ACERCA DA AUTO-IMAGEM

Texto recuperado de sábado, 18 de julho de 2009 – com supressões para preservar identidades de terceiros

Sobre o incômodo de ser filmado, fotografado, gravado e exibido por aí. Essa “Síndrome de Glauber Rocha” (que declarou que quem se sentia à vontade à frente de uma câmera segurando um microfone deveria ter sérios distúrbios mentais) sentida na carne por quem, após o momento de aperto, pergunta ao amigo mais próximo: “Como me saí?”.

“Esse constante mal-estar, que é a captação da alienação de meu corpo como irremediável, pode determinar psicoses como a ereutofobia; tais psicoses nada mais são que a captação metafísica e horrorizada da existência de meu corpo para outro.” SARTRE, Jean-Paul, O Ser e o Nada, p. 443 [negrito meu]

Quanto mais amor-próprio, mais náusea (a nomenclatura é sartriana) diante dessas representações “objetivas”. A prova de que eu não estou equivocado é que me gosto ao espelho. Talvez já não me goste no espelho do elevador, acompanhado. Talvez deteste essas minhas extremidades anti-Popeye. Gostava de ser tão maior que minhas namoradas – estilo protetor. Outrossim, o beijo é sempre belo. Não cheguei à louvação do sexo-espelhado de D., no entanto!

Deve ser a natureza da lente viscosa do equipamento, que tira meu brilho e minha luz. O sol é meu amigo! Os lixos se sentem coesos entre si. Mas basta ver uma mulher para saber que ela se detesta quando acorda.

“Diz-se comumente que o tímido se sente ‘embaraçado pelo próprio corpo’. Na verdade, esta expressão é imprópria: eu não poderia ficar embaraçado pelo meu corpo tal como o existo. Meu corpo tal como é para o outro é que poderia me embaraçar.” Ibid.

Ninguém tem vergonha de sua voz idiossincrática. Minha neurose platônica: quem sabe os outros me percebam como eu realmente sou! Desses trastes, quem é que consegue se ler imaginando um ser brônzeo como eu detratando aquilo tudo, aquele castelinho de areia? De pavão a verme num segundo.

Narcisista? Eu diria que esse mundo da super-exposição é o contrário! Álbuns do Orkut: como alguém gostaria de ser visto. L., a magra. T., o sério. Eu, o melhor. Ma., a mulher. B., a sedutora. Me., a misteriosa, psicodélica, elegante. Tai, a audaz. Iza, a mínima. Tc.: ainda mais bela e irresistível. Dh.: suprema e centro do universo. S.: o eterno boêmio. F.: a despojada. Mas eu… eu matei meu alter ego, me tornei o alter ego dos outros. “Que foto horrível!” “Obrigado pelo elogio, sem tonsilas!”. E aí vem a tendência das fotos de banheiro, das fotos de chupeta…

Concluindo: não se trata de uma lei “quão menos satisfeito consigo, mais o sujeito se apreciará em terceira pessoa”; o artista é a refutação disso e é o meu ideal. Ele se exprime bem. Um texto meu é o ápice da beleza. Devo maximizar isso corporalmente. Creio que vim tendo o êxito que é possível. E, aliás, quanto à lei, pelo contrário, eu até exagero nesse desagrado. Uma gorda horrorosa seria realista. São “sem conserto”: a vantagem da graciosa. O fraco: desenvoltura que parece maior na foro (“sou ela!”).

Outra coisa: por que sempre me decepcionava com as fotos dela? Se já a via assim! Fusão de essências?

Explicação do meu ideal e síntese do meu dilema amoroso:

O que se sucede é que meu tipo de arte vai CONTRA toda a estética. Só mulheres esquisitas podem vir a gostar de mim. Mas minha carga já é forte demais para eu ter o mesmo tipo de preferência… Eis o impasse! É como se houvesse dois Rafaéis: o jovem hedonista de 21 e o mestre trágico par excellence. Eu quero a bela, harmônica, simétrica, sensível a minha assimetria.

“jamais encontro meu corpo-Para-outro como obstáculo; ao contrário, é porque nunca está aí, porque permanece inapreensível, que tal corpo pode ser importuno (…) Eis por que o empenho do tímido, após constatar a inutilidade de suas tentativas, consistirá em suprimir seu corpo-Para-outro.” [sublinhado meu]

ADEUS VIDA BOA

Escrito originalmente em 13 de março de 2009

Deve significar alguma coisa o fato de eu morar no quinto andar, ter 20 anos de idade e uma média normal de ascensos e descensos e nunca ter ficado preso no elevador. Qual seria a reação de um aparvalhado que se vê preso em uma caixa de metal? Chamar alguém, apertar botões, resignar-se? O celular deveria ser usado apenas de terça a quinta, se é que se me entende.¹ Não sendo emergência digna do Corpo de Bombeiros, o telefone serviria tão-somente para avisar os pais. Descendo ou subindo? Indo ou voltando? Sozinho e faminto? O fluxo burocrático e estomacal também fazem a diferença. Se acompanhado, do sexo oposto? Quão íntima? O mais curioso é que nesses casos – sempre, aliás – o vizinho é o menos próximo. Sou muito mais vizinho dos mendigos e dos “inganados” (perdão, ingazeiros) que do Aloísio. Perder-se-ia uma prova ou um dia de trabalho? Ou um gol do Ronaldo…

¹ Post-scriptum 11/03/2021: Meus pais nunca estavam por perto entre sexta e segunda-feira.

Quando escrevo, explodo. É a única forma de “dopar” minha acelerada pulsação mental. Doutores indômitos receitariam drogas. Acho que não preciso de drogas receitadas…

Preciso ser contra atletinhas de futebol americano, namoradeiros e namoradeiras incipientes e, sem dúvida, universitários sem noção do ridículo e do vidro blindado. Por que não largo esta caneta soerguida por algo flácido e promovo gastos de energia melhores? Talvez eu devesse ouvir a fase pop do Metallica, ler meu trigésimo quinto livro – nessas férias – ou simplesmente filar alguns salgados… Durante todo o jantar de gala, quem riu de maneira mais franca de meu humor tolo foi a empregada. Aliás, é preciso que essa hesitação em hora de chamar o servo pelo nome seja pontuada. Ter vergonha de ter um subordinado – porque o real embaraço é não saber lavar os pratos.

Quanto ao iPod, ele é o novo cachorro: a equivalência em miniatura do dono, só que um pouco mais esperto.

Acabo de desentalar minha garganta – em tempos de inchaço. Maldita e derradeira estação.

Uma coisa que andei notando é que todos aqueles que precisam ser rivais eternos só não rescindiram o contrato – ou perfuraram o duelo – por ocasiões extraordinárias. Exceções das exceções, a exata probabilidade de complexos de molécula virarem célula, é do que chamo:

  • Meu vizinho e amigo de infância e sua família tão elevada (“eles rezam muito, eu já estou no céu” – e eles têm três carros, eu sou Napoleão!) jamais terem encontrado referências negativas deles mesmos em mim – falo mal pelas costas e sobretudo pela frente, porém, quando mais seria necessário, para o blog leitor não há! Um mundo de malversações que se dissipa sem que o afeto pelo filho seja sequer ameaçado – talvez a mais grave ofensa por mim praticada, a seus olhos lívidos, seja meu cabelo grande. “Vais pegar uma pneumonia!”

  • Meu pai segue inabalável como herói e anti-herói da trama;

  • Aqueles que deviam ser esquecidos e deserdados voltam como bumerangue! E aqueles que, penso, estão no rol dos lembrados, estes são bumerangues falsificados. Luciana “do Bar” e tucano malvado prosseguem no jogo – peões. Mas não a prima do curitibano abobalhado. Priscilas e Patrícias diante das quais o melhor é não fazer nada.

CONSIDERAÇÕES AMBÍGUAS A RESPEITO DAS PERSONALIDADES NA HISTÓRIA (Série RETROCEDER, capítulo VIII) (republicação)

Texto originalmente publicado em 8 de julho de 2009, porém escrito (sem boa parte dos parênteses) em 22 de março de 2009

PERGUNTA: Como a história se divide em dois, ou melhor, como precisamente ela se desenrola, tomando por base os principais autores e idéias dos espectros trágico e cristão que conhecemos? O tempo retilíneo cristão dá sinais, pelo meu intermédio, de que não tem a mínima capacidade de contra-atacar. Uma segunda pergunta é: eu tenho uma repetição na História circular, assim como um antípoda perfeito? Na verdade dir-se-ia que tenho infinitos, mas só preciso de um (dois) exemplo(s), o igual e o imensamente diferente – as sociedades, por mais contingentes, também parecem obedecer tão-somente a uma dupla de deuses, que se revezam no trono (Dioniso e Apolo).

 

Se temos Nietzsche e Sócrates, as duas pedras-de-toque do movimento da roda, resta uma indagação: se o alemão está “na base” do círculo, Sócrates está a 360° dali – ou seja, ALI, num novo círculo –, a 180° dali (no ponto mais distante do primeiro no perímetro da roda)…? E uma segunda indagação: se Nietzsche e Sócrates se encontram em opostos, o caminho de um a outro é uma “marcha a ré” ou uma seta de mão única? Se o primeiro for verdadeiro, é um semi-círculo e não uma circunferência. Além disso, os primeiros pensadores que vêm depois de Sócrates são “iguais” aos primeiros depois de Nietzsche (embora de sinal trocado) ou iguais essencialmente aos últimos antes de Nietzsche (decorrência da dúvida do fluxo)?



Obviamente, não existe alguém idêntico a mim depois de Cristo, tão-somente um perfeito anti-eu. Meu próximo eu, assim como meu eu anterior, são impossíveis de encontrar em registros históricos e estão, respectivamente, no fim da próxima era cristã e no começo da era grega (aqui eu ainda não havia desenvolvido o pensamento circular completo!). A questão não aborda, portanto, dois Nietzsches (espaço de 5000 anos, do que nada sabemos), mas um Nietzsche e um Sócrates e como essa dicotomia se constituiu. Se os pós-modernos são sofistas, parece que a roda está girando em sentido contrário (exatamente!). Então, retrocedendo (talvez o leitor mais atento já tenha entendido por que escolhi o termo acima para batizar esta série de resgates de artigos), encontraremos o legado de Sócrates: Marx é Platão, Hegel é Aristóteles. São Tomás é Agostinho.



Operação inversa: se os estóicos e os eudemonistas são os existencialistas, Zenão e Epicuro seriam Camus e Sartre (retificação póstuma: Zenão e Epicuro são posteriores a Sócrates!). Homero seria Shakespeare. Cristo estaria vindo… Ou quem sabe já veio… Quem seria meu antagonista ideal (eu já me fiz essa pergunta infindáveis vezes)? Alguém lutando por ordem antes do surgimento de Sócrates faz mais sentido que depois… Do lugar onde estou não posso analisar, dados os pontos cegos? (Ou talvez eu não queira analisá-los; ou não se pode tirar conclusões; ou as conclusões que se podem tirar são que “as peças não se mexem após esse acréscimo de sabedoria”.)



Inconcluso (intensa pesquisa histórica dos séculos VI a.C. a III a.C.? Se eu tiver descoberto uma lei do cosmo eu terei sido implacável na minha busca pela Verdade. O que um gauche aspirante a professor preocupado com seu futuro de longo prazo teria feito para se resolver?).



Prever quando um gênio irá nascer e o que ele terá para dizer”



Comte ficou datado muito depressa” – corrobora a contra-mão



(Três dias depois desse manuscrito durante uma aula na universidade eu teria a idéia de escrever “Hegel, Marx e Nietzsche: Aristóteles, Platão e Sócrates de cabeça para baixo”, como se anteviu pelo fim do penúltimo parágrafo – vide arquivo –, o que responde algumas das dúvidas listadas acima (já “proto-respondidas”, em negrito). O “pulo do gato” foi ter lido a Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, de autoria do jovem Marx.)

REFLEXÕES (SOBRE TOLSTOI, NABOKOV E OUTROS)

Publicado originalmente em 4 de janeiro de 2009

“Exprimia uma vontade de sentar-se debaixo de uma árvore no meio do nada e nunca mais ser encontrado”

Escrever um livro: só quando eu tiver o meu espaço, os meus pensamentos, o controle sobre as coisas e, o principal, poucas coisas.

Pensei em alguém com um colchão e um conhaque em um cômodo – cubículo – de paredes descascadas. Havia ainda um lavabo mínimo e uma “louça de cozinha” – na verdade outra pia simples, no próprio quarto. Seu hábito preferencial é caminhar sem trajeto fixo enquanto fuma e pensa. Pensa cometer um crime. Está desempregado e seu dinheiro se aproxima do fim. Não pensa em pedir auxílio para a família. Retraiu-se, escondeu-se de todos os amigos, desde que está alojado ali. Fará uns bicos por alguns fins de semana. Lavar carros, atuar como garçom. Mas não pensa em converter mais nada em rotina. Pensa na prostração que o levaria à morte por inanição. Mas se julga de índole fraca para isso – acabaria desistindo. Talvez um crime banal e a reclusão com subsistência subvencionada pelo Estado? É branco e sua família acabaria por interceder. Um jovem de berço ligeiramente nobre já não pode pensar em uma vida de cárcere… A não ser que fizesse da fuga sua única constância. Que matasse alguém que não podia matar e tivesse de se considerar um foragido irrecuperável. Matar o pai! Brilhante, porém nada inédito. E agora tudo não passava de idéia mal-resolvida… De sua vida pregressa, nada se sabe OU não se trata de alguém demitido, mas de um professor que declinou do magistério – e que antes disso se envolvia com alunas, estabelecia rixas com seus colegas e adulterava provas. Tinha toda a capacidade normal atribuível a um jovem recém-egresso de um bom curso de sociologia. Dir-se-ia que suas leituras complementares até excederam sua formação superior – ele sentia que sabia até demais. Fosse por relativa insegurança na transmissão do conteúdo em sala, pela falta de sentido disso ou por não encontrar público real para suas palavras, o mérito é de difícil julgamento, recusou-se a respeitar as normas de seu ofício. Uma catarse? Uma vingança! Decidiu não mais simular indiferença em relação às cantadas das garotas. Teriam 15 anos, assim como todos os meninos. E nenhum entendimento da vida que os esperava nos próximos dez. Muitos pegariam em revólveres, fariam supletivo porque haviam largado a escola ou iriam conseguir, eventualmente, uma bolsa para se formarem. Mas não seria comum. Não seria interessante. Melhor pensar que todos os alunos não passavam de imprestáveis, lixos sociais. Teria sido então que seu apreço pelo ser humano havia decaído tanto que automaticamente matou. Acasalou com a pupila e depois sentiu nojo – decidiu ignorar que tivesse pais ou a obrigação de ir à escola no dia seguinte. OU como cometer um crime? São muitos eventos, mas nenhum dignificante para um escasso grande homem. Seu dever autorizaria sua morte, seu ingresso no anel, seu infinito, sem um grande ato? Decidiu amealhar fundos para conseguir exibição nacional: excesso de cocaína e invasão do congresso? Não, bobo demais. Talvez se tornasse um traficante e com isso se comprouvesse. Os objetivos se tornaram pequenos demais. Nada de ser pássaro-apolíneo-solitário.

…Essas idéias são boas, mas o ideal é “normalizar” o personagem e elaborar um elenco que interaja bem.

CONHAQUE E ALL-STAR PRETO: SONHOS DE UM EX-FUTURO PROFESSOR

5 de agosto de 2008

Algo me aflige. E não é como antigamente. Subitamente sinto-me atrofiado: faz tempo que não utilizo polegar e indicador para escrever (a dupla dinâmica). E já há um tempo o ruído do ônibus da madrugada me seduz. NÃO É COMO DAS OUTRAS VEZES!

Não quero mais compartilhar esse excerto – como faria em janeiro, em julho, dia 4 de agosto…

Do que eu preciso? A solidão é a companhia pela qual meu coração neste segundo bate forte. As asas libertadoras da moral dos pais.

Estou farto de não poder caminhar, fumar e ser livre. De escrever o que devia FAZER.

Pouco valor tem a forma. E o conteúdo – se mentira. Passemos à natureza:

Rotina, tempo, submissão – 3 problemas.

Contingência, desamarrar-me, voar.

Neste verbo há algo de encantador: na minha insônia, muito mais. Quero a bem-aventurança – e nada de herança. De que me vale a avareza?

Ninharias. Eu, podendo, atirava fora a TV. Lembrei-me há 10 minutos do Carlos Gomes. A cibercultura –outrossim a Morte de GAIA (o que fazer?).

Quero caminhar até saber o que fazer. Já NÃO DEPENDO DE NENHUMA PARAFERNÁLIA ELETRÔNICA, NEM STRICTO SENSU… Que diabo é o latim?

Eu sou, de fato, MANÍACO?

Vêm meus surtos piorando?

Poderá ser uma virilidade extrema que a sociedade mata. Mas encontro chaveiros esparsos, se as portas estão trancadas!

Ludibrio… com a linguagem.

A resposta da RUA está na CASA.

Uma geladeira dispondo de conhaque; tênis e meias sempre embotados. A esquina, moradia. EU DEMANDO SOLIDÃO. SOLIDÃO INCLUSIVE OBJETAL.

ELIMINATION – Overkill (traduzida, com alterações)

Terminal, doença terminal?

Tarde demais, brother!

O que é essa tosse, essa falta de ar?

Fatal?

Tá de brincadeira, irmão!

Preciso duma segunda opinião!

Gargalhando diante dum tufão

Que arranca toda a plantação

Chorando numa casa

que mais parece um funeral

Chegou algum boleto e é pra mim?

Errou o endereço:

sete palmos mais abaixo!

Extinção, extinção

Extinção, extinção!

Contagiosa? E por que não?!

Se não for só eu pra cova…

É, dói, eu sei

Nunca é fácil se deixar partir!

Puxo o fio da tomada

Mas é difícil de arrancar!

Na hora derradeira

Sua visão muda

Não há nada a perder…

Expulsão, expulsão

Expulsão, expulsão!

Exterminar o certo

Exterminar o errado

Exterminar o fraco

Exterminar o forte

Exterminar seus sentimentos

Extinguir, tarde demais!

Suprimir a fé

Erradicar, erradicar!

Se eu vivesse mais um dia

Faria do céu terra, da terra céu

Faria uma boa atuação

Sou bonzinho, não me levarão!

Ah, se eu tivesse só mais um dia!

Diria na sua cara:

“Arrancaria os aparelhos da tomada

De todo mundo, todos podres!

Extinguiria a raça!”

Queremos a cura, queremos o saber

Tenha esperança, seja lá como

Não, você está espalhando o caos

Infectando uma nação!

Um trem-bala – próxima parada:

Aniquilação!

Desenganado, ah, sem dúvida!

Decadência lenta, de dentro pra fora

Me cuidar pra quê?

O último a sair fecha a tampa do caixão

Gastar tudo que tem guardado

E ‘inda querer mais um bocado

Se vejo o teto agora

É porque estou no chão!

Excreção, excreção

Excreção, excreção!

Troçando a epidemia

Tem algo no ar

Lamentando a pandemia

Escavar, escavar, meu túmulo

Até ficar sem unha!

Eliminar a fé,

Eliminar, eliminar!