrestre).

Recuando um pouco, tudo isso é a razão precípua, ainda, da filosofia ser a mãe de todas as ciências mas de forma nenhuma nem sequer uma meia-ciência (ou seja, um título honorífico), porque ela fala do transcendental, que o mundo moderno aprendeu a considerar não só inecessário como até mesmo inexistente ou indesejável caso existisse, em vez de vital. Dada a própria natureza indeterminável do objeto teórico ‘átomo’, vulgar “menor partícula da matéria”, que na verdade nem é matéria, podemos dizer que toda a decadência do saber transcendental no Ocidente é, ironicamente, uma questão de lógica da mais rapace ou degradada.

Por outro lado, que se pense na implicação do átomo como partícula dual é já um sintoma de que mundo das aparências (a matéria, o real, o perceptível) e a verdade invisível que rege sobre ele (ser duas coisas ao mesmo tempo, cientificamente validado) estão se aproximando, e não se afastando inequivocamente. Somos matéria; somos átomos, sem dúvida. O átomo é um (excelente) modelo, não pode ser provado, significando que nós mesmos, que sabemos que existimos enquanto aparência, átomos que somos, pressentimos que somos, embora também átomo e matéria, algo mais, que não conseguimos definir com palavras, i.e., opera-se uma crescente necessidade de revitalização do transcendental, muito lenta e imperceptível para os desatentos, mas cujo mecanismo é similar ao desenvolvimento da Filosofia Continental e à doutrina contida nos Vedas-Upanishads.

Trocando em miúdos, em uma sociedade em que todos andam com uma câmera no bolso, capaz de registrar “coisas” instantaneamente, a fim de convencer os ausentes de coisas improváveis (via sentidos), desconfiamos da própria realidade dos entes, da própria acepção das palavras prova, coisa e fotografia. Duvidamos do que está aí, presente, e por uma questão até de sobrevivência cada indivíduo-coisa se vê, embora não veja (a realidade imaterial), obrigado a perguntar por sua própria essência e considerar o que não está aí para nenhum dos cinco sentidos, procurando um sentido metafísico para sua existência e presença, um caminho que seja, diferente do caminho das coisas (método científico, experimental ou positivista, o caminho não-filosófico ou irreligioso e o modo completamente mundano da existência).

Conclusão da tese: hinduísmo e filosofia continental como duas versões da Verdade revelada

E no entanto, a despeito da superioridade metafísica do hinduísmo, percebida tautologicamente apenas pelos próprios adeptos do hinduísmo, o mundo segue seu curso histórico sem nenhuma modificação fundamental até agora quanto à dimensão de alcance e prevalência das grandes religiões. A despeito da fraude autodemonstrada da religião cristã, a humanidade está e é livre para ter sacerdotes. Se no Oriente, por hipótese, o povo viesse a desejar de forma inédita o sacerdócio em nossos moldes, haveria o sacerdócio! Haveria a hipocrisia, e, aliás, há a hipocrisia entre “hindus” como há dentro de qualquer outro credo (e como os outros credos apresentam seus Platões, brâmanes inconscientes, i.,e., os praticantes honestos).

O que se pode afirmar, percorrendo a História, entretanto, é que o hinduísmo prevalece internamente imutável – sem necessidade de um movimento ou clamor popular por uma reforma nas práticas e nos escritos das Vedas –, uma vez que como ele é e como ele está, ele conduz à Idéia, à Verdade, a Brahman. Já os pressupostos das religiões monoteístas que conhecemos não resistem a uma análise bramânica ou filosófica pós-moderna, i.e., o próprio Ocidente veio a negar sua religião (suas religiões) em tempos relativamente recentes. No Oriente, semelhante acontecimento ‘mundano’ não teve lugar. Nele, filosofia e religião são Um só. Entre nós verificamos dolorosamente o contrário, e a dor é mútua e equivalente: a dos Escolásticos (quando a religião se dizia a própria filosofia, hoje extintos) e a dos sábios laicos, em voga, momento definidor em que a filosofia emancipou-se e após caminhar certo tempo com as próprias pernas descobriu sobre a calamidade da morte de Deus – Nietzsche em Gaia-Ciência – e sobre a inevitabilidade do transcendental da condição humanaO Mundo como Vontade & Representação, Assim Falou Zaratustra, o Ser e Tempo de Heidegger, etc. –, logo, tragicamente, no momento em que via essa mesma transcendentalidade escorrer pelo ralo – cenário este que, a filosofia pós-moderna o sabe, inviabiliza a própria continuidade da filosofia e, destarte, da vida.

Esse texto foi um re-trabalho das anotações feitas durante a leitura do livro indicado no primeiro parágrafo, Rangaswami, The Roots of Vedantha, e a síntese e principais aspas desta obra serão publicados posteriormente no Seclusão.

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