[ARQUIVO] AFORISMOS RUBROS

De setembro a novembro de 2009.

Às vezes remexemos teias de aranha e papeladas amarelentas, pastas e armários empoeirados, para encontrar uma coisa – no meio da busca os resultados já são tão admiráveis que nem lembramos se o objetivo original já foi contemplado…

Eu sou o cúmulo do ocioso. Eu, eu estou aqui para nada, esse é meu fado. Quando até para filosofar é preciso ter técnica…

O que você tem contra os beberrões, a Amy Winehouse, o atleta, o cientista? Se eles são chamas que queimam como querem!

Meu encanto por alguém como Schuldiner vem de eu ter 21 anos e me sentir em perigo. Minha não-fascinação por Niemeyer e pelo “em fim de carreira” se explica pelo cômodo vizinho ser escuso e eu não encontrar interruptor.

Em mel há moscas! Pior ainda se o açúcar não consegue transbordar…

Me sinto como EricAlex de Elefante: capaz de metralhar um refeitório inteiro só para comer descansado e ouvir os pássaros. Que tal limpar esta quadra? Ou as concessionárias.

ELOGIO DE LA ANCIANIDAD O DEL ARTE DE CONSERVARSE BUENO (Epístolas morales a Lucilio) – Séneca, trad. Jaime Bofill. Folio ed., 2007 (Colección Grandes Ideas).

Anotações e transcrições feitas entre 15/07/2016 e 19/10/2016. Da Ciudad de México e Brasília.

Elogio de la Ancianidad corresponde a los cap. I-III de Cartas Morales a Lucilio (tomo I)”

* * *

Como que uma autojustificação oportuna desse meu AquiAgora: “Créeme Lucilio, resérvate para ti mismo y el tempo que hasta hoy te han estado tomando, te han estado robando o que te ha huido, recógelo y aprovéchalo.”

trabalho vaidades doenças trânsito maquiagem

a maior parte da vida a passamos entregados ao mal; outra parte, e não minguada, sem fazer nada, e toda a vida fazendo o que não devêramos fazer.”

Quem sabe um dia chega o hoje.

deixa só eu pagar esse bolsista

perder esta conta

ser um herói-dos-outros e não de-mim-mesmo!

CAPESlocksista o CANTO MACROSCÓPICO DO MICROCHIP.

Toda a porção de nossa vida que fica para trás de nós pertence ao domínio da morte.”

Frankenstein esculpidor de relógios.

Quiçá perguntes-me que faço eu que ando repartindo conselhos.”

radiopejorativo

Los hippies imbéciles; no tienen un cuerpo

Mesmero sempre o mesmo

peso sempre um peso desconto %

a raiva do caixa longe dólar perto rima com inferno

aperto 1 desperto 2 A.M.

O Wikipedianesco pé-dantesco

Às vezes algumas culturas não sentem o mau hálito

não há nem B nem sê

A uruca de Pachuca

Os bem-intencionados e suas risadas pouco produtivas

O EternO DesobedIente nO Vácuo Preenchido pelo Frio desta época

quando eu era mais burro eu era mais (inteli)gente

meu amigo dick cionário

por lo tanto, ergo sum

para lo poco, no sé aun

bajo doom barroom

3,14URO mais de 10 reais menos de 9 Stephen Hawkings

a cura épica do anti-estróina boina &u,Demonista e Irene

Já passou o tempo contado dos reis

eu não tenho nenhuma vaca, sou um pobre

nada que ver con viejos, ahn?

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não andas vagando e não te empenhas em mudar de lugar. Estas mutações são de alma enferma.”

quem se afana se rouba, roubado não é achado então é desesperado, não-aguardado, não-guardado, muito exposto às vicissitudes. Quem não espera sempre se(ba)lança.

muito af8 muito assí2 mucho ha sido ácido com amigos

esta é a base do sentimentir

Atenção, porém, para que esta leitura de muitos volumes e muitos autores não tenha algo de caprichoso e inconstante. Precisas se demorar em certas mentalidades, e nutrir-se delas, se queres alcançar proveito que possa permanecer assentado em tua alma. Quem está em todo lugar não está em parte alguma.

não é assimilado pelo corpo o alimento que se vomita logo que penetra no estômago. Nada tão nocivo à saúde quanto sempre trocar os remédios.”

S

EL

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ILA D

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IDADE

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Fumar não é o Rubinho mas desacelera…

basta que tenhas o que podes ler” So, so!

Lês sempre autores consagrados, e se alguma vez te vier a vontade de te distraíres em outro, volta aos primeiros.”

depois de ter percorrido um sem-número de pensamentos, escolhe um a fim de comandá-lo aquele dia.”

THE GAME IS ON: ETERNAL RECURRENCE OF THE MOST TRAGIC UNCONSCIOUS

Spock, a Cerveja Universal

Observa-me do passado ou eu te devoro.

Perfeições virtuais letra&jogabilidade redondas como um homo-e-lette.

Te pone un desafio hermoso, vamos muchacho

Amar la gente judía y mercadera, por ejemplo.

Usar a camisa da Argentina na Avenida Paulista – level Hard.

Aquele familiar imbecil que pode te parar, o Tio T. TILT

oh mon lit(etature)

A ARTE DE TUITAR FORA DA INTERNET

piupiupiu purple-urina

o fan roda o ídolo age culposo.

afiliação ao partido da aflição

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encontrei em Epicuro – já que costumo passar também para os campos inimigos, não como desertor, mas como explorador –” Richinhas d’época.

Se tens alguém por amigo e nele não confias tanto como em ti mesmo, te equivocas gravemente e não alcanças o conhecimento necessário da força da verdadeira amizade.”

o [recomendável] preceito de Teofrasto”: só julgar depois de amar, e amar depois de julgar também.

alguns ensinaram a enganar temendo ser enganados e com suas suspeitas acabam por dar azo à infidelidade.”

(I) Alguns contam ao primeiro que encontrarem aquilo que só a um amigo se deve confiar, e descarregam sobre qualquer amigo o que puderem fisgar de seus âmagos; (II) outros, pelo contrário, afogariam qualquer segredo em si, desconfiados até da própria sombra.” “ambas são posturas viciosas: tanto confiar em todo mundo quanto não confiar em ninguém, ainda que eu diga que a primeira é algo mais nobre e a segunda mais segura.”

Sempre que eu esvazio o copo, encho de novo. Punição grega?

Alguns se refugiam de tal maneira em rincões sombrios que têm por turvo tudo o que está à luz.” Pompônio

Enfim, na 4ª carta, a revelação de que Lucílio é um velho, como Sêneca: “temos o autoritarismo dos anciãos e os defeitos dos rapazes, e não só dos rapazes, mas até dos meninos: aqueles se assustam com coisas leves; estes, com coisas falsas; nós, com umas e com outras.”

A maioria flutua miseravelmente entre o temor da morte e os tormentos da vida, sem querer viver nem saber morrer.”

e de coisa alguma é tão fácil sofrer a perda como daquela que, uma vez perdida não pode ser recuperada.”

Vinde a MIM Muriçocas in Mexico

Não confie na calma de hoje: o mar se revira e engole os navios no mesmo lugar em que eles tinham folgado naquela mesma manhã.”

todo aquele que menospreza sua vida é senhor da tua. Lembra-te dos exemplos daqueles que foram mortos em insídias domésticas…” A insígnia da insigne insídia.

Por que te enganas a ti mesmo e não te dás conta até agora do perigo que sempre estiveste correndo? Eu te digo que desde que nasceste caminhas para a morte.”

Através daquela janela tá faltando ele, e a saudade da queda tá doendo em mim…

Para nos livrarmos da fome e da sede não precisamos andar assediando o umbral do poderoso, não é mister suportar grandes desdéns, nem desonrosas proteções, nem se aventurar pelos mares, nem matraquear por aí. O que a Natureza reclama é acessível e fácil de achar.” Este (dito!) aqui envelheceu um tanto…

P. 18: “Foge do rústico desasseio, dos cabelos em desordem, da barba mal-cuidada, de declarar teu ódio às jóias, de fazer-te a cama no chão, e de qualquer outra coisa que persiga o prestígio por falsos caminhos” ?!

O filósofo como o babaca que se importa demais com o juízo alheio: “Qué acontecería si comenzásemos a separarnos de las usanzas corrientes en los hombres? Bien que sea distinto nuestro interior, pero nuestro exterior tiene que mostrarse concorde con el del pueblo. Que no sea manchada nuestra toga, pero que no resplandezca; no debemos poseer platería incrustada con cinceladas de oro macizo, aunque no debemos tener por cierto indicio de frugalidad la carencia de oro y plata.”

O ponto que torna Sêneca e eu irreconciliáveis: “A filosofia exige frugalidade, mas não castigo.” Quem é você para dizer isso, seu Aloísio de Outros Tempos?

he encontrado en nuestro Hecatón que el fin de los deseos significa igualmente el fin de los temores.” Y de la vida.

Viajamos já querendo estar de volta.

o temor segue à esperança. Não me maravilha que seja deste modo, já que ambos são próprios a uma alma carente de resolução, angustiada ante o porvir.”

As feras fogem dos perigos que vêem, e quando já fugiram estão tranquilas: nós nos atormentamos pelo futuro e pelo passado.” “Não há ninguém que seja desgraçado só pelas coisas presentes.”

O próprio fato de enxergar os próprios defeitos, antes ignorados, já é uma amostra de que a alma melhorou.”

e me gozo aprendendo para poder logo ensinar.”

Hecato de Rodes: <Me perguntas que progresso realizei? Comecei a ser amigo de mim mesmo.>

pronto te confessarei minha fraqueza: nunca da turba volto com o mesmo temperamento com o que a ela havia acudido.”

Mas nada existe de tão prejudicial aos bons costumes que o comparecimento a espetáculos, já que aí, por meio dos prazeres, os vícios penetram mais facilmente em nós.”

agora já não são jogos, antes verdadeiros homicídios”

Pela manhã os homens são colocados ante ossos e leões; ao meio-dia, ante os espectadores.”

O espetáculo é interrompido: <Enquanto isso, para não ficarmos sem fazer nada, que afoguem homens.>

Guarda-te que a vanglória de fazer notório o teu talento não te decida a te apresentares ante o público a fim de ler ou dissertar; coisa que te deixaria fazer se pudesses oferecer uma mercadoria adequada a esta gente, nas ninguém pode entender-te. Talvez só poderás ganhar um ou dois, e terás que formá-los para que te entendam.”

CONSELHO SAÍDO DO FORNO: Age como se sempre fôra este o teu último ano na CAPES. E, como foi no Gisno, tu só queres uma coisa: fechar com chave de ouro. Ah, sim, claro: teus nervos têm limite, não te forces tanto! não-professor e não-efetivo… muita coisa ainda pode mudar na sua esquematizada existência…

Quando não estou pesado, os outros estão, então que diferença faz? Eu nunca terei essa ataraxia cotidiana típica do advogado boêmio e bom filho e namorado Miguel Jesús Rodriguez, então só posso tentar ajeitar meu pé para não ser arrancado pela próxima mina – meu trabalho e meu ócio são ambos batalhas campais. Aqui, em Fortaleza, Rio, Brasília, França ou Belém, estaria sempre igual… No hiatus!

Poderia escrever um livro sobre como conviver com cada um: Pablo, João, Ione, Graça, Davi, Renato, Diogo, crente 1, crente 2, moralista 3, porra-louca 4… D.E. Deixa estar. Ou Deus explodiu, escapou, evadiu? Com quem mais tenho que conviver: médicos, farmacêuticos, ar condicionados, anti-tabagistas, revistas de corredores de elite, Bolsonaros marombados… Conselheiros que dirão: “nossa, como seu último texto está reclamão!”… Laughing and coughing and sleeping… let’s see how life fucks me within my own superiority dreams…

Assinado O Homem de um Leitor Só

Sou dolente

Saiba que o homem tão a coberto se acha sob palha como sob o ouro.”

É necessário servir à filosofia se queremos alcançar nossa verdadeira liberdade. Não será retardado por ela quem se submeta em doação total, será liberado sem tardança, já que o próprio servir à filosofia significa ser livre.”

o sábio não sente necessidade de nada, mas lhe fazem falta muitas coisas; enquanto que o néscio, ao contrário, não sente necessidade de nada, afinal não sabe servir-se de coisa nenhuma, mas lhe fazem falta todas as coisas.”

Crisipo

Se uma enfermidade, ou um inimigo, lhe corta uma mão; se um azar lhe arranca um olho, ou dois olhos, sentir-se-á satisfeito com os membros que lhe fiquem, e com um corpo amputado e diminuído se sentirá tão gozoso como havia se sentido com um corpo íntegro; mas os membros pelos quais não suspira que lhe faltam, preferiria, em verdade, que não lhe faltassem.”

sofre pacientemente a perda do amigo. O sábio, em verdade, jamais carecerá de amigo, já que tem em seu poder o podê-lo substituir.”

Em nossos filhos rende maiores frutos a adolescência, mas possui mais encantos a infância.”

O sábio basta a si mesmo para viver feliz, mas não para sobreviver.”

por muito que se baste a si mesmo, deseja ter um amigo, um vizinho, um camarada.”

Gera grande prazer não só o costume de uma amizade antiga e firme, como também o começo e a aquisição de outra nova.”

Qual será a vida do sábio se, falto de amigos, se encontra sozinho em uma nação estrangeira? Fica em companhia de si mesmo.”

Toda nescidade sofre do fastio de si mesma.”

o amor pode ser definido como uma amizade enlouquecida”

Para o artista, é mais doce pintar que haver pintado” Atalo

Com o escrever parece ser o exato contrário…

É coisa de outros quanto possam obter teus desejos”

Não é teu o que fez teu a fortuna” Lucílio

<Não pode ser venturoso quem não crê sê-lo.> Epicuro

Que te importa qual seja em realidade tua situação, se a ti te parece má?” Solução: apenas te creias venturoso.

por que transmito tão belas palavras de Epicuro com preferência às dos nossos? Mas por que razão crês que estas frases são de Epicuro e não de domínio público? Quantos poetas não disseram coisas que deveriam ter sido ditas pelos filósofos? Não me referirei aos trágicos nem a nossos dramas, uma vez que estes últimos importam alguma gravidade e ocupam um lugar intermediário entre as comédias e as tragédias. Quantos versos eloqüentíssimos dormem em nós mesmos! Quantas palavras mais dignas de ser declamadas com coturno que de pés descalços!”

Caída sua pátria, perdidos os olhos e a esposa, tendo escapado dos apuros com vida só ele, e apesar de tudo contente, do incêndio generalizado, Estilbão foi perguntado por Demétrio, aquele a quem chamaram Poliorcetes, devido ao número de cidades que destruiu, se havia perdido algo [Ou: Necessitas algo? – O imperador a Diógenes O Cínico]; e o filósofo contestou: Todos os meus bens estão em mim.”

Enquanto o homem buscar uma parte dele fora de si mesmo, cairá sob a escravidão da fortuna.”

a amizade tem para nós uma doçura inata.”

Já que nenhuma sabedoria pode apagar nossas imperfeições naturais, o que aparece congenitamente inscrito em nós, a arte pode suavizar, mas não extirpar. Alguns, e mesmo dentre os mais firmes, não podem comparecer ante o povo sem suar; tal qual sói acontecer aos que estão fatigados e aos acalorados; a outros, do ponto em que tomam a palavra seus joelhos tremem; a outros, batem os dentes, trava-se-lhes a língua, não podem separar os lábios. Dessas coisas não nos podem proteger nem as lições nem a prática, pois nelas a Natureza nos revela seu império; elas se manifestam mesmo nos de ânimo mais resolvido. Entre elas devemos contar também o rubor, que se difunde pelo rosto até dos mais veneráveis varões. É certo que resulta mais perceptível nos jovens, que possuem mais calor natural e um rosto mais delicado.”

Certos dentre a massa nunca são tão temíveis senão quando ruborizam, como se com o rubor tivessem se livrado de toda a vergonha. Sila, quando o sangue lhe subia à cabeça, mostrava-se sempre mais violento. Ninguém, nesse sentido, foi mais impressionável que Pompeu, que nunca pôde ver-se ante vários sem ruborizar, especialmente numa assembléia. Recordo que Fabiano, introduzido no Senado como testemunha, ruborizou, e este rubor lhe caía admiravelmente. Ele não advém da timidez de caráter, mas da novidade da coisa, que aos não-acostumados, quando não os faz vacilar, comove-os se são a isso inclinados por compleição natural, pois enquanto alguns têm o sangue calmo, outros o têm excitável e movediço de forma que facilmente aflui ao rosto.”

Os atores, imitadores das paixões, que expressam o medo e o temor, que representam a tristeza, na hora de simular a vergonha acodem ao procedimento de baixar a cabeça, falar em voz baixa, fixar os olhos deprimidos no chão. Mas não podem fazer nascer o rubor, já que ele nem se evita nem se provoca.”

É mister escolher e ter sempre diante de nossos olhos algum homem virtuoso, a fim de viver como se nos vira e de olhar como se ele nos contemplasse.”

Epicuro

Mas quem? Pedro Jabur, Antonádia? Anti-exemplos (Gegenbeispiele): Aloísio, Thomas Edson, Igor, Bruce, Judeuzinho – o norte, sul, leste e oeste dos perdidos – Os 5 pecam por insipidez e excesso simultaneamente, seja em caráter político, moral, religioso, científico ou até mesmo artístico (ALERTAS VIVOS PARA MIM MESMO, AINDA QUE MUITOS DESTES, EM MEU COTIDIANO, JÁ ESTEJAM MORTOS).¹

¹ [Nota de 2022] Todos, agora, efetivamente. Mesmo de vista só corro o risco de me deparar com um, que não abre a boca nem para piar, entretanto.

Uma grande parte dos pecados se evitaria se os pecadores tivessem testemunhas.” (Davi)

Ó, tão feliz é aquele que nos faz melhorar, não só com sua presença, mas também com sua mera recordação!” “Quem de tal sorte possa venerar, de tal sorte será venerado. Escolhe Catão; mas se te parece muito rígido, fica com Lilio (?) [p. 41], varão de espírito benigno.”

(?) Provavelmente Lílio em Português. O mais célebre personagem histórico com este nome no Wikipédia é posterior a Sêneca, e não há desambiguação. É difícil encontrar qualquer informação sobre este Lílio na internet.

Nunca é tão valorosa a fruta como quando amadureceu; o maior encanto da infância está no seu fim”

O mais voluptuoso em todo prazer se guarda para o final.”

ninguém é tão velho que não possa aguardar mais um dia.”

a vida, o conjunto da qual consta de círculos, os menores encerrados nos maiores.” “eis aqui por que Heráclito, a quem por seu estilo se concedeu o apelido de ‘o Obscuro’, disse que ‘um dia se parece com todos’.”

A SABEDORIA É DE DOMÍNIO PÚBLICO, MAS NINGUÉM QUER “COMPRAR”: “Ora, que temos a ver com um estranho? Sinto como meu aquilo que for verdadeiro. Persisto em infiltrar-te idéias de Epicuro, a fim de que todos que juram seguir as palavras do mestre, sem atendê-las na verdade, mas somente pensando no nome do mestre, saibam que as grandes sentenças pertencem a todos.”

Más numerosas son, Lucilio, las cosas que nos asustan que las que verdaderamente nos atormentan, pues a menudo nos hace sufrir más la aprensión que la realidad.”

nós, os estóicos, andamos dizendo que todas aquelas coisas que nos arrancam gemidos e lamentos são leves e depreciáveis”

O que te recomendo é que não te faças desgraçado antes do tempo, já que talvez não cheguem nunca aqueles males que tiveste por iminentes”

Ou exageramos nossa dor, ou no-la forjamos, ou no0la antecipamos.”

Estou careca de saber que há quem ria debaixo de açoites e há quem gema por um simples bofetão.”

Outorga-me apenas que, cada vez que te rodeiem para te persuadir que és desgraçado, não faças tu caso do que escutas” Fora o Gardenismo! Tu não podes merecer o que nem os mais dignos que tu obtiveram! Essa é tua culpa!

Por que tem de compadecer-se de mim essa gente? Que é tanto que os faz tremer, que os faz temer até entrar em contato comigo, como se a tribulação fosse contagiosa? Há em minha tribulação algum mal, ou pode essa coisa ser mais mal-vista que má em si mesma? (…) quando minhas angústias têm um fundamento real ou são fantásticas? (…) ou nos atormentamos pelas coisas presentes, ou pelas futuras, ou por umas e por outras. (…) se teu corpo goza de liberdade e de saúde e não sentes o aguilhão de injúria alguma, veremos o que acontece amanhã, já que por hoje não sentimos nenhuma inquietude.”

nunca pomos em discussão as coisas que nos inspiram temor, não as submetemos a exame algum”

alarme falso” “os males quiméricos alarmam mais”

não existem temores tão perniciosos e irremediáveis como os terrores pânicos, já que os outros nos arrebatam a reflexão, mas os primeiros a própria razão.” Razão e reflexão para Sêneca:

DILEMA DO ANSIOSO: “Quantos males caíram sobre nós, sem que os aguardássemos! Quantos que eram esperados e jamais chegaram! E ainda que deva vir um mal, não vejo por que precisamos sair a seu encontro!”

Às vezes o espírito se forja imagens falsas; ou empresta o pior sentido a uma palavra duvidosa, ou converte em mais grave do que realmente era uma ofensa recebida, enquanto medita, não sobre a ira que dominava o ofensor, mas em até onde alcançava seu poder.”

Pondera, então, a esperança e o medo, e sempre que o resultado for duvidoso inclina-te ao mais favorável.”

a cicuta fez grande a Sócrates”

a fealdade que significa a prontidão dos homens em a cvada dia se erigirem novos fundamentos, em conceber a cada vez novas e inéditas esperanças, mesmo na hora da morte. (…) tu verás anciãos ainda dispostos à intriga política (…) Haveria algo mais vergonhoso que um ancião que começa a viver?”

É mister que nos comportemos, não como aquele que tem que viver para o corpo, mas como aquele que não pode viver sem o corpo. Um amor excessivo a este nos inquieta com temores, nos carrega de afãs, nos expõe a afrontas.”

os motivos de temor, os quais podem ser de 3 sortes: [orgulho ferido; saúde depredada; pança vazia]”

Os males naturais, a miséria e a doença, entram silenciosamente, sem nos infundir terror algum aos olhos e ouvidos; mas a outra calamidade mostra um aparato bem pomposo”

Imagina agora o pau que atravessa o homem, saindo-lhe pela boca, e os membros esquartejados por carros que arrancam em direções distintas, e aquela túnica impregnada e tecida de materiais inflamáveis (…) das coisas que subjugam e dominam nossas almas, as mais eficazes são as que chegam com maior espetáculo”

Quando foste à Sicília, cruzaste o mar. Um piloto temerário menosprezou as ameaças do Austro, o vento que alvoroça ou revolve o mar da Sicília, e no lugar de singrar até a margem esquerda, se dirigiu àquela na qual a vizinhança de Caribdis agita o mar. (…) aquela região tristemente famosa por seus abismos vorazes.”

Quando fugimos de algo, de fato o acusamos.”

ante o que anda desnudo de riquezas o bandido passa ao largo, e mesmo o caminho infestado de ladrões é tranqüilo para o pobre.”

é de se temer que o receio à inveja nos faça cair em menosprezo; que não querendo pisar, façamo-nos bons para sermos pisados.”

Que outra coisa fez Catão senão vociderar e lançar gritos inúteis quando, arrastado pelas mãos do povo, coberto de cusparadas, foi expulso do Fórum, ou quando foi conduzido do Senado à prisão?”

esta é de Epicuro, ou de Metrodoro, ou de qualquer outro daquela fornada. Que importa quem a disse?”

Já que é coisa néscia, querido Lucílio, e, no todo, bem pouco adequada a um homem instruído ocupar-se em exercitar os músculos e alargar o pescoço e reforçar o peito; por muita fortuna que possas ter na empresa de engordar-te, nunca poderás igualar as forças de um boi corpulento nem chegarás a ter seu peso.”

Primeiramente os exercícios, que pelo esforço que exigem esgotam o espírito e tornam-no inábil para a atenção e os estudos sérios; depois, uma alimentação abundante faz da inteligência obtusa.”

homens que repartem seu tempo entre o óleo e o vinho e têm o dia por bem-aplicado quando suaram o suficiente, e para reparar o líquido que desta forma perderam haviam ingerido, previamente, em jejum, muita bebida para que penetrasse no fundo. [???] Beber e suar constitui a vida dos que padecem de mal de coração. [?] Há exercícios breves e fáceis que cansam o corpo com presteza e nos economizam tempo, que é o que se precisa ter em conta: corridas, o movimento das mãos com algum peso, o salto, seja de altura, seja de extensão, seja aquele que podemos chamar <salio> [sacerdote de Marte] ou, menos decorosamente, <salto del fulón> [intraduzível]; adota de quaisquer destes exercícios um uso simples e fácil. Faça o que fizeres, volta logo do corpo à alma; exercita-a de dia e de noite; um trabalho modesto basta para alimentá-la. Nem o frio nem o calor, nem a velhice, podem te impedir este exercício; cultiva, pois então, esta riqueza que os anos vão melhorando. Não te peço que estejas sempre com a cara nos livros ou nas lutas; é mister dar à alma algum descanso que sem dissipá-la a distenda. O estar deitado tranqüiliza o corpo, mas não impede o estudo; permite ler, ditar, falar, escutar, coisas que nem o caminhar a pé nos impede.” Sentar mesmo é que é ruim.

não faltará quem te meça os passos e regule o movimento de tua boca ao comer, e chegarão tão longe quanto permitam sua paciência e tua credulidade.”

Quem disse essas palavras? O mesmo de antes.”

Que vida crês tu que é tida por néscia? (…) a nossa, a quem se algo pudesse satisfazer já estaria satisfeita.”

Quem vai por um caminho encontra um termo; o andar fora do caminho não conhece acabamento.”

A frugalidade não é mais que uma pobreza voluntária. Abandona semelhantes desculpas: <Ainda não tenho o suficiente; assim que alcançar tal soma me entregarei por inteiro à filosofia.>

Quebrar a tela do celular pode ser difícil justamente para aquele que o tenta com afinco…

À Gardene: “Preferirias, pois, à pobreza que sacia, a riqueza que nos faz famintos?”

Mas como sair desse ciclo vicioso? Por onde quiseres. Pensa em quantas temeridades incoerreste por amor ao dinheiro, quantos trabalhos suportaste por amor às honras! Bem podes tentar algo pelo ócio; por outro lado, em meio aos afãs do governo das províncias e das magistraturas, envelhecerás entre o tumulto e a agitação sempre renovados, que nenhuma temperança poderá evitar, nem suavidade alguma no viver. E que acontecerá se lhe permites a ela crescer ainda mais? Quanto mais se avizinha aos êxitos, tanto mais se avizinha aos temores.”

<A própria altura aturde os topos.> Se queres saber em que livro se o disse, te comunicarei que foi no que leva por título Prometeu. Com esta frase, quis significar que os saguões estão expostos às tempestades.” “Mecenas foi homem de gênio, que teria podido oferecer a Roma um grande modelo de eloqüência se não tivesse sido enervado pela felicidade, que pode-se dizer que o castrou.”

Primeiro, antes de considerar o quê comes e bebes, deves considerar com quem comos e bebes, pois comer e beber sem um amigo é viver como os leões e os lobos.”

Epicuro

O homem atarefado e agoniado por seus bens não achará mal pior do que crer seus amigos aqueles de quem de fato não é um amigo; do que crer que suas boas ações lhe servem para ganhar os corações, quando, na verdade, muitos o odeiam mais à medida que mais lhe devem. Uma dívida pequena faz um devedor; uma dívida importante faz um inimigo.”

a constante igualdade do homem consigo mesmo”

ninguém tem formado um propósito; e se o tem, nele não persevera, antes o renega, e não para mudar de meta, mas para voltar, depois à mesma de antes, à mesma que havia abandonado e espinafrado. (…) Os homens não sabem o que querem, só o momento em que querem.”

Oh, quando chegará o dia em que ninguém mentirá para lisonjeá-lo!”

Quem conheceria hoje a Idomeneu se Epicuro não houvesse tratado dele em suas cartas? O mais profundo esquecimento apagou o nome de todos aqueles magnatas e sátrapas, e ainda o do mesmo rei do qual Idomeneu recebera o poder.” “Profundamente nos cobrirá o alto-mar dos séculos, poucos gênios assomarão a cabeça por cima das águas” Para anotações pessoais consultar Os Segredos da Mosca em data próxima.

A diferença entre professores de educação básica de uma escolinha no cafundó e austeros analistas, assistentes, técnicos e auxiliares em C&T uma ilustre autarquia federal é que os primeiros sabem que “não fazem nada de importante, i.e., talvez algo de suma importância, que não passa, não obstante, de sua obrigação.”

Qual é a diferença entre alguém que ama um idioma e alguém que ama idiomas? Agora que estão na mesma sala aprendendo, nenhuma.

eu te prometo, Lucílio: eu gozarei do favor da posteridade, terei o privilégio de remover da deriva, junto com o meu nome, o de outros.”

deseos deoses

Eu creio que na filosofia tem-se que tentar aquilo que se fez no Senado: se alguém expõe um parecer que me agrada parcialmente, faço com que a proposição seja dividida em partes e sigo a que me parece mais aceitável.”

O ventre não escuta ordens: reclama, exige. Mas não é um credor molesto; com pouca coisa se o despacha enquanto se o dá o que é devido, não aquilo que poderias dar.”

tens de desatar, antes que romper, o nó que desgraçadamente enredaste, porém, se não houver maneira, rompa-o.”

Não existe ninguém tão covarde que não prefira cair de uma vez a estar sempre frustrado.”

Contenta-te com os negócios em que te embaraçaste. Não te enredes em outros novos.” Estou precisando muito seguir este aforismo.

amam os frutos das misérias enquanto que detestam as misérias.”

Todo mundo sai da vida como se acabasse de entrar nela.”

Epicuro

Que coisa pode existir de mais vergonhosa do que sentir-se inquieto no próprio umbral da maior segurança?”

As minas dos metais pobres são superficiais; as dos metais mais ricos são aquelas cujas veias se escondem no mais profundo, mas recompensam com mais generosidade aos que as escavam com constância.”

o prazer é um declive pelo qual deslizamos até a dor se não nos armamos de comedimento.”

É mister proceder como se sempre se tivesse vivido já bastante.”

náusea da náusea, náusea de não ter náusea

Sócrates dissertou no cárcere, e havendo-lhe alguém oferecido a fuga, não quis sair, preferiu permanecer ali para fazer os homens perderem o temor a 2 coisas gravíssimas: a morte e o cárcere.”

Repara na nossa época, de cuja moleza e languidez nos lamentamos.” Parece que não há limite para o nível de languidez de uma época.

Me atarão. E daí? É que porventura ando desatado? Eis que a Natureza nos ata à pesadez do corpo.”

Não sou tão torpe como para seguir agora a música de Epicuro, acrescentando que são vãos os temores do Inferno, que nem Íxion gira com sua roda, nem Sísifo empurra a pedra com seus ombros, nem é possível que umas entranhas renasçam continuamente para ser devoradas. Não há alguém tão menino que tema o Cérbero, as trevas e os fantasmas que só consistem de ossos descarnados.” Não se trata somente de aproveitar o dia, mas saber que o ajuste de contas inexiste.

É desonroso dizer uma coisa e sentir outra. E ainda mais escrever uma coisa e sentir outra!”

até quando crescemos, nossa vida decresce. Perdemos a infância, depois a mocidade, depois a juventude. Até o dia de ontem, todo o tempo passado está morto e mesmo o próprio dia de hoje nós repartimos com a morte.”

A morte não vem toda de uma vez: aquela que nos leva é a última morte.”

Lucílio

É tanta a imprudência e a loucura dos homens que alguns deles se vêem forçados a morrer por temor à morte.”

O homem sábio e forte não tem que fugir da vida, e sim saber sair dela.”

Alguns sentem o desânimo por terem de ver e fazer sempre as mesmas coisas; não é um ódio, antes um aborrecimento da vida, no qual caímos empurrados pela própria filosofia quando andamos dizendo: <Até quando as mesmas coisas? Despertar e dormir, ter apetite e saciar-se, ter frio, ter calor. Não há nada que acabe, antes pode-se dizer que todas as coisas da Natureza ficam enlaçadas, fogem, perseguem-se. A noite empurra o dia, o dia a noite, o verão termina no outono, o outono é espoliado pelo inverno, o qual é empurrado pela primavera (…) Nem faço nada novo nem vejo nada novo, isto também produz náuseas.> Existem homens que não encontram a vida amarga, mas supérflua.”

não somente os atos de amanhã nos podem causar dano, como também os de ontem.”

o [desmemoriado] rico Calvino Sabino (…) tramou este expeditivo¹ procedimento: empregou uma grande quantidade na compra de escravos, um que soubesse Homero de cabeça; outro, Hesíodo, e outros 9, um para cada poeta lírico.”

¹ Ora, nada há de eficaz nisso: será que na época o escravo era mais barato que a própria obra? De toda maneira, que adianta que um saiba Homero, se é ele que sabe e não quem quer saber, considerando o problema da perspectiva de quem quer saber?

Santílio Quadrato, um mordaz crítico de ricos néscios e, é escusado acrescentar, grande adulador deles, e, coisa que sói ir junta também, um belo companheiro para contar piadas, persuadiu este mesmo Calvino Sabino aprocurar gramáticas e dicionários. Sabino, havendo-o contestado que cada um de seus escravos lhe custava 100 mil sestércios, aquele respondeu: <Por menos, teria comprado eu outros tantos manuscritos.>”¹

¹ Eis a resposta à dúvida acima: mesmo que o valor do escravo fosse tão baixo, o dos textos não era tampouco nada alto!

O mesmo Santílio o aconselhou a se dedicar à luta, apesar de ser o rico um homem pálido, enfermiço e débil. Depois da resposta de Sabino: <E poderia eu fazê-lo, se mal me sustento de pé?>, disse-lhe: <Não o digas! Não vês quantos escravos robustíssimos possuis?> O bom senso não se compra nem se toma emprestado, e se se vendesse, creio que não acharia comprador. Em compensação, a insensatez encontra todo dia partidários.”

nunca se disse o bastante aquilo que nunca seria o bastante compreendido. A alguns basta mostrar-lhes remédios, a outros é mister impor-lhes à força.”

GLOSSÁRIO:

afrenta: afronta = AGRAVIO

desgana: tédio; inapetência; falta de aplicação.

pellejo: odre; casca; pele.

pendiente: rampa, declive; calha; brinco; que não foi resolvido.

poner hitos: demarcar; compactar.

postreto: último, final

rastrojo: palha

SEGUNDO ALCIBÍADES OU DA ORAÇÃO

Tradução de “PLATÓN. Obras Completas (trad. espanhola do grego de Patricio de Azcárate, 1875), Ed. Epicureum (digital)”.

SÓCRATES. — Pois bem, não te parece que a oração exige muita prudência, porque, sem sabê-lo, podem pedir-se aos deuses grandes males, crendo pedir-se-lhes bens, e os deuses não se encontrar em disposição de conceder o que se lhes pede? Por exemplo, Édipo pediu-lhes num arrebato de cólera que seus filhos decidissem com a espada seus direitos hereditários e, quando devia pedir aos deuses que o livrassem das desgraças de que era vítima, atraiu sobre si outras novas; porque foram escutados os seus rogos, e daí vieram essas enormes e terríveis calamidades, que não necessito te referir em pormenor.”

SÓCRATES. — Te pergunto se te parece imprescindível que todo homem seja sensato ou insensato. Ou se há um terceiro estágio intermediário, no qual não se é sensato nem insensato.”

todos são artesãos mas nem todos são arquitetos, sapateiros ou estatuários, por mais que em conjunto sejam todos artesãos. (…) Da mesma forma, os homens dividiram a loucura. Ao ponto mais alto da loucura denominamos delírio, e em um grau menor, estupidez ou imbecilidade. Mas aqueles que querem empregar palavras decorosas chamam os homens que deliram de exaltados, e os imbecis ou estúpidos de simplórios; para outros, são gente sem malícia, sem experiência, crianças.”

Arquelau, rei da Macedônia, tinha um favorito que amava com paixão; este favorito, mais apaixonado pelo trono do que estava Arquelau por ele, matou-o para reinar em seu lugar,(*) lisonjeando-se de que desde aquele momento seria um homem feliz; mas desfrutou sua tirania apenas 3 ou 4 dias, quando sucumbiu vítima das tramóias que consolidaram contra ele outros ambiciosos.

(*) Platão incorre aqui em um anacronismo; [voluntário] Sócrates, tendo morrido antes de Arquelau, não podia ter descrito o fim deste rei.”

E o que eu digo das honras digo igualmente dos filhos. Quantos não vimos que, depois de pedir com insistência aos deuses para ter uma sucessão, e tê-la obtido, com isso atraíram sobre si as desgraças e os tormentos mais cruéis! Uns, por terem tido filhos radicalmente viciosos, passaram o resto de suas vidas em dor; outros, que tiveram bons filhos, não foram por isso mais felizes, porque sua própria morte sobrevindo-lhes apenas após a morte de seus próprios descendentes, esses pais teriam preferido que seus filhos nunca tivessem nascido.”

<Poderoso Júpiter, dá-nos bens, peçamo-te-os ou não; e afasta de nós os males, ainda quando te os peçamos.> Esta oração me parece muito preciosa e segura.”

toda poesia é naturalmente enigmática, e não é fácil a um qualquer penetrar em seu sentido. E, além de sua natureza enigmática, se a poesia tem por órgão um poeta envaidecido com seu saber, e que em vez de revelar-no-lo procura ocultá-lo, então é quase impossível penetrar seu pensamento.”

Estando os atenienses em guerra com os espartanos, calhou de aqueles terem sido sempre vencidos em todos os combates realizados por mar e por terra, sem terem podido conseguir jamais a superioridade.”

gastamos no culto, nós sozinhos, mais que todos os outros gregos juntos. Os espartanos, pelo contrário, nunca desperdiçam assim seu dinheiro; são tão avaros para com seus deuses que lhes oferecem sempre vítimas mutiladas, e estão sempre gastando muito menos que os atenienses em termos de religião, por mais que sejam mais ricos. (…) Mas eis aqui o que Ámon(*) responde às objeções atenienses: <estimo mais as bênçãos dos espartanos do que todos os sacrifícios dos atenienses>. Então o profeta se calou.

(*) Sacerdote tebano do deus egípcio.”

<Enquanto construíam um forte, os troianos ofereciam aos imortais grandes hecatombes, e os ventos levavam da terra ao céu um odor agradável; e contudo os deuses se negaram a apreciá-lo, porque tinham aversão à cidade de Tróia, a Príamo e ao povo deste rei hábil no manejo da lança.>

Homero, Ilíada, 8:548”

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