[ARQUIVO] PIAMENTA

Originalmente publicado em 10 de janeiro de 2010.

(…)

Tinha alguma coisa além de cabelo caindo, saindo… Alguma substância, alguma nojeira… Coisas amarelas, líquidos preto e verde… e a torneira aberta, e aquilo se acumulando, entupindo a pia. Talvez até bosta tivesse ali, a água estava realmente abjeta. Houve um momento em que o nível d’água na bancada da torneira estava acima da própria pia, de modo que deveria a água cair em direção ao chão ou então estar acumulada desde o chão do cômodo e já batendo no meu peito, como se fôra uma piscina, no entanto não era o que provocava a minha repulsa – meus membros estavam dormentes. Engraçado, eu olhei ao redor e achei que aquela água estava desrespeitando as leis da física!

(…) eu comia pão com alguma outra coisa apimentada. Mas nunca conseguia colocar pimenta o bastante. Ao meu lado, um amigo de certa ocasião em que virei sem querer o vidro de pimenta sobre uma pobre lingüiça contava esse cômico caso a outra pessoa, um estranho qualquer. Ambos riam, gargalhavam, eu também estava de bom humor e ria junto, porém sentia que ambos não se davam conta de minha presença, eu estava ausente do recinto. Manuseei de novo o vidro, tentei virar seu conteúdo sobre minha mão. Só caíram duas ou três gotículas. Lambi-as.

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